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Impressões de uma viagem

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Impressões de uma viagem

Por Dom Redovino Rizzardo

No dia 29 de junho, Dom Alberto Först festejou o 60º aniversário de sua ordenação presbiteral. Dos 86 anos de vida que completará no dia 26 de novembro, 55 foram dedicados ao Brasil, 25 deles na Diocese de Dourados. Nascido em 1926, em Gunzemdorf, na Alemanha, em 1939 ingressou na Ordem dos Carmelitas. Ao completar 18 anos, em 1944, quase no final da 2ª Guerra Mundial, juntamente com centenas de outros seminaristas, entre os quais o próprio Joseph Ratzinger – o futuro Papa Bento XVI –, foi obrigado a interromper os estudos e integrar as tropas alemãs. Enviado para a França, acabou preso pelos americanos. Com a vitória das forças aliadas no dia 7 de maio de 1945, o jovem soldado foi libertado e pôde reiniciar a caminhada vocacional.
Ordenou-se sacerdote aos 25 anos, no dia 29 de junho de 1952. Dois anos após, no dia 19 de março de 1954, optou pela vida missionária e partiu para o Brasil. A 7 de abril, chegou a Paranavaí, onde permaneceu por 30 anos, dedicando-se com zelo e resultados satisfatórios a inúmeras atividades pastorais, formativas e sociais.

Em 1984, foi enviado para Dourados, a fim de preparar a criação da Paróquia Bom Jesus, assumida pela Ordem Carmelitana no ano seguinte. No dia 6 de julho de 1988, foi eleito bispo coadjutor de Dom Teodardo Leitz. Sua sagração episcopal – a única até hoje ocorrida em Dourados – foi realizada na Escola Imaculada Conceição, no dia 7 de setembro do mesmo ano. No dia 12 de maio de 1990, ao completar 75 anos, Dom Teodardo confiou os destinos da Diocese a Dom Alberto, que a dirigiu por quase 12 anos, até o dia 5 de dezembro de 2001. Em fevereiro de 2009, por problemas de saúde, regressou definitivamente à Alemanha.
A celebração festiva do aniversário de sua ordenação sacerdotal ocorreu no domingo, dia 1º de julho, e contou com a presença de amigos, parentes, confrades e representantes da Diocese de Dourados – um grupo formado por oito padres, um diácono e o abaixo assinado.

O que me impressionou nesta rápida viagem à Europa, não foi apenas a emoção de Dom Alberto ante o carinho demonstrado por uma Diocese que jamais poderá esquecê-lo, mas, sobretudo, a situação social, econômica, cultural e religiosa da Alemanha, totalmente diferente da que ele deixou em 1954. Apesar de ter sido arrasada por duas guerras mundiais ao longo do século XX e da crise econômica que o século XXI reservou para a maior parte dos países europeus, ela goza de um desenvolvimento social e econômico invejável. Não por nada é meta de uma multidão de migrantes – inclusive do Brasil – que para lá se dirigem em busca de uma subsistência e de um conforto que não conseguem em suas pátrias.
Em certo sentido, a Alemanha parece possuir e oferecer tudo o que uma população pode desejar em matéria de emprego, moradia, escolas, hospitais, estradas, asilos, transportes, comunicações, lazer e até mesmo de meio-ambiente, como são os jardins, as praças e o reflorestamento. Nada parece faltar…

Assim seria se não acontecesse que, quanto mais se tem, mais aumentam as necessidades e maior é a carência que se sente. O simples acúmulo de bens – inclusive culturais – não satisfaz um coração feito para o infinito. Nesse sentido, talvez a Alemanha seja o exemplo do que sucede quando se tenta preencher a falta de Deus com a busca desenfreada de paliativos: igrejas convertidas em bares e restaurantes; mosteiros e conventos vazios; creches e escolas transformadas em asilos para idosos; desestruturação familiar; incremento do suicídio entre os jovens; diminuição do número de candidatos à vida eclesiástica; ressurgimento do movimento punk; fortalecimento do nazismo; redução da taxa de natalidade; presença cada vez maior de muçulmanos: eis algumas das preocupações do povo diante do futuro que se aproxima.

Para a primeira-ministra, Ângela Merkel, porém, «o que assusta não é o crescimento e a força dos muçulmanos, mas a diminuição e a inércia dos cristãos». Para outro alemão, o Papa Bento XVI, se bem conduzidas, as crises purificam as pessoas das escórias que lhes corrompem a identidade. Elas levam o homem ao seu DNA, que é ser imagem de Deus/Amor. Quanto mais seu amor for verdadeiro, maior será a sua identidade, mais completa a sua felicidade e mais eficaz a sua ação por um mundo melhor.

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo da Diocese de Dourados

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