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Aids: questão de saúde pública ou moral?

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Aids: questão de saúde pública ou moral?

No dia 19 de novembro de 2011, em Ouidah, no Benin, onde se encontrava, o Papa Bento XVI assinou a Exortação Apostólica que acabara de escrever sobre “A Missão da África: a serviço da reconciliação, da justiça e da paz”.

Entre os vários temas tratados por ele e pelos bispos africanos – já que a Exortação é fruto de uma assembleia do episcopado daquele continente, realizada em Roma, de 4 a 25 de outubro de 2009 – não podia faltar a aids, considerada um dos problemas candentes de todos os países da África.

De fato, a pobreza, a violência, a falta de informações e a cultura machista que imperam quase em toda a parte, fazem da África o paraíso das pandemias. Os estragos causados pela aids só podem ser comparados às grandes catástrofes que castigaram a Europa nos séculos passados, como a gripe espanhola, no início do século XX, e a peste negra, na Idade Média.
De cada três infectados pela aids existentes no mundo, dois vivem na África. Em alguns países do continente a contaminação chega a atingir 40% da população.

Na África do Sul, o país com o maior número de infectados em números absolutos – quase 6 milhões sobre uma população de 48 milhões de habitantes – os estupros (algumas estimativas falam de um milhão por ano) concorrem para fazer da aids uma epidemia.

Para enfrentar o problema, o meio mais fácil é recorrer à camisinha, uma campanha patrocinada por empresas multinacionais e acolhida pelo relativismo moral e pelo pluralismo cultural vigentes na sociedade. Em entrevista concedida ao escritor Peter Seewald, em 2010, o Papa Bento XVI foi taxativo e preciso a respeito: «Concentrar-se no preservativo equivale a banalizar a sexualidade, fazendo com que as pessoas olhem para ela não como uma expressão do amor, mas como uma espécie de droga que aplicam a si mesmas. Pode haver casos em que o preservativo se justifique, como, por exemplo, quando é usado por uma prostituta. Em todo o caso, deve ser sempre visto como o primeiro passo» de uma caminhada rumo ao amadurecimento humano e à perfeição no amor.

Em “A Missão da África”, Bento XVI insiste num pensamento que lhe é caro: a aids não é apenas uma questão de saúde pública, que se resolve com medidas sanitárias e profiláticas, mas exige, antes de tudo, uma mudança de comportamento e da própria visão de sexualidade: «Graves ameaças pesam sobre a vida humana na África. Aqui, como, aliás, em outros lugares, deve-se deplorar as devastações da droga e os abusos do álcool que destroem o potencial humano do continente, penalizando sobretudo os jovens. A malária, a tuberculose e a aids dizimam as populações africanas e comprometem gravemente a sua vida socioeconômica.

A aids exige, sem dúvida, uma resposta médica e farmacêutica; mas ela não é suficiente, porque o problema é mais profundo: é, sobretudo, ético.

A mudança de comportamento por ele exigida – nomeadamente a abstinência sexual, a rejeição da promiscuidade, a fidelidade conjugal –, em última análise, põe a questão do desenvolvimento integral, que requer uma abordagem e uma resposta global da Igreja. De fato, para ser eficaz, a prevenção da aids deve apoiar-se numa educação sexual que esteja, por sua vez, fundada numa antropologia ancorada no direito natural e iluminada pela Palavra de Deus e pelo ensinamento da Igreja.

Em nome da vida – que é dever da Igreja defender e proteger –, renovo o meu apoio e faço apelo a todas as instituições e a todos os movimentos da Igreja que atuam no campo da saúde, especialmente da aids. Vós realizais um trabalho maravilhoso e importante. Peço às agências internacionais que vos reconheçam e ajudem, no respeito da vossa especificidade e com espírito de colaboração.

Mais uma vez encorajo vivamente os institutos e os programas de pesquisa terapêutica e farmacêutica em curso para erradicar as pandemias. Por amor do dom precioso da vida, não vos poupeis a canseiras para se chegar o mais depressa possível a resultados concretos. Possais encontrar soluções e, tendo em conta as situações de precariedade, tornar os tratamentos e os medicamentos acessíveis a todos. Há muito tempo que a Igreja sustenta a causa de um tratamento médico de alta qualidade e ao menor custo para todas as pessoas atingidas».

Dom Redovino Rizzardo, cs

Em alguns países do continente a contaminação chega a atingir 40% da população.

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