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Apostolado da alegria

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Apostolado da alegria

Dentre as conferências pronunciadas por Frei Raniero Cantalamessa durante o advento de 2012 no Vaticano, na presença do Papa Bento XVI, uma abordou o tema: evangelizar pela alegria. Dada a sua atualidade – estamos em tempo de carnaval –, permito-me fazer uma síntese, trazendo alguns de seus tópicos mais elucidativos.

Nos evangelhos da infância, Lucas conseguiu não só apresentar fatos e personagens, mas também recriar a atmosfera e o clima desses eventos. Um dos mais evidentes elementos deste mundo espiritual é a alegria. A piedade cristã não se enganou quando deu à infância de Jesus o nome de “mistérios gozosos”, mistérios da alegria.

De onde nasce a alegria? Sua fonte é Deus. Nós, porém, estamos no tempo e Deus na eternidade: como é que a alegria pode passar entre planos tão distantes? Se interrogarmos a Bíblia, descobriremos que a fonte da alegria é a ação de Deus na história. No ponto em que “cai” uma ação divina, produz-se uma vibração, e uma onda de alegria se espalha pelas gerações.

Como pode esta alegria chegar até a Igreja de hoje e contagiá-la? Em certo sentido, nós temos mais razões para nos alegrar do que Zacarias, Simeão, os pastores e toda a Igreja primitiva. Pois constatamos que, também agora, Deus age na Igreja. Se a Igreja atual, por entre os problemas e as tribulações que a golpeiam, quer reencontrar o caminho da alegria, deve abrir os olhos para o que Deus está realizando nela. Deus continua escrevendo na Igreja e nas almas histórias maravilhosas de santidade que, um dia, quando desaparecer todo pecado, farão com que se olhe para o nosso tempo com uma santa inveja.

Ao fazer isso, cerramos, talvez, os olhos aos inúmeros males que afligem a Igreja? Não! Mas se o mundo e sua mídia não veem na Igreja nada mais do que o mal, levantemos o olhar e veremos também seu lado bom, a sua santidade!
Há alguns anos, uma campanha do ateísmo militante afixou no transporte público de Londres um slogan publicitário com esta mensagem: “Deus provavelmente não existe. Então pare de se atormentar e aproveite a vida!”. O mais insidioso desse slogan não é a premissa “Deus provavelmente não existe” (que precisa ser provada), mas a conclusão: “Aproveite a vida!”.

A mensagem subjacente é que a fé em Deus impede as pessoas de gozarem a vida, que a fé é inimiga da alegria. Sem ela, haveria mais felicidade no mundo! Precisamos dar uma resposta a essa insinuação, que mantém distantes da fé especialmente os jovens.

O mundo busca a alegria. “Só de escutar o seu nome – escreve Santo Agostinho – todos se levantam e olham para as tuas mãos, para ver se és capaz de saciar suas necessidades”. Todos querem ser felizes. É algo comum a bons e maus. Quem é bom, é bom porque é feliz; quem é mau, só é mau porque espera, com isso, ser feliz. Se amamos a alegria, é porque a conhecemos. Se não a conhecêssemos – se não tivéssemos sido feitos para ela –, não a amaríamos. Este desejo de alegria é a parte do coração humano naturalmente aberta para receber a boa nova do Evangelho.

Quando o mundo bate à porta da Igreja – mesmo quando o faz com violência e raiva – é porque busca a alegria. São sobretudo os jovens que a procuram. O mundo que os cerca é triste. A tristeza parece mais presente nas festas de final do ano – e no carnaval – do que no resto do ano. Não é uma tristeza que depende da falta de bens materiais: ela é mais visível entre os ricos do que nos pobres.

A alegria é o único sinal que até mesmo os incrédulos são capazes de receber e que pode colocá-los seriamente em crise – coisa que não conseguem os argumentos e as censuras. Os cristãos testemunham a alegria quando, evitando toda amargura e ressentimento no diálogo com o mundo e entre si, sabem irradiar confiança, imitando, desta maneira, a Deus, que faz chover sobre justos e injustos.

Quem é feliz não é amargo, não sente a necessidade de criticar tudo e todos; sabe relativizar as coisas, porque conhece o que é mais importante. Por entre as provas e calamidades que afligem a Igreja, os pastores devem repetir também hoje as palavras que Neemias, depois do exílio, dirigiu ao povo abatido e em lágrimas: «Não haja entre vós aflição ou lágrimas, porque a alegria do Senhor é a vossa força!» (Ne 8, 9-10).

Dom Redovino Rizzardo, cs

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