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Céu à vista!

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Céu à vista!

Ao participarem da missa nos domingos e festas de preceito, os católicos são convidados a professar a fé. Normalmente, o fazem recitando um dos dois “símbolos” (coletânea de verdades teológicas) propostos pela Igreja: o “apostólico” e o “niceno-constantinopolitano”. O primeiro (simples e breve) reflete o que os cristãos dos “tempos apostólicos” consideravam essencial em sua crença; o segundo (composto durante os Concílios de Niceia, em 325, e de Constantinopla, em 381) é fruto da reflexão teológica elaborada pela Igreja ante as heresias que nela se infiltraram após o Edito de Milão, em 313. Em ambos, o fiel católico declara que crê «na ressurreição dos mortos e na vida eterna».

Outro “símbolo” mais recente é o “Credo do Povo de Deus”, rezado pelo Papa Paulo VI a 30 de junho de 1968, no encerramento do “Ano da Fé”, instituído para celebrar o 19º centenário do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo. Sobre o destino que aguarda os que transformam a fé em vida, ele proclama: «Cremos que as almas de todos aqueles que morrem na graça de Cristo – quer as que se devem ainda purificar no fogo do Purgatório, quer as que são recebidas por Jesus no Paraíso, logo que se separam do corpo, como sucedeu com o Bom Ladrão –, formam o Povo de Deus para além da morte, a qual será definitivamente vencida no dia da Ressurreição, em que estas almas se reunirão a seus corpos».

Acreditar na existência de um Criador, que deu o chute inicial através do big bang, mas se mantém alheio aos “tsunami” que devastam a natureza e a humanidade, pode até ser fácil. Acolher, porém, tudo o que os “símbolos da fé” propõem, somente o conseguem os cristãos em constante processo de conversão. Não é por nada que uma pesquisa efetuada entre os católicos norte-americanos constatou que 70% deles alimentam dúvidas sobre a vida eterna (e a presença de Jesus na Eucaristia).

Para a Bíblia, a fé na ressurreição dos mortos é um dado que aparece já no Primeiro Testamento. Trago apenas duas citações. A primeira é do Livro de Jó: «Sei que o meu Redentor está vivo e que, no fim, se levantará sobre o pó. E depois que tiverem arrancado esta minha pele, verei a Deus em minha própria carne. Eu mesmo o verei e meus olhos o contemplarão» (19, 25-27). A segunda é do Livro dos Macabeus: «Prefiro ser morto pelos homens a perder a esperança em Deus, o qual, um dia, me ressuscitará» (7,14).

Quanto ao Novo Testamento, a vida eterna ocupa grande parte da pregação de Jesus. Também desta vez, cito somente dois textos. Aos discípulos que se entristecem ante a sua partida iminente, ele promete: «Há muitas moradas na casa do meu Pai. Vou preparar um lugar para vocês. Em seguida, voltarei e os levarei comigo, para que, onde eu estiver, estejam também vocês» (Jo 14, 2-3). Numa discussão com os saduceus, que negavam a vida eterna e a ressurreição dos mortos, Jesus afirma que Deus não se compraz em reinar num cemitério de cadáveres: «Que os mortos ressuscitam, até Moisés o indicou na passagem da sarça, quando chama o Senhor de “o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”. Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos» (Lc 20,38).

Sigmund Freud (1856/1939), o criador da psicanálise, escreveu pesaroso: «Seria realmente maravilhoso que Deus existisse, governasse o universo como providência benigna, garantisse a ordem moral universal e, no final, nos brindasse com uma vida ultraterrena. Mas tudo isso nada mais é do que a projeção dos desejos e das frustrações do coração humano!».

Graças a Deus, a verdade é diferente. No dia 12 de outubro de 1492, os tripulantes que viajavam com Cristóvão Colombo, cansados e desanimados, ouviram o vigia Rodrigo bradar a plenos pulmões: «Terra à vista!» – grito que mudou não apenas o seu humor, mas a própria história da humanidade. Da mesma forma, a certeza do «Céu à vista!» faz de cada cristão um protagonista dos «novos céus e da nova terra, onde habitará a justiça» (2Pd 3,13). Olhando para o céu, ele aprende a construir a história humana!

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados

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