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Bispo fala da nova Diocese em Naviraí

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Bispo fala da nova Diocese em Naviraí

Do O Progresso

O bispo da Diocese de Dourados, Dom Redovino Rizzardo, é o entrevistado desta segunda-feira de O PROGRESSO. Ele fala, entre outros assuntos, sobre a vinda do padre Reginaldo Manzoti a Dourados, que entra para a história do município como o maior evento católico da cidade, ao reunir 35 mil fiéis, segundo cálculos da Polícia Militar. Dom Redovino também fala sobre a criação da Diocese de Naviraí, que será desmembrada da Diocese de Dourados no dia 31 de julho deste ano.

Como será a partir de agora com a criação da Diocese de Naviraí?

“Com crescimento do número de católicos no Mato Grosso do Sul, há cerca de seis ou sete anos, os bispos começa-ram a pensar em desmembrar a nossa Diocese [Dourados] porque ela é muito grande. O Mato Grosso do Sul tem seis dioceses da igreja católica até agora. A primeira é Corumbá. Até 1.957, Corumbá praticamente abrangia toda a região do Estado do Mato Grosso do Sul. Em seguida foram criadas as dioceses de Campo Grande, a nossa, em 1.957, em 1.978 em Coxim e em 1.981 em Três Lagoas. Então, neste ano de 2011 será criada a 7ª diocese, cuja sede será Naviraí.

Por que o Papa Bento XVI decidiu desmembrar a Diocese de Dourados?

“Porque a nossa Diocese tem 73.000 quilômetros quadrados, abrangendo praticamente todo o Cone-sul de Mato Grosso do Sul. São 36 municípios, 50 paróquias. Com esta divisão, com instalação prevista para o dia 31 de julho, às quatro horas da tarde em Naviraí, inclusive com um representante do Papa, Dourados vai ficar com 17 municípios e 31 paróquias e a diocese de Naviraí vai ficar com 19 municípios e 19 paróquias. Para nós, para o povo católico é um grande bem, porque assim os bispos, terão uma pastoral mais personalizada. Eu, por exemplo, tenho que visitar quase todos os sábados e domingos paróquias do interior, algumas ficam a 330 quilômetros, como Bataguassu. Por isso que todos os bispos de Mato Grosso do Sul acharam por bem e solicitaram ao Papa Bento XVI que dividisse a nossa diocese e assim vai nascer a de Naviraí”.

Com a divisão, a vida dos bispos será facilitada, como a do senhor, por exemplo?

“O Bispo poderá dedicar mais atenção e carinho para cada comunidade, para cada pessoa, aliás, o Papa também já nomeou o primeiro bispo de Naviraí que é um padre que será consagrado bispo dia 22 de julho próximo. Hoje, ele mora na Bahia em uma cidade chamada Serrinha, mas ele é nascido na Itália. Ele deve chegar aqui na véspera, lá pelo dia 29, 30 e dia 31, estamos também prevendo a presença do governador, prefeitos da futura diocese, enfim será uma festa muito bonita em Naviraí”.

O senhor esperava 35 mil pessoas na vinda do padre Reginaldo Manzoti a Dourados no início deste mês?

“Pela história da nossa diocese e pelo que eu tenho ouvido falar foi o maior evento desde que a diocese foi criada. Metade deste número nós tínhamos conseguido há uns quatro anos atrás quando celebramos o Jubileu de Ouro da dioce-se. Foi uma grande festa que fizemos no Douradão, mas ali eram umas quinze mil pessoas, ao passo que agora, pelos cálculos da Polícia Militar havia 35 mil pessoas, então, foi algo que superou todas as expectativas. Mas se o tempo tives-se colaborado a gente acredita que haveria 50 mil fiéis. O domingo dia 03 de julho, claro, não choveu, tinha chovido até sábado, a véspera, e isso levou muita gente a não ter condições de sair de casa.

A festa foi muito bonita porque a presen-ça do padre Reginaldo, foi a que atraiu milhares de pessoas já que ele é conhecido em todo o Brasil. São mais de 800 rádios em todo o Brasil que transmitem todos os dias o programa dele e o clima frio da natureza foi suplantado pelo clima bonito do calor humano, calor espiritual que reinava sobre todos os presentes. Foi muito bonita a celebração, muito intensa a participação do povo. A gente percebeu o quanto é bonito a nossa igreja quando as pessoas realmente vivem o mandamento de Jesus: amai-vos uns aos outros como eu vos amo. Foi uma demonstração que valeu a pena. A romaria era do coração de Jesus que é o padroeiro da nossa diocese. Mas foi uma romaria diferente, especial, digamos, pela presença do padre Reginaldo”.

A Igreja Católica passou por momentos de perdas de fiéis. Como está sendo esse resgate?

“Realmente a Igreja Católica de uns para cá, juntamente com outras igrejas tradicionais, a Metodista, Igreja Evangé-lica de confissão Luterana, Igreja Anglicana, estas igrejas mais antigas começaram a perder adeptos para outras igrejas novas, modernas, nascidas ultimamente, as chamadas igrejas pentecostais, onde oferecem ao povo, digamos graças, relacionadas ao dinheiro, a saúde, com o crescimento econômico, então muitas pessoas procuram algo que resolva proble-mas, problemas que cada um passa. Ao passo que a Igreja Católica procura mais criar dentro da pessoa, convicções que levam não apenas a resolver problemas afetivos ou de saúde, econômicos, mas sobretudo a serem pessoas interiormente adultas, livres, comprometidas com a sociedade, comprometidas com o bem comum. Então nessa linha eu posso dizer que muitos católicos que não tinham esta convicção, esta formação, não sentiam mais vontade de ficar dentro da igreja católica, ou talvez nem estavam, apenas eram batizados.

