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Resposta à Deputada Mara Caseiro

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Resposta à Deputada Mara Caseiro

Com amargura e decepção, tomei conhecimento de uma afirmação a meu respeito feita pela Deputada Mara Caseiro, afirmação que, por ser falsa e caluniosa, deixa numa situação desconfortável a multidão de agricultores católicos da Diocese de Dourados, pois, se fosse verdadeira, se sentiriam abandonados e traídos pelo próprio bispo diocesano.

De acordo com a Deputada – cito textualmente o texto, tal como aparece em seu facebook – «graves teriam sido as declarações feitas por Dom Redovino Rizzardo, bispo de Dourados, na cidade de Dourados no encontro do dia 8 de outubro. O bispo teria afirmado que “A Europa vai parar de comprar a carne do Mato Grosso do Sul, porque a carne daqui tem sangue de criança indígena. A Europa vai parar de comprar a soja do Mato Grosso do Sul, porque a soja daqui tem sangue de criança indígena”».

Quero esclarecer à Deputada – e à multidão de pessoas que, deixando-se levar por suas palavras, me criticaram e ofenderam nos comentários que fizeram em seguida – que jamais pronunciei tais palavras, inclusive porque não estava presente na reunião que esse grupo de pessoas, vindas de vários Estados do Brasil e do exterior para conferir a situação real em que se encontram os indígenas, realizou na manhã do dia 8 de outubro.
Por ter recém saído de uma quimioterapia e por estar afônico, tive apenas condições de saudá-las e pedir-lhes que atuassem pela pacificação dos ânimos, lembrando que a população diocesana é composta não apenas de indígenas, mas também (e sobretudo) de agricultores.
A partir de sua afirmação falsa, a Deputada Mara Caseiro parte para conclusões que, por ser eu gaúcho, habituado desde pequeno às lidas do campo, jamais poderei aceitar: «Lamentável que a minha igreja não tenha a responsabilidade ao fazer esse tipo de declaração mentirosa, ao invés de proteger nossas riquezas e nossa independência. Nossa soja e nossa carne possuem o suor de trabalhadores do campo. Produtores rurais de pequeno, médio e de grande porte que trabalham diariamente para levar o alimento para a mesa dos brasileiros e do mundo».

Meu pensamento a respeito desta dolorosa situação que, há anos, sofremos no Estado foi expresso dezenas de vezes em encontros com produtores rurais e em artigos que escrevi em diversos jornais. Cito apenas o último deles, que enviei aos agricultores católicos da Diocese, no dia 28 de setembro: «Ao longo dos quinze anos em que tenho a alegria de residir no Mato Grosso do Sul, foram inúmeras as vezes em que os Bispos do Estado nos manifestamos a respeito dessa questão. Fizemos nossa uma proposta levantada por agricultores e indígenas, que nos parecia a única viável: a indenização justa das terras identificadas como indígenas pelo Governo Central, a fim de que também os índios – do jeito que seus costumes e sua cultura pedem – tirem seu sustento, assim como fazem os demais agricultores do Estado.

Diante de uma situação que mantém a população em constante sobressalto, o que peço aos agricultores católicos da Diocese de Dourados é que não se deixem contaminar pelas mentiras e pelo ódio de quem parece nada buscar senão “sujar as águas para melhor pescar”, recrudescendo a tensão. Pelo contrário, já que a fé se manifesta e cresce através das obras, sejam vocês os primeiros a buscar a paz, o diálogo e a união de forças para reclamar, junto ao Governo Federal, a solução do conflito. Por ser brasileiro, sei que, em nosso país, nada se consegue senão pela pressão.

Se eu pudesse me dirigir aos irmãos indígenas – mas não tenho autoridade para tanto, pois sei que a maioria deles não participa de nossa Igreja – eu lhes lembraria que a cada ação corresponde uma reação, e que a corda tende a rebentar sempre do lado mais fraco… Por isso, a meu ver, as “retomadas” devem ser medidas excepcionais, depois de esgotados todos os demais recursos».

Quero confiar que a Deputada Mara Caseiro saberá tomar as providências que lhe cabem para reparar o dano causado, pois, dizendo-se católica, com suas palavras levou uma multidão de fiéis a se afastarem mais ainda de uma Igreja que os considera filhos amados – tais como os indígenas – pois, assim como Deus, ela também procura não fazer acepção de pessoas.

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo diocesano de Dourados

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