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A escravidão moderna

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A escravidão moderna

O estudo da história traz julgamentos ferrenhos sobre um tempo sombrio da humanidade marcado pela escravidão. Não poderia haver conivência com a insensibilidade sobre aqueles seres humanos, os negros.

Já recitava o poeta baiano Castro Alves: “Lá na úmida senzala, sentado na estreita sala, junto ao braseiro, no chão, entoa o escravo o seu canto, e ao cantar correm-lhe em pranto
saudades do seu torrão…”. O poema revela o escravo que chora a saudade da sua liberdade, expressa na palavra “terra”.

Dados internacionais (ONG Walk Free) revelam que 30 milhões de pessoas são escravizados na pós-modernidade. Em quase todos os países se verifica a nefasta prática. Mas os últimos anos revelam que a escravidão africana continua e se apresenta de modo voraz. O mesmo poeta dos escravos em o “Navio Negreiro” denunciava as dores destes povos: “Presa nos elos de uma só cadeia, a multidão faminta cambaleia, e chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, outro, que martírios embrutece, cantando, geme e ri!”

Não relato aqui a escravidão e suas máscaras escondidas com rosto de trabalho, interessa-me neste momento aquela que faz fugir de suas terras aqueles que são forçados a baterem em saída. O número de refugiados passa de 50 milhões de pessoas que se submetem a verdadeiros navios negreiros, que as traficam numa travessia semelhante àquela da Idade Média, em direção a Europa, que na época as recebiam para vendê-las como mão de obra às novas colônias. Hoje, o tráfico humano impulsionado pela violência do Estado Islâmico e outros grupos terroristas e ditaduras, sobretudo os sírios, iraquianos, sudaneses, etc., torna-as presas fáceis de piratas da carne humana, que as deixa à deriva no mar, porque a Europa não as quer mais, não são mais lucrativas.

No itinerário, a maior parte é composta por cristãos que fogem da perseguição religiosa e se submetem a todo tipo de atrocidades para não perderam a vida diante da violência, principalmente muçulmana. Junto com eles outras pessoas de crenças diversas fogem, mas, o pior de tudo, é que os cristãos ainda são jogados ao mar por muçulmanos, que não contentes com o sofrimento que já viveram na terra de origem, não teriam o direito de se refugiar em outras pátrias. São considerados infiéis e por isso, devem morrer.
Comemoramos no Brasil, dia 13 de maio, o fim da escravidão tradicional. Conhecemos as sequelas deixadas por 300 anos de subjugação dos negros, que aos milhões foram arrancados de suas pátrias para servirem como animais nas terras colonizadas pela Europa.

O que escandaliza é que as críticas ao tempo da escravidão dos negros são bastante contundentes, mas não se expressa com a mesma coragem em relação à escravidão pós-moderna, que é tão atroz quanto à antiga. Neste momento os refugiados são expulsos e, em muitos países para onde migram, são submetidos às condições subumanas.

O que dirão os livros de histórias daqui a cem anos, quando olharem as atrocidades do mundo pós-moderno com os refugiados africanos? Eles não se limitam mais a fugirem para o “velho continente”, segundo a Cáritas, instituição da Igreja Católica, o Brasil já é um dos maiores destinos de africanos, o que se espera agora é que a acolhida desses seres humanos seja diferente, e que eles recebam tratamento como pessoas e não como animais.

O que é possível concluir é que a pós-modernidade tem pouca moral para cobrar do passado as desgraças da escravidão, pois no mundo da tecnologia, das ciências, dos direitos humanos, dos discursos humanitários, o que se vê é uma sociedade global egoísta, fechada e profundamente insensível às necessidades gritantes desses irmãos. Mas ainda é possível acordar!

Pe. Crispim GuimarãesPároco da Catedral de Dourados

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