Ouça a Rádio Coração Ao Vivo

A morte como solução

- Publicidade -

A morte como solução

Muito se fala sobre assassinatos, roubos, mas outra calamidade nos assombra, a crescente onda de suicídio. Pesquisas de organizações internacionais revelam que aproximadamente um milhão de pessoas tiram suas próprias vidas anualmente. O fato é alarmante. Calcula-se que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio.

É como se no Mato Grosso do Sul, quase a metade da sua população a cada ano se suicidasse. Este quadro também cresce no Brasil, na cidade de Dourados são surpreendentes os relatos, quase que corriqueiros, sobretudo entre os jovens. Para não dizer que o problema é próprio de países pobres, o Japão, Coreia do Sul e Finlândia e outras nações desenvolvidas estão entre as mais atingidas por essa calamidade.

Quem escuta um suicida antes da sua morte, ouve frequentemente que “a vida perdeu o sentido”. Victor Frank falou e estudou muito o fenômeno da falta de sentido. Evidentemente que diante de dores (físicas, emocionais e até espirituais), quem sabe eu e você já tenhamos pensado na morte como solução, mas o problema de fundo é mais abrangente e difícil de diagnosticar, porque é psicossocial, filosófico e religioso.
É um problema extremo, insuportável, profundo. Evidentemente que na história sempre existiu tais manifestações de desespero, Judas Escariotes quando traiu Jesus, não suportou o fardo e tirou a própria vida. Contudo, a situação cresce e interroga a existência humana, numa época onde a ciência, a tecnologia e as facilidades oportunizam ao homem uma vida mais “cômoda”. Será?

A Organização Mundial da Saúde, OMS, diz que o fator mais frequente que leva à morte é a depressão, depois vêm os vícios do álcool, drogas, esquizofrenia, etc. Porém, como a depressão e os vícios entram na vida das pessoas? Novamente a falta de sentido aparece como fator importante de análise.

A sociedade pós-moderna criou muitas facilidades, mas para tal rede funcionar também criou muitos embaraços, colocou a renúncia como fator pejorativo, o sofrimento foi excomungado e não se tratou de mostrar que também é causa de crescimento. Fez do sucesso à maneira dos ídolos quase uma regra de vida. Quem não tem ascensão econômica, acadêmica e midiática não passe de um produto descartável.
Ao mesmo tempo em que se pode locomover rapidamente de um lado do mundo ao outro, e, simultaneamente ver o que acontece no mundo todo, a capacidade de suportar as dificuldades existenciais ficam cada dia mais distante. Se é possível fazer do planeta uma aldeia global, exigindo que o ser humano esteja conectado a tudo, menos a si mesmo, não lhe é oportunizado tempo para meditar, rezar e pensar profundamente.

A OMS traz um dado interessante e que muitos cientistas começam a pesquisar, as taxas mais altas de suicídio vêm de países “ateus”, que compunham o antigo bloco comunista: Lituânia, Letônia, Estônia, Rússia, Cuba e China. A religião aparece como mecanismo de “proteção” social e por isso, contra o comportamento suicida. Claro que existem os suicidas fundamentalistas, que em nome da religião, carregando bombas presas ao corpo explodem a si mesmos.

Sem desejar rotular ninguém, é oportuno perguntar se o abandono dos valores autotranscendentes, aqueles valores religiosos: justiça, amor, serviço, etc., ou a adesão às religiões ou práticas religiosas onde se valoriza o exterior e o intimismo, não têm contribuído para o aumento ano a ano destes fatos? Não se nega aqui que pessoas religiosas também sofram de depressão e até se suicidam.
O sentido da vida tem raízes profundas, transformá-la numa obra do acaso, como faz o materialismo e o relativismo, é atirar no próprio pé. O homem tem sede de valores, mas quais valores são oferecidos pelas ideologias vigentes na pós-modernidade?

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

A morte como solução

Leia também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Fale com a Rádio Olá! Selecione um contato.