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‘O resto é ilusão!’

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Dom Redovino: ‘O resto é ilusão!’

Do diocesedourados.com

É interessante constatar que quanto de bonito ou menos bonito nos acontece, quanto de direito ou de torto sucede em nossa vida, tudo chega até nós com uma linguagem variada e diversificada, como ensinamento ou confirmação de quanto pensávamos ou temos ouvido dizer, ou podido ler e estudar nos livros. Em outras palavras, é o que a Bíblia ensina desde a mais remota antiguidade: «O olho não se farta de ver, nem o ouvido de ouvir. O que aconteceu, de novo acontecerá. O que se fez, de novo será feito; debaixo do sol, não há nenhuma novidade» (Ecl 1,8-9).

Lembrei-me destas palavras ao conferir a entrevista concedida por João Havelange a uma revista brasileira, no mês de julho. Aos 95 anos, depois de ter dedicado toda a sua existência ao esporte e de ter ocupado, por mais vezes, a presidência da Fifa, assim sintetizou sua experiência de vida: «Uma noite, quando eu já estava com 80 anos, comecei a pensar que era hora de parar. Muitas vezes não sentimos, mas a partir dos 80 anos, começamos a descer a escada da vida. Todo dia é um degrau para baixo. Apesar de ainda me sentir bem, fui para casa. Quando se descem os degraus ainda no poder, tudo o que se conquistou é esquecido. A única coisa que as pessoas dizem é “coitado, como ele está mal!”. Esse é o mal de muitos políticos no mundo: ninguém quer sair. Ficam por vaidade, por um poder que é uma ilusão».

Não é por nada que o livro do Eclesiastes, acima citado, começa com estas palavras: «Ilusão das ilusões, tudo é ilusão! Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? Geração vai, geração vem, e a terra permanece sempre a mesma!» (Ecl 1,2-4). Na verdade, são poucos os que olham para a experiência acumulada pela humanidade ao longo dos séculos como uma escola de vida. Cada um pretende construir o seu caminho, mesmo que o desfecho seja o já previsto por Havelange e pela Bíblia.

Para que não precisem se arrepender no fim da vida, quando o tempo se faz breve e o recomeçar fica difícil, Deus oferece a seus filhos um tesouro tão escolhido que, quando aceito, imprime um sentido novo à existência. Só que, para obtê-lo, é preciso “vender” tudo o que impede de adquiri-lo: «O reino dos céus é como um homem que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e a compra» (Mt 13,45-46).

Se, para os verdadeiros cristãos, esse tesouro é Deus, também o contrário é verdadeiro: nós é que somos o tesouro de Deus! Quando se faz essa descoberta, é uma vida nova que se descortina, onde o amor e a liberdade, a alegria e a paz, a coragem e a confiança deixam de ser palavras vazias.

Foi o aconteceu com Jerry Winkler, um holandês de 28 anos, que vivia nas ruas de Amsterdã quando descobriu que era filho único de um homem de negócios multimilionário, com quem sua mãe tivera uma aventura amorosa. «Foi um giro de 180 graus», explicou a um canal de televisão. «Eu vivia nas ruas e, poucos dias depois, dormia num apartamento, com muito dinheiro no banco… Voltei a viver».

A infância de Jerry fora traumática. Quando sua mãe adoeceu e morreu, foi acolhido por um homem, que ele acreditava ser seu pai. A relação com a nova família, porém, foi complicada, tanto que acabou internado num abrigo para menores.

Durante cinco anos, perambulou de casa em casa, até cair na delinquência e nas drogas. Após uma discussão familiar, veio a revelação que não esperava: «Tive uma briga; foi então que meu padrasto gritou que não era meu pai. Aí eu disse: agora entendo porque ele está sempre contra mim. Foi mais um duro golpe em minha vida: primeiro, morre minha mãe e, depois, meu pai diz que não é meu pai».

A partir de então, Jessy passou a procurar seu verdadeiro pai: «Todos queremos saber de onde viemos. Ainda que meu pai já estivesse morto, posso comparar a sua história com a minha e ver como somos parecidos».

Com o dinheiro recebido e inspirado em sua própria história, Jerry criou uma fundação «para jovens sem-teto que não têm meios para fazer algo de suas vidas», como ele mesmo explicou.

Na opinião de seus admiradores, foi essa decisão a verdadeira fortuna que enriqueceu a vida do ex-morador de rua de Amsterdã. O resto é ilusão. Palavra de João Havelange!

Dom Redovino Rizzardo
Bispo da Diocese de Dourados

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