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A beleza (da mulher?) salvará o mundo

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A beleza (da mulher?) salvará o mundo

Não se sabe se com uma pontinha de inveja ou de frustração, um homem gracejava com seus amigos, entre um copo e outro de cerveja: «Com um pouco de água e sabão, lá se vai a beleza da mulher!». O pior é que ele tinha razão se, por beleza, se entendem apenas os predicados físicos. Sendo passageiros, o próprio tempo se encarrega de obscurecê-los. Quando isso acontece, o que sobra é apenas a decepção e o vazio. Até o casamento ameaça desmoronar quando aparecem as “ruínas” causadas pela natureza…

Para o escritor russo Fiodor Dostojevski (1821/1881), porém, a beleza se identifica com a bondade e a verdade, e será ela que salvará o mundo. Por ser cristão, ele conhecia o pensamento de Deus, elucidado desde as primeiras páginas da Bíblia: «Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom» (Gn 1,31). No Evangelho, Jesus assevera que Deus vê seus filhos como a “obra-prima” da criação: «Olhem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. No entanto, nem o rei Salomão, em toda a sua pompa, jamais se vestiu como um deles! Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada, o que não fará por vocês?!» (Mt 6,28-30).

Na “Carta aos Artistas” que escreveu em 1999, o Papa João Paulo II apresenta a beleza como a força que move a humanidade: «A beleza que vocês transmitem às gerações futuras deve despertar nelas o encanto. Ante a sacralidade da vida e do ser humano, diante das maravilhas do universo, o encanto é a única atitude adequada. Deste encanto, brota o entusiasmo. Os homens de hoje e de amanhã precisam de entusiasmo para enfrentar e vencer os desafios cruciais que se descortinam no horizonte. Com ele, a humanidade poderá, depois de cada extravio, levantar-se novamente e retomar o caminho. Foi neste sentido que se disse, com profunda intuição, que “a beleza salvará o mundo”».

Sem dúvida, mais importante é a beleza espiritual e moral, fruto da harmonia entre os componentes e as dimensões que enriquecem o homem e a natureza. Ela é o amor que se transforma em respeito e ordem no cosmos, na sociedade e em cada pessoa. Nasce de um coração que consegue superar seus interesses mesquinhos e, a exemplo de São Francisco de Assis, ver em cada ser – animado ou inanimado – um “pedaço de si mesmo” para cuidar. É por isso que ela existe, primeiramente, no espírito que contempla, se extasia e cria. Se «tudo é puro para os puros» (Tt 1,15), “tudo é belo para os belos”, porque «a boca fala do que está cheio o coração» (Lc 6,45).
Falando das mulheres – estamos no mês dedicado a Nossa Senhora e às mães –sabemos que sua beleza vai muito além da que transparece no exterior. Ela é reflexo de sua grandeza, que nasce do serviço que prestam à vida. Vida que desabrocha no amor que, de acordo com as circunstâncias, se transforma em paciência e perdão, incentivo e esperança. Felizes os filhos – e os maridos – que têm seus lares enriquecidos por tão grande dom!

Contudo, não se deve esquecer que elas são seres humanos como quaisquer outros. Com virtudes e limitações, passam por alegrias e sofrimentos, vitórias e fracassos. Como seus maridos e seus filhos, precisam de carinho, compreensão e apoio. Pois elas também – como Jesus e todo cristão – podem ser «causa de perdição e de salvação» (Lc 2,34) para muita gente.
Foi o que aconteceu com Santo Agostinho. Depois de haver tentado saciar sua concupiscência com inúmeras amantes, quem levou a melhor foi sua mãe, Mônica, cuja beleza o fez descortinar a beleza de Deus: «Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Tu habitavas dentro de mim e eu te procurava fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem».

Não é por nada que os quatro Evangelistas concordam em referir que foi às mulheres que Jesus por primeiro se manifestou após a ressurreição, encarregando-as de levar a boa-notícia a todos. Foi o que lembrou o Papa Francisco em sua audiência do dia 3 de abril de 2013: «As mulheres são impulsionadas pelo amor e sabem acolher este anúncio com fé: acreditam e logo transmitem. Não guardam a mensagem para si. A missão das mulheres e das mães é dar testemunho a seus filhos e netos que Jesus ressuscitou e está vivo. Isto é maravilhoso!».

Dom Redovino Rizzardo,cs

Bispo de Dourados

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