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A cultura do encontro e do diálogo

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03/08/2017 10h15

A cultura do encontro e do diálogo

Artigo : Pe. Crispim Guimarães

A eclesiologia do Papa Francisco tem chamado atenção do mundo, ora por aqueles que o apóiam e o fazem com consciência, e aqueles que se dizem apoiá-lo por ideologia, ora por aqueles que lhe fazem oposição, por ideologia e/ou por fechamento teológico.

O bispo de Roma traz na sua dinâmica ministerial três características centrais, segundo o teólogo Piero Coda, uma “Igreja em saída”, “misericordiosa e pobre”, essa tem sua raiz num estilo característico: “a prática de uma cultura do encontro e do diálogo”. Mas Francisco não está sozinho na dinâmica da continuidade em mudança, este empenho pode ser visto já em João XXIII, quando no Concílio Vaticano II persistiu na atualização da Igreja, Paulo VI também insistiu para que a Igreja dialogasse com o mundo, especialmente por meio da Encíclica Ecclesiam Suam, João Paulo II incansavelmente trabalhou pela nova evangelização, nova no ardor, nos métodos e expressões, e Bento XVI logo no início de seu Pontificado, fala em limpar a Igreja de suas sujeiras, isto é, renová-la no Espírito.

O Papa Francisco continua no caminho dos papas anteriores, mas com seu modo peculiar, lembrando que a reforma tem como centro a consciência do Povo de Deus, fazendo com que a Igreja se mova pelo Espírito. Com o coração do Concílio e revigorando o papel de bispo de Roma, que é de ser ponto de unidade, o Papa interroga a instituição, como “renovar na continuidade?”, palavras proferidas por Bento XVI em 2005, para chamar a atenção da Igreja que é conduzida “no amor de Cristo nos impele” (cf. 2Cor 5, 14), e por isso, olha para a humanidade sofrida por suas inúmeras e profundas feridas.

O povo de Deus sempre esteve no “êxodo”, é neste ponto que Francisco encontra forças e motivações para romper os jugos e amarras que parecem atrofiar a Igreja, aliás, são percepções da Ecclesiam Suam, do Papa Paulo VI, e da “duc in altum” de João Paulo II. Portanto, a “reforma de Francisco”, já estava em curso antes mesmo dele ser pontífice, porque o Espírito Santo se antecipa. Na realidade, os papas citados estão seguindo e aplicando na prática o documento do Vaticano II, Lumen gentium que diz: “A Igreja é, em Cristo, como o sacramento, isto é o sinal e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”.

“A vocação para a renovação surge tanto do mistério íntimo da Igreja como a partir de sua realização na história e da atual mudança de época”, mesmo porque o Concílio não se esgotou, inspirado no Espírito, muitas coisas ainda serão reveladas. “Portanto, se é verdade – como reiterou Bento XVI – que aquela proposta do Vaticano II é uma ‘renovação na continuidade’, é verdadeiro que se trata, pela primeira vez na história da Igreja, de uma reforma que – sem nada esquecer ou perder daquilo que é essencial – objetivando concretizar na atualidade o coração pulsante do Evangelho de Jesus, sob o impulso da ação constantemente renovadora e atualizadora do Espírito Santo e do discernimento dos sinais dos tempos que hoje anunciam, como afirmou Papa Francisco: não vivemos uma época de mudanças, mas uma mudança de época”.

Retomando as características da renovação, três pontos se comunicam:- (1) Igreja se coloque em saída, (2) tendo como centralidade a misericórdia e o (3) protagonismo dos pobres, ou comungando e melhor explicando, existem três fórmulas: – (1) Sínodo é o nome da Igreja – (2) a verdade é expressa na caridade – (3) o diálogo é o caminho da evangelização. Nesta percepção existe uma pirâmide invertida, a cúpula encontra-se localizada abaixo da base”, porque a “única autoridade” é a de Jesus e é “autoridade de serviço”, uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, “escuta de Deus.

Não há, portanto, em curso, uma reforma que destrói a Tradição da Igreja, ao contrário, no espírito da continuidade, a preserva, porque a Igreja sempre se deixa reformar por Cristo

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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