Ouça a Rádio Coração Ao Vivo

Pe. Crispim Guimarães : A unanimidade de Hillary e Trump

- Publicidade -

18/11/2016 09h39

Pe. Crispim Guimarães : A unanimidade de Hillary e Trump

Pároco da Catedral Imaculada Conceição de Dourados

Não sou analista de política externa, mas a formação filosófica me permite fazer algumas observações despretensiosas diante da vitória do “perdedor”. Como os poucos programas televisivos que me prendem são os Jornais, e costumo ler a imprensa escrita, além dos sites de notícias brasileiros e estrangeiros logo que levanto, nenhum deles previa a derrota de Hillary Clinton para presidente dos EUA.

Pelo que assisti, li e observei na imprensa, era evidente a derrota de Donald Trump e a vitória de Hillary. Havia uma leva de analistas de política internacional que previa o “óbvio”. No Brasil, a repetição das notícias dos principais jornais estadunidense era escancarada, numa torcida evidente pela candidata democrata. Às vezes, dava a impressão de que a eleição acontecia no Brasil.

Passado o pleito, todos vociferam num grande grito de “surpresa”: Trump venceu! Na minha pobre intuição, a elite globalista, aquela que fica nos escritórios, atrás dos computadores fazendo suas análises, no caso da grande imprensa que é paga pelos interessados de poder, ou daqueles que leem os pós-estruturalistas e suas análises, e por isso, pensam conhecer o cotidiano do povo, até já sabiam do que estava para acontecer, mas até o fim tentaram influenciar o eleitorado. Digo isso, porque, entre outras coisas, assisti a um dos debates em que, na minha percepção, Hillary Clinton não teve um bom desempenho, mas o noticiário lhe ofertava ampla vitória naquele evento. “De duas, uma”: ou a imprensa sabia do que estava para acontecer ou ela e as elites vivem fora da realidade.

Até o Papa Francisco foi usado pelo noticiário para atacar o candidato republicano e defender a democrata, quando ele ponderou que políticos que constroem muros não podem se considerar cristãos; o Vaticano imediatamente corrigiu a notícia, dizendo que o Papa não se referia ao candidato estadunidense ou diretamente a qualquer pessoa. Também acredito que é uma loucura construir mais um muro separando México e EUA, assim como outras nações, a imprensa pode criticar, mas não devia esconder que já existe um de 1.130 km que separa os dois países. Sua construção começou em 1994 depois que se estabeleceu o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, NAFTA, para dificultar o processo de entrada de imigrantes oriundos do México e demais países do centro e América do Sul. Neste período era Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, esposo de Hillary. Uma imprensa livre teria que falar das pretensões de Donald Trump, mas não podia esconder o que já existe. Sobre o muro já existente nada foi noticiado.

Passada a eleição ninguém admite a verdade, mas um olhar mais apurado percebe imediatamente o desconforto com as explicações nada plausíveis. Então é possível dizer que sou a favor do Presidente eleito dos EUA e suas ideias? Não! Não! Não! Não é sobre os candidatos que estou tecendo comentários. Não sou simpático a ele, também não posso negar que não sou a Hillary, ambos não me apetece o coração, nem poderia, já que não sou cidadão daquele país; mas seu povo demonstrou inconformidade com as políticas globalistas atuais, mesmo com a campanha pesada do casal residente na Casa Branca, em favor da candidata oficial, que segundo os mesmos analistas são campeões de popularidade.

Verifica-se que o público que elegeu Trump foi o mesmo que elegeu Obama nas eleições passadas que é formado por uma parcela da população que se move de partido para partido, quando um deles desagrada, elege o outro. No processo de independência partidária da população, os assim ditos direitistas que agora elegeram Donald Trump foram os mesmos esquerdistas que elegeram Obama no passado.
Se for verdade que os meios de comunicação formam um “quarto poder”, desta vez, não funcionou, contudo, pode ser verdade que existem lugares onde as pessoas se nutrem de outros modos de reflexão, para além dos estabelecidos pela grande e influente mídia.

Se Trump é melhor ou pior que Hillary, os estadunidenses saberão daqui a alguns anos, e a julgar pelo comportamento de seu eleitorado, votarão no partido da oposição, por sua vez, o mundo com suas políticas globais também constatará sua influência, e quem sabe, na próxima vez faça uma análise mais realista dos fatos.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados.

Pe. Crispim Guimarães : A unanimidade de Hillary e Trump

Leia também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Fale com a Rádio Olá! Selecione um contato.