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Prepare-se: você vai morrer de câncer!

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Prepare-se: você vai morrer de câncer!

Por Dom Redovino Rizzardo

Se alguém vê no título apenas uma brincadeira de mau gosto, talvez seja porque é uma das poucas pessoas que ainda não tiveram familiares contagiados pelo câncer. Ou porque não chegou ao seu conhecimento o estudo efetuado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, declarando que o número de casos de câncer crescerá em 75% até o ano de 2030. Se, em 2008, eles eram 12,7 milhões, em 2030 serão 22,2 milhões.

Mas, será necessário recorrer a um banco de dados para saber que a doença está em constante aumento em toda a parte? Não são cada vez mais numerosas as cidades atarefadas em construir o seu próprio hospital do câncer?
Se a voz do povo é a voz de Deus – como se dizia antigamente – não se podem desprezar as dezenas de comentários de leitores que se pronunciaram sobre a notícia, em diversos portais. Cito apenas três deles. O primeiro se refere aos produtos que nos chegam às mesas: «Isso me parece óbvio! A água que tomamos está cheia de remédios (envenenada); os legumes e frutas, encharcados de agrotóxicos e pesticidas; a comida, com corantes (alérgicos em sua maioria) e conservas… Tudo isso aliado ao sedentarismo, à obesidade e ao estresse».
O segundo questiona o agronegócio: «Claro! O Brasil é um dos países que mais utilizam agrotóxicos. A origem do câncer começa nas plantações, prossegue nos aditivos de produtos industrializados e, por fim, chega ao consumo humano. Tudo em nome do “progresso” e das grandes safras para a balança comercial de cereais».
O último a
taca o tabagismo: «Tratar doenças decorrentes do fumo custa R$ 21 bilhões anuais às redes de saúde pública e particular do país. Esse valor é cerca de cinco vezes o que o governo federal vai gastar, até 2014, no combate ao crack. Estima-se que, em 2008, 130.152 pessoas morreram das 15 principais doenças atribuídas ao fumo (de um total de 150 ligadas ao tabaco). A estimativa média é que o consumo do tabaco encurte em 4,5 anos a vida de uma mulher fumante e em cinco anos a vida de um homem».

O recrudescimento do câncer é fruto de um progresso cada vez mais dominado pelas leis do mercado. Tudo lhe deve estar subordinado: a ciência, a técnica, a liberdade e, se fosse possível, até mesmo a ética. Foi o que constatou o Papa Bento XVI na entrevista que concedeu ao jornalista Peter Seewald, em 2010: «No conceito de progresso, tal como é compreendido hoje – ou seja, como combinação de conhecimento e de poder – falta um terceiro ponto, que é essencial: o aspecto do bem. Trata-se somente de dispor de alguma coisa, ou é necessário também interrogar-se sobre os critérios de julgamento, sobre o que é bom para o homem e para o mundo? Acho que isso não aconteceu de maneira adequada. A meu ver, está faltando o aspecto ético, do qual faz parte a nossa responsabilidade diante do Criador. Se se promove somente o conhecimento, o progresso acaba sendo destrutivo».

Para o Papa, no verdadeiro progresso, a primazia pertence sempre ao homem: «Deveríamos fazer um sério exame de consciência. O que é o progresso? O poder de destruir? Ou ainda criar, selecionar e eliminar seres humanos? E o que fazer para que ele se coloque a serviço do homem e da ética?».
Por fim, Bento XVI aborda a relação entre liberdade e progresso: «Não são apenas os critérios do progresso que devem ser repensados, mas também outro conceito fundamental da modernidade: a liberdade, entendida como “fazer tudo o que se quer”. Ou seja: o que se tem condições de fazer, deve-se ter também a liberdade de realizar. Qualquer outra coisa seria contrária à liberdade. Mas, será assim mesmo? Creio que não! Constatamos que o poder do homem cresceu enormemente. O que não cresceu, porém, na mesma medida, foi seu potencial ético. Esta desproporção se reflete nos frutos de um progresso carente de fundamentos morais. Assim, a pergunta fundamental é esta: como é possível corrigir o conceito de progresso e a realidade gerada por ele e, sucessivamente, dominá-lo de maneira positiva a partir de dentro? Precisamos de uma ampla e profunda reflexão a esse respeito».

Uma coisa é certa: o progresso sem ética faz mais mal do que bem. Que o digam as vítimas do câncer e de uma sociedade que, pela inversão dos valores, anda a deriva, cavando a sua própria sepultura.

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo da Diocese de Dourados

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