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A espiritualidade e a saúde

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21/10/2016 10h03

A espiritualidade e a saúde

Por : Pe. Crispim Guimarães

Participando de uma mesa redonda na Universidade, um jovem estudante aproximou-se no momento das intervenções para fazer uma pergunta, com uma preliminar: “senhor padre, antes de lhe dirigir a pergunta, esclareço que não acredito em Deus”, o tom parecia me desafiar e/ou dizer que era contrário às minhas convicções. Minha resposta foi: “este é um problema, ou quem sabe, uma solução sua, não tem a ver comigo, a não ser que você queira compartilhar…”

Os filósofos da suspeita: Nietzsche, Marx e Freud, entre outros, tinham birra contra a religião, especialmente o cristianismo, mesmo porque viveram no Ocidente onde a religião cristã era e ainda é preponderante. O que eles perceberam na convivência com alguns cristãos não foi agradável, seja pela própria incompreensão dos mesmos sobre o que é renúncia, sacrifício, busca de sim mesmo, reino (de Deus), seja pela dicotomia entre fé e vida. Este jogo discursivo continua a influenciar as percepções ainda hoje.

A própria Organização Mundial da Saúde, OMS, vem aprofundando as investigações sobre a espiritualidade enquanto constituinte do conceito multidimensional de saúde, junto às dimensões corporais, psíquicas e sociais. A espiritualidade é uma das dimensões do ser humano que busca o transcendente.

Ela não é um sentimentalismo e nem mágica, a verdadeira espiritualidade é fruto de uma luta corajosa, forte, onde pode haver feridas e arranhões, mas que leva a compreender que a felicidade não é uma conquista a qualquer custo. Por isso, em consonância com os processos psicológicos, a espiritualidade tem etapas, que bem vividas produzem frutos. E numa linguagem “religiosa” quais são estes frutos do Espírito? Amor, alegria, paz, longanimidade, afabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, continência.

A verdadeira espiritualidade é um processo de libertação interior, então é necessário superar as ideologias mágicas que não realizam nada em nós. É possível saber se uma pessoa é espiritualizada? É razoável dizer que nela se percebe um “jeito de ser”, no tratar outras pessoas e o mundo que a cerca.

A espiritualidadeconfundida comreligiosidade, em algumas pessoas pode levar aos extremos, chegando até ao fanatismo, que provoca intransigências e intolerâncias para com aqueles que não professam a mesma religião ou têm a mesma fé. O Dalai Lama (monge tibetano budista), diz que espiritualidade é o modo”como” interpretamos as coisas, produzindo mudança interior.

No nosso mundo, barulhento, é cada vez mais difícil vivenciá-la. A chave da espiritualidade passa pelo silêncio, que traz paz e acolhimento, mas provoca igualmente medo e solidão,põe-nos sozinhos com nossos próprios pensamentos.Nossa tendência é abafar o silêncio. Em casa, deixamos a TV sempre ligada; qualquer pausa no serviço ou a espera numa fila é sempre preenchida com compulsivas olhadelas no celular.

Mas o que há de tão especial no silêncio? Ele é um método para vir a conhecer Jesus Cristo, aquele que nutre um jeito de ser de milhões de pessoas. Para silenciar, fuja de conversas frívolas (Pr 10, 19), as mídias sociais de modo particular encorajam o desperdício de palavras; freie a língua quando sentir vontade de reclamar, a reclamação é o oposto da gratidão;evite compartilhar opiniões sobre qualquer assunto, afinal não entendemos de tudo; resistaà compulsão de preencher todo momento vago que surge com algum barulho; finalmente, pode-semanter silêncio quando se deseja criticar os outros.

Eis um modo de construir uma boa espiritualidade e, consequentemente, de ter qualidade de vida.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

A espiritualidade e a saúde

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