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Dom Redovino fala aos agricultores católicos sobre conflitos fundiários

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Dom Redovino fala aos agricultores católicos sobre conflitos fundiários

Mensagem do bispo diocesano aos agricultores católicos da Diocese de Dourados sobre os conflitos de terra com seus irmãos índios

Dourados, 29 de agosto de 2015

Nos 17 municípios que formam a Diocese de Dourados vivem em torno de 70.000 produtores rurais. Pessoas habituadas a cultivar a terra, que aqui chegaram de vários Estados do Brasil a partir de 1950 e que adquiriram legalmente suas propriedades. E que delas precisam para sobreviver e para construir a riqueza do país. Muitos deles são sulistas e gaúchos, como eu.

Evidentemente, há outros fazendeiros – e filhos de fazendeiros – que vieram muito antes, de cuja legitimidade na posse ou ocupação da terra hoje reclamadas pelos indígenas nada posso dizer, porque desconheço a história, os fatos e a realidade.

Juntamente com os 70.000 produtores rurais, a Diocese de Dourados conta com a presença de aproximadamente 35.000 indígenas, ansiosos por recuperar algumas das terras que outrora lhes pertenceram e que, como os agricultores, delas precisam para sobreviver.

Índios e agricultores, justamente revoltados ante uma situação de conflito que se prolonga indefinidamente – pois as autoridades políticas e judiciárias não tomam providências – são levados a se colocar cada vez mais em margens opostas, envenenados pelo ódio que a luta de classes costuma suscitar.

Ao longo dos quinze anos em que tenho a alegria de residir no Mato Grosso do Sul, foram inúmeras as vezes em que os Bispos do Estado nos manifestamos a respeito dessa questão. Fizemos nossa uma proposta levantada por fazendeiros e indígenas, que nos parecia a única viável: a indenização justa das terras identificadas como indígenas pelo Governo Central, a fim de que também os índios – do jeito que seus costumes e sua cultura pedem – tirem seu sustento, assim como fazem os demais agricultores do Estado.

Diante de uma situação que mantém a população em constante sobressalto, o que peço aos agricultores católicos da Diocese de Dourados é que não se deixem contaminar pelas mentiras e pelo ódio de quem parece “sujar as águas para melhor pescar”. Sei que essas críticas se dirigem, em grande parte, contra o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), acusado de incentivar as ocupações. Pelo que o conheço, custa-me acreditar nessas informações. Mas, se alguém tiver provas concretas, pode procurar-me, que tentarei fazer tudo o que puder para esclarecer a situação.

Quanto aos meus irmãos indígenas – sei que não tenho autoridade para lhes falar e orientar, pois a maioria deles não participa de nossa Igreja –, eu me solidarizo com suas dores, seus problemas e sua exclusão, que os faz vítimas de humilhações e de preconceitos. Mas, já que a corda tende a rebentar sempre do lado mais fraco, pergunto se as “retomadas” não devam ser vistas como medidas extremas, depois de esgotados todos os demais recursos?!

Para terminar, agradeço aos produtores rurais católicos que, diante dos fatos dolorosos que nos entristecem quase diariamente, não ficam de braços cruzados, e recorrem aos meios legais para encontrar uma solução justa e pacífica para todos: para vocês e para seus irmãos, índios. Pois, se «a fé se manifesta e cresce através das obras» (Tg 2,17) e se, em nosso país, nada se consegue senão pela pressão, sejam vocês os primeiros a buscar a paz, o diálogo e a união de forças para reclamar, junto ao Governo Federal, a solução do conflito.

Por esse gesto de amor a Deus, à Igreja e à sociedade, aceitem o meu “muito obrigado!”.

Dom Redovino Rizzardo

Bispo da Diocese de Dourados

Dom Redovino Rizzardo

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