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A morte que gerou novo cenário

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A morte que gerou novo cenário

A vida é surpreendente, como diz São Paulo, “cuidado porque quem crê está firme, previna-se para não cair” (1Cor 10, 12). Não estou dizendo isso em relação a Eduardo Campos, mas em relação àqueles que não esperavam uma reviravolta na eleição presidencial deste ano.

Quando Marina Silva quis registrar seu partido, a REDE, já com 27% da preferência do eleitorado, gente poderosa se mobilizou para impedi-la, ela caiu no “colo” do político pernambucano, tornando-se sua vice. Embora não conseguisse transferir sua fatia do eleitorado para o mesmo, até se ouvia falar de discordância em alguns pontos do programa de governo, ele inquietou muitas pessoas.

A morte, no entanto, demonstrou que os planos humanos são perecíveis, neste caso, a eleição estava quase definida, com pouca probabilidade de segundo turno, e se tivesse seria Dilma e Aécio. Hoje, a maior possibilidade é segundo turno entre Dilma e Marina e com provável vitória de Marina Silva (diz a última pesquisa Datafolha), que entrou no jogo inesperadamente, fazendo com que os dois outros candidatos mais expressivos se mobilizem noutra esfera.

Há muitos meses que recebo e-mails de pessoas querendo saber quem a Igreja vai apoiar e quem repudiará, depois da morte de Campos muitos perguntam se Marina seria alguém indicada pela CNBB. A Igreja Católica nunca fechará com um candidato, mesmo porque não estamos falando de doutrina, é neste campo que ela legisla, mas a mesma orienta quais seriam os candidatos (presidente, governador, senadores, deputados) compatíveis com os valores evangélicos. Quem quiser saber quais são, basta recordar que um candidato ideal ou “menos ruim” é aquele que pretende governar para todos, olhando preferencialmente para os pobres, que tenha se colocado ao longo do exercício público contra a corrupção, com fatos e não com discursos, porque no discurso todos são honestos, que valorize a vida, inclusive opondo-se, verdadeiramente, ao aborto e eutanásia, que o programa de governo valorize a liberdade de expressão e liberdade religiosa, que prime pela educação e políticas de inclusão social, especialmente através do trabalho, etc.

Então, não sendo questão doutrinal, a Igreja orienta para que na liberdade de consciência os católicos escolham os candidatos que melhor representem os valores de Cristo. Mas não é seu papel indicar este ou aquele candidato. Observem o Evangelho, ele é o melhor guia!

Com tristeza o que se percebe é que o país não vive um tempo de renovação política, pois os candidatos são pessoas que há muito permeiam o nosso cenário político, talvez por isso, constata-se um grande desencantamento com as eleições de 2014, as pesquisas revelam o grande número de votos brancos e nulos. Mesmo depois de 29 anos de redemocratização, os eleitores persistem em eleger candidatos comprovadamente ficha suja, é o caso, entre muitos outros, do ex-governador de Brasília, José Roberto Arruda, metido em dois grandes escândalos, a adulteração do painel de votação do Senado, e em 2010 quando foi descoberto um grande esquema de corrupção no governo do Distrito Federal, conhecido como mensalão do DEM, mesmo assim aparece nas pesquisas como grande favorito. Como este, existem casos por todo o país, tanto na esfera federal, como estadual e municipal.

Nesta eleição, o melhor candidato é aquele que corresponda às necessidades da nação, certamente aquele que “rouba, mas faz”, isto é, “aquele que diz que o fim justifica os meios”, não poderá fazer do Brasil um país para todos. A questão ideológica é outro fator preponderante na hora de votar, é preciso olhar os fatos históricos internos e externos, eles podem revelar quais os verdadeiros anseios do candidato, que, dependendo da ideologia podem estar muito distantes dos anseios da população, neste caso, o povo não passa de massa de manobra, usado para chegar ao poder e nele se perpetuar.

Voltando ao título, “a morte que gerou um novo cenário” político, zerando as eleições de 2014, como dizem os analistas, poderá fazer surgir outros fatos importantes nos próximos meses, cabe-nos atenção, e para aqueles que têm fé, muita oração para bem escolher os que nos representarão nos próximos quatro anos.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

A morte que gerou novo cenário

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