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Quando não há lugar para Deus

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Quando não há lugar para Deus…por Dom Redovino Rizzardo

«Liberdade, liberdade: quantos crimes se cometem em teu nome!». Foi com estas palavras que Madame Roland (1754/1793), escritora e política francesa, se dirigiu a seus algozes antes de ser transformada numa dos milhares de vítimas de uma Revolução que se dizia deflagrada para acabar com os desmandos da monarquia, da burguesia e da Igreja e oferecer à sociedade nada mais nada menos do que as tão sonhadas liberdade, igualdade e fraternidade.

Nos séculos seguintes, foram inúmeras as filhas geradas por ela, muito semelhantes em seus objetivos e métodos. Um exemplo é a Guerra Civil Espanhola (1936/1939). De acordo com quem teima em construir a história a partir dos parâmetros com que foi conduzida a Revolução Francesa, ela foi «um golpe de estado de um setor conservador do exército contra o governo legal e democrático da “Segunda República Espanhola”. A guerra civil terminou com a vitória dos rebeldes e a instauração de um regime ditatorial, de caráter fascista, liderado pelo general Francisco Franco».

As mesmas fontes, porém, não lembram que a Segunda República Espanhola – como, aliás, a Primeira (1873/1874) – se caracterizou por uma matança generalizada de cristãos, vistos como inimigos e identificados com as forças conservadoras. Foram milhares os que deram a vida para defender a sua adesão a Cristo.

Centenas deles estão sendo reconhecidos pela Igreja como “bem-aventurados” e “santos”. Foi o que aconteceu também no dia 18 de dezembro de 2011, numa celebração religiosa realizada em Madri, ocasião em que um grupo de 23 vítimas do ódio alimentado pelas milícias populares foram declaradas “mártires da fé”. A missa foi presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que representou o Papa Bento XVI.

Após a queda da monarquia espanhola, em 1931, e da vitória da Frente Popular nas eleições de 1936, o anticlericalismo moveu uma violenta perseguição contra os membros da Igreja, com prisões e execuções sumárias de padres, religiosos e leigos. As atrocidades foram aberrantes, demonstrando que, em matéria de atrocidades, ninguém supera o ser humano. Infelizmente, é o que parece confirmado pela maior parte das revoluções. Seus líderes declaram que assumem o poder para defender a democracia e o bem-estar social dos cidadãos, mas, não poucas vezes, instauram uma ditadura mais sangrenta do que a que diziam combater. Suas primeiras vítimas são quase sempre os cristãos – talvez porque é no Evangelho que eles aprendem a passar da teoria à prática seu compromisso com a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Em sua homilia, o Cardeal Amato referiu-se aos novos bem-aventurados: «Eles nada haviam feito de errado. Seu único desejo era fazer o bem a todos e anunciar o Evangelho de Jesus, que é sempre “boa notícia” de paz, alegria e fraternidade. Os mártires de todos os tempos são testemunhas preciosas de uma sadia existência humana, que responde à brutalidade dos perseguidores e dos carrascos com a delicadeza e a coragem dos homens fortes. Sem armas e com o poder irresistível da fé em Deus, eles vencem o mal, deixando para todos uma herança valiosa de bem. Os carrascos são esquecidos, mas suas vítimas são lembradas e celebradas».

Significativa foi a conclusão a que chegou o prelado: «A história demonstra que, quando o homem arranca Deus de sua consciência, também arranca do coração as fibras do bem, que o ajudam a não cometer monstruosidades.
Perdendo Deus, o homem perde também a humanidade».

Era a mesma convicção que o Papa Bento XVI expressara na quinta-feira anterior, num encontro de oração com universitários romanos: «Quando os homens tentam construir o mundo sem ou contra Deus, o resultado é marcado pela tragédia das ideologias, que acabam se dirigindo contra o homem e a sua dignidade».
Pelo que parece, foi o que aconteceu na Espanha a partir de 2004, quando se instalou no país um governo ateu. Passando a combater todos os valores sustentados pela Igreja, em sete anos conseguiu não apenas minar a família, a educação e a cultura, mas até mesmo a economia e as finanças.

Quando entendida e assumida corretamente, a fé desabrocha sempre na promoção integral da pessoa humana, onde espírito, alma e corpo se entrelaçam e auxiliam reciprocamente.

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo da Diocese de Dourados

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