Por isso se sentiram mais acolhidos, se sentiram mais a vontade em igrejas novas, nascidas de uns trinta anos para cá e que mais que igrejas, parecem as vezes, empresas, que resolvem os problemas das pessoas, então misturam um pouco de religião com um pouco de psicologia e tudo aquilo de marketing para poder levar as pessoas a algo que não sei até que ponto se pode chamar Evangelho de Jesus, porque Jesus também fala no Evangelho, da cruz, do auto-domínio, fala que precisa lutar para mudar a realidade, não apenas para uma satisfa-ção interior. A Igreja Católica realmente, nestes últimos vinte, vinte e cinco anos, perdeu muitos elementos. Alguns pas-saram para outras igrejas e outras ficaram em uma linha de ateísmo ou materialismo, não vivendo aquela fé, que talvez sustentaria eles.

O que a igreja está fazendo para manter os fiéis?

“Cuidando mais de uma presença mais próxima, não apenas ficar esperando pelos fiéis nas igrejas, mas sim, estar presente. Vejamos Dourados, por exemplo: Uma cidade de quase duzentos mil habitantes, mas a igreja ou as igrejas na maioria das vezes não consegue atingir a grande maioria, não conseguimos. Ao falar em 35 mil pessoas na Vila São Pe-dro, mas havia muitas pessoas de outras cidades do Estado. Dourados que tem 200 mil habitantes supomos que 20 mil compareceram. A grande massa, da periferia, dos bairros, a igreja ainda não conseguiu atingir. Apesar disso eu tenho a impressão que em quantidade a igreja católica diminuiu, mas em qualidade está havendo um esforço muito grande. Por-que hoje para ser cristão exigem-se muito mais do que cem anos atrás. Antes, todo o ambiente favorecia. Hoje, pelo con-trário, os meios de comunicação, a sociedade, as escolas, tudo isso leva a pessoa a optar, fazer uma escolha e esta nem sempre é fácil fazer”.

Como ser contra o casamento entre homossexuais, cada vez mais difundido pela mídia?

“Nós crescemos na vida muito mais através das dificuldades, do que através das situações fáceis, e uma das dificul-dades que hoje a igreja enfrenta é esta, aliás, dificuldade a ser enfrentada mais no futuro do que atualmente. Para a igreja católica, para o cristão, para uma pessoa que estuda um pouco a constituição psicológica do homem, a constituição lógica da pessoa humana, para nós, católicos, cristãos, parece normal, que o casamento venha a ser heterossexual.

A própria constituição psicológica da mulher e do homem, leva a um complemento através da união, do casamento, que não é ape-nas uma união sexual,
conforme inclusive um dos ministros do Supremo Tribunal Federal, para nós, os cristãos, o casa-mento é muito mais que algo meramente genital. É algo que faz parte da constituição do homem e da mulher, que são diferentes. Os cristãos, fundamentados na mesma palavra de Deus consideram absolutamente normal simplesmente natu-ral o casamento que sempre foi na mente de Deus e foi aceito pela humanidade. Só que nós vivemos num mundo hoje muito pluralista.

Então num mundo pluralista como o atual cada um de nós prefere seguir as próprias convicções, as pró-prias idéias. Neste caso não importa a verdade objetiva, a verdade que está na bíblia. Cada um quer seguir a sua verdade. E a verdade minha não é a mesma verdade do outro. Nós que pensamos diferentes que não caiamos na homofobia, mas ao mesmo tempo gostaríamos que estas pessoas que pensam diferente respeitassem também a religião católica.

As drogas estão cada vez mais atormentando as famílias desestruturadas. Impedir este crescimento pode ser considerado um grande desafio?

“Grande, enorme, e nem sempre se tem todos os remédios, todas as forças, para fazer frente a esta dificuldade. Hu-mildemente agradecemos a Deus porque junto a Igreja Católica tem muitos organismos que trabalham para uma socieda-de mais adulta, mais sadia, com relação à família. Nós temos na Diocese pelo menos três ou quatro casas que cuidam de dependentes químicos. Mas aí já é uma consequência de uma família desestruturada. Poderíamos fazer bem mais se ti-véssemos pessoas competentes para este trabalho com as famílias. Atualmente nós temos na Igreja Católica as equipes de Nossa Senhora, a Renovação Carismática Católica, são movimentos que em 80% de suas atividades são dirigidas às fa-mílias. Mas, como eu dizia antes, são duzentos mil habitantes em Dourados. Quantas famílias nós atingimos? Será que chega a mil famílias? Talvez não. Então, toda a sociedade deveria unir as forças para ajudar às famílias.

Às vezes na pró-pria família, os próprios pais não conseguem muito em relação a educação dos filhos. Nós procuramos fazer um pouco. A preparação para o casamento, cursos de noivo, mantemos na Avenida Joaquim Teixeira Alves um Centro de Apoio a Família, onde todos os dias tem cinco ou seis psicólogos trabalhando gratuitamente para atender situações de sofrimento, desajustes, psicológicos, emocionais ou sociais. Muitos problemas familiares vem da situação social porque passam al-gumas famílias, mas também existem famílias muito ricas que teriam tudo para resolver seus problemas mas não conse-guem, a não ser os de ordem econômica. É muito através dos movimentos e daquilo que nós chamamos de pastorais sociais, porém deveremos fazer bem mais, sobretudo no campo da Juventude porque trabalhar com a juventude exige mais do que trabalhar com as famílias porque a juventude exige do padre, do agente, uma elasticidade, uma abertura, uma afini-dade, que nem todos sentem que tem”.

Bispo Dom Redovino Rizzardo é o entrevistado desta segunda-feiraFoto – Hedio Fazan

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