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Drogas, mulheres e crianças…

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Drogas, mulheres e crianças…

Do Portal Diocese de Dourados

Infelizmente, não são poucas as pessoas que, no Brasil, ao ouvirem pronunciar o nome do Mato Grosso do Sul, ao invés da beleza do seu Pantanal e de seu expressivo crescimento cultural, social e econômico, do que lembram é da violência gerada pelo contrabando de cigarros, pelo roubo de carros e pelo tráfico de drogas.

Para piorar a situação, de uns anos para cá, também as mulheres, as crianças e o trabalho escravo passaram a engrossar a lista de um comércio que envergonha a quem teima em acreditar na dignidade da pessoa humana.

Cresce o número de mulheres, muitas delas ainda adolescentes, que entram no mundo da prostituição, num vaivém incessante entre o Brasil e os países vizinhos, ou levadas para destinos europeus e norte-americanos. Em praticamente todas as cidades do Estado há adolescentes e crianças que “somem” misteriosamente e, quando “despertam”, o caminho é sem retorno…

Em se falando de lucros, o comércio de mulheres e de crianças só perde para o tráfico de armas e de drogas. Os casos mais comuns estão ligados à exploração sexual, aos casamentos servis, ao trabalho escravo, à mendicância forçada e à remoção e venda de órgãos. No Brasil, a maioria das vítimas são afro-descendentes, entre 10 e 25 anos, muitas delas em situação de extrema pobreza ou submetidas à violência sexual em suas próprias famílias. No mundo, o tráfico de pessoas movimenta aproximadamente 32 milhões de dólares por ano. Oitenta e cinco por cento desse dinheiro provém da exploração sexual. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, em 2006 a América Latina e o Caribe registraram 100.000 vítimas.

Normalmente, é a busca do sucesso financeiro que leva as vítimas do tráfico a se deixarem enganar pelas falsas promessas dos aliciadores. Para tanto, contribui também a mídia, ao criar a ilusão de que, na sociedade atual, o que vale é o dinheiro e o sucesso, e todos têm direito e condições de buscar e fazer tudo que quiserem.

No Mato Grosso do Sul, a exploração sexual de crianças e adolescentes está presente em toda a parte, até mesmo em ambientes ligados ao turismo ecológico e náutico do Pantanal. De acordo com dados difundidos pela Comissão Pastoral da Terra no final de 2011, além de no tráfico de mulheres e crianças, o Estado mantém também a liderança no ranking do trabalho escravo no Brasil, sendo responsável por 34% dos casos localizados de janeiro a setembro de 2011. Nesse período, em todo o país, foram “libertadas” 3.883 pessoas, 1.322 das quais no Mato Grosso do Sul.

Os dados indicam um aumento expressivo de trabalhadores submetidos a condições desumanas de vida no Estado. Em 2010, haviam sido resgatadas “apenas” 22 pessoas. Em 2011, seu número cresceu 60 vezes. Essa alta se explica, em parte, pela descoberta, no mês de agosto, de 829 funcionários – 542 nordestinos e 287 indígenas sul-mato-grossenses – numa usina de Naviraí, flagrados em situações degradantes. A maior parte deles rescindiu o contrato e voltou para suas localidades de origem.

O dia 23 de setembro é a data escolhida pela ONU, em 1999, para incentivar a luta contra a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças. E o dia 28 de janeiro, marcado pelo assassinato de quatro funcionários do Ministério do Trabalho, em 2004, quando apuravam denúncias de trabalho escrevo na zona rural de Unaí (MG), é dedicado ao combate ao trabalho escravo no Brasil. «Se é difícil combater o trabalho escravo pelos interesses que estão em jogo e pelo status das pessoas que dele se beneficiam, mais difícil é derrotar a cultura do ter, que impulsiona muitas pessoas a serem escravas do trabalho só para acumular», esclarece o bispo da diocese de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ), Dom Francisco Biasin.

Em maio de 2007, reunidos em Aparecida, os bispos da América Latina manifestaram a sua preocupação com a situação: «Um dos fenômenos mais importantes em nossos países é o processo de mobilidade humana, em que milhões de pessoas se vêem forçadas a migrar dentro e fora de seus respectivos paí¬ses. Em muitos casos, as consequências são de enorme gravidade em nível pessoal, familiar e cultural. A exploração do trabalho chega, em alguns casos, a gerar condições de verdadeira escravidão e de um vergonhoso tráfico de pessoas».

Dom Redovino Rizzardo
Bispo da Diocese de Dourados

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