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Deus ouve nossas preces?

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Deus ouve nossas preces?

Nos últimos artigos, recorremos aos escritos do Pe. Andrés Queiruga para tentar apresentar a fé em Deus numa linguagem compreensível e atualizada.

Para ele, a sentença: «Dize-me como é teu Deus e dir-te-ei como é tua visão do mundo», deve ser aplicada também à oração: «Reconhecida unanimemente como manifestação essencial e alimento imprescindível da vida religiosa, a oração, sempre presente na história, reflete a imagem de Deus em cada época.

O modo como se interpreta a sua presença determina o modo da oração: ora-se conforme a visão de Deus segundo a qual se vive.

Por isso, o problema do mal, com o seu radical desafio, obriga a uma revisão radical, sobretudo num ponto decisivo: a oração de petição que, não por casualidade, é vista como a prova crucial da fé».

Como outros teólogos, Queiruga alimenta reservas sobre esse tipo de oração: «A oração de petição carece de sentido ante Deus tal como se nos revela em Jesus. Sublinho: não a oração sem mais, senão uma dimensão muito concreta da oração.

A um “deus” separado, que procede por intervenções pontuais, que concede graças ou favores a quem quer e quando quer, tem sentido tentar movê-lo à compaixão, tratar de convencê-lo ou de ganhar o seu favor.

A um Deus, porém, que é amor, que não tem outro interesse a não ser a nossa realização, que, sendo pura e absoluta iniciativa, trabalha sempre por nós, mais interessado que nós mesmos em nossa própria salvação, o que nos cabe é acolhê-lo, colaborar com a sua graça e providência amorosa, deixar-se convencer pelo seu amor, cultivar o agradecimento e a confiança em sua ajuda e em sua presença, sabendo que está sempre ao nosso lado na luta contra os males inevitáveis que se opõem identicamente à nossa realização e à sua ação salvadora».

Em apoio à sua posição, ele traz uma reflexão de Louis Évely: «O objetivo do homem piedoso consiste em fazer com que Deus se ponha em ação o mais frequentemente possível. Por isso, emprega a oração, com a qual interpela a Deus e suscita a sua atividade: “tende piedade”, “não abandoneis o vosso povo”, etc.

Desgraçadamente, ele não se dá conta de que, se Deus pudesse intervir assim, isso mesmo o converteria em responsável de tudo quanto acontece de errado, e seria perpetuamente culpável de “não assistir pessoas em perigo”. Tal Deus não faz senão produzir ateus, porque o próprio homem seria melhor que ele e porque seria insuportável que alguém pudesse dispor de nós com tanta arbitrariedade».

Prevendo as objeções que se levantariam contra sua maneira de interpretar a oração, o Pe. Andrés acrescenta: «Lucas, na aplicação da parábola do amigo importuno (Lc 11,5-13), precisamente onde aparecem as palavras mais citadas como convite a pedir – “pedi e recebereis, buscai e encontrareis, batei e vos será aberto” –, o que expressa não é a insistência, que desviaria do cerne da parábola, equiparando Deus ao amigo miserável.

O que expressa é a confiança sem reservas de sermos já e sempre ouvidos: “Se vós, mesmo sendo maus, ouvis os filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará o Espírito Santo!”». E confirma suas palavras com outra sentença de Jesus: «Quando rezardes, não sejais repetitivos como os pagãos. Acham que serão ouvidos pelo muito falar. Não sejais como eles, porque vosso Pai sabe do que precisais antes que lho peçais» (Mt 6,7-8).

Por entre os sofrimentos suscitados pela fraqueza e pela liberdade humana, Deus sempre ouve nossas orações. Quando não o faz do jeito que pretendemos, é porque nos ama e nos quer dar algo melhor: o seu Espírito, para preencher a vida das luzes e forças que lhe dão sentido e sabor. Foi a experiência feita pelo próprio Jesus.

A Carta aos Hebreus garante que seu pedido no Horto das Oliveiras – «Meu Pai, tudo é possível para ti! Afasta de mim este cálice!» (Mc 14, 36) – foi atendido acima de qualquer perspectiva: «Durante a sua vida terrena, Cristo fez orações e súplicas ao Deus que o podia salvar da morte. E Deus o escutou, tornando-o fonte de salvação eterna para todos os que o seguem» (Hb 5,7.9).

A única decisão acertada, portanto, é a confiança ilimitada em Alguém que jamais poderá abandonar a obra de suas mãos: «Lançai em Deus as vossas preocupações, pois ele cuida de vós» (1Pd 5,7), até mesmo com milagres e prodígios.

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados

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