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A missa…

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21/07/2017 07h23

A missa…

Artigo Pe. Crispim Guimarães

Visitando países onde a Igreja Ortodoxa é maioria, percebi uma diferença que há muito me angustia. Nesta tradição cristã, na maior parte situada territorialmente nas nações da África e antiga União Soviética, e dentro dela, especialmente a Rússia. No período comunista, de 1917 até a perestroika, a religião era veementemente rejeitada e perseguida, mas para surpresa de muitos, depois de décadas de doutrinação ateia, eis que os ortodoxos encontraram nos corações daquele povo ainda uma fé viva, por isso, a Igreja refloresce como em poucos lugares.

A liturgia Ortodoxa contempla, como a Católica Romana, os sete Sacramentos. Na Europa e também na América Latina, as Igrejas tornaram-se pontos turísticos, isto significa, lugar de fotografar, cada vez menos de rezar. Tal fato levou a uma banalização especialmente da missa. Parece-me que para muitos ir à missa é só um preceito social. Observo com preocupação que não poucos os fiéis que vão celebrar como se fosse a um lugar comum, e estando no ambiente celebrativo comportam-se como num restaurante ou lugar semelhante, guardadas as proporções.

A missa dura uma hora geralmente, mas mesmo em tão pouco tempo, não são poucas as vezes que as pessoas saem em busca de água, banheiros, quando não trazem água para dentro da celebração. É claro que a água, e locais de necessidades básicas existem nas igrejas, mas para necessidades urgentes, é preciso fazer um pouco de sacrifícios, não fazer do recinto um lugar de trânsito. Mais preocupante ainda é ver os pais oferecerem celulares para que seus filhos fiquem jogando, enquanto a missa acontece, pior ainda, muitas vezes percebo os adultos usando as redes sociais durante a Eucaristia, quando nem nos cinemas isto é permitido.

A missa é “lugar” de compenetração, silêncio, oração e escuta, a igreja não é um ambiente igual aos outros, não se pode fazer dela um bar, por exemplo. Muitos ainda chegam à missa 15 minutos, 20 minutos depois de seu início, e, para variar, saem antes do término. A missa tem início com a invocação da Santíssima Trindade (Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo) e termina com o mesmo sinal, e quando se faz a saudação “ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”. Quem chega na metade ou sai antes, sem motivos muito sérios, não entendeu até agora o sentido da celebração.
Volto à Rússia, impressionou-me o respeito durante a missa, seja no jeito de entrar no templo, na roupa que se veste: não se usam shorts, minissaias, roupas extravagantes. Para completar o sentido de sacrifício, as igrejas não têm bancos, a não ser para os doentes, durantes duas horas, o tempo da missa ortodoxa, todos ficam de pé, é impressionante!

Não vivemos na Rússia, ou em países de tradição ortodoxa, mas não podemos continuar a declinar certos valores, fazendo do ápice do catolicismo, a missa, uma ocasião qualquer.

Neste lugar de comunhão com Deus e com os irmãos precisamos de um mínimo de senso de “respeito”, para que ao sair não se tenha a sensação que saímos de um lugar banal, fazendo com que não se deseje voltar, porque se na igreja procedemos como no cinema, o templo não fará diferença de outros recintos frequentados na vida cotidiana, lugar assim se encontra em qualquer esquina. Os gestos distintos que se deve praticar nas celebrações são essenciais para que se queira voltar ao templo, porque num mundo em que tudo é banalizado, a “igreja” deve ser diferente.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

Foto : Arquivo pessoal / Facebook

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