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Sanguessugas da humanidade

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Sanguessugas da humanidade

Por Dom Redovino Rizzardo

No dia 12 de maio de 2007, em Guaratinguetá, Bento XVI visitou a Fazenda da Esperança, uma vasta e benemérita organização que, no mundo inteiro, atua na recuperação de dependentes químicos. Aos traficantes, o Papa lembrou as palavras tristes e fortes de Jesus: «O Brasil possui uma estatística das mais relevantes no que diz respeito à dependência química de drogas e entorpecentes. E a América Latina não fica atrás. Por isso, me dirijo aos que comercializam a droga: pensem no mal que estão provocando a uma multidão de jovens e de adultos, de todos os segmentos da sociedade! Deus lhes pedirá contas! A dignidade humana não pode ser espezinhada desta maneira! O mal provocado recebe a mesma reprovação dada por Jesus aos que levavam ao mal os “pequeninos”, os preferidos de Deus».

A reprovação dada por Jesus é… a pena de morte: «É inevitável que aconteçam os escândalos, mas ai daqueles que os produzem! Seria melhor para eles que lhes amarrassem uma pedra de moinho ao pescoço e os jogassem no mar, do que levar um desses pequeninos ao mal!» (Lc 17,1-2). Se, em Guaratinguetá, Bento XVI nada pôde fazer senão emprestar seu apoio às pessoas e instituições que se dedicam à recuperação das vítimas da droga, e às famílias que sofrem na carne as suas terríveis consequências, em contrapartida há governos que tomam ao pé da letra as palavras de Jesus e condenam os traficantes à pena capital.
Foi o que aconteceu no dia 22 de junho de 2012, quando o governo da Indonésia autorizou a execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira. Ele e o paranaense Rodrigo Goularte fazem parte do grupo de 25 estrangeiros confinados no corredor da morte daquele país, sentenciados por tráfico internacional de drogas.

As centenas de comentários de leitores aparecidos na imprensa, suscitados por essa notícia, podem ser resumidos no desabafo de um deles: «Justiça seja feita: é muito mais saudável um traficante a menos do que uma multidão de jovens perdidos nas drogas!».

É provável que nem todos pensem da mesma forma e julguem que a melhor solução, ainda que mais exigente e demorada, esteja na família, nas escolas e na religião. Graças a Deus, são numerosas as pessoas e instituições que optam por essa medida. Sabem que o coração humano foi feito para a felicidade, mas que nem sempre é fácil descobrir seu caminho. Confundindo alhos com bugalhos, muitos jovens a buscam onde não existe. No fundo, todo drogado tem fome e sede de felicidade, que não a encontra porque não aprendeu a amar. É o que constatava com amargura o profeta Jeremias: «Dois pecados cometeu o meu povo: abandonou a Deus, fonte de água viva, e cavou cisternas defeituosas, que não podem reter a água. Bebeu água envenenada porque pecou contra Deus» (2,13; 8,14).

Infelizmente, a opção feita por muitas lideranças culturais, políticas e econômicas para a humanidade é um caminho sem saída e sem volta. Em nome da liberdade de pensamento e da autonomia do Estado, elas promovem princípios e posições em aberto contraste com a identidade e a dignidade da pessoa, da família e da sociedade. Tudo passa a ser permitido e liberado: divórcio, aborto, pedofilia, uniões homossexuais, casamento a três e, ultimamente, até mesmo as drogas. O jeito, então, será reequipar a polícia, multiplicar os presídios, monitorar as residências e instituir a pena de morte – se é que tudo isso tem sentido, já que muitos criminosos mal chegam a ser presos e logo são soltos pela justiça!

Sei que o problema é complexo. Sei da dor por que passam as famílias atingidas pela dependência química. Sei do mal causado pelos traficantes, verdadeiros sanguessugas da humanidade. Mas sei também que a verdadeira solução foi dada por Jesus há dois mil anos: «Quem beber desta água (os prazeres e benesses que o mundo oferece) terá sede novamente. Mas quem beber da água que eu darei (o amor de Deus, vivido no dia-a-dia, a serviço de cada irmão), nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, se transformará nele numa fonte que jorra para a vida eterna» (Jo 4,13-14). É por isso que, ao lado dos traficantes e de outros inimigos da humanidade, há também uma multidão de pessoas que se transformam em fontes de alegria e de esperança para quantos têm a graça de encontrá-las e de conviver com elas.

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo da Diocese de Dourados

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