Ouça a Rádio Coração Ao Vivo

As discórdias do Sínodo dos bispos

- Publicidade -

As discórdias do Sínodo dos bispos

Muito se falou nestas últimas semanas sobre as recentes discussões da Igreja Católica em relação à família. Infelizmente, as notícias tendiam a supervalorizar só um assunto, negligenciando as discussões mais importantes. Pois bem, o nome dado a este evento Católico que aconteceu em Roma, é Sínodo. Você sabe o que é isso?

Sínodo é uma reunião convocada pelo Papa, com Bispos convidados do mundo inteiro, podendo durar vários dias, meses, para tratar de determinado assunto da Igreja, de doutrina ou de pastoral, isto é, de família, Eucaristia, evangelização, sacerdotes, etc. Ele pode ser ordinário, a cada quatro anos, e extraordinário, quando o Papa convoca em qualquer tempo. Após o Sínodo, o Papa emite um documento chamado Exortação Apostólica, onde resume e aprova as principais conclusões dos Bispos.
Em Roma, aconteceram já três etapas do Sínodo extraordinário, para tratar da problemática da família. Em 2015, novamente o Sínodo voltará a tratar dos “Desafios Pastorais da Família” e concluirá seus trabalhos.
Uma das características deste Sínodo é a abertura para tratar dos temas controversos sobre a família: os separados, a preparação dos futuros casais, os casais em outras uniões, a pobreza, a perseguição, as relações homoafetivas, entre outros. O Papa pediu “que todos falassem com liberdade e todos ouvissem com humildade”, com caridade, estabelecendo assim um clima de confiança, mesmo com os diferentes modos de pensar. Não houve medo de discordâncias, que é diferente de intrigas, como certas mídias quiseram fazer crer.

A terceira etapa que se concluiu, dia 19 de outubro de 2014, deixou três linhas-mestras: “ouvir o contexto cultural em que vivem as famílias hoje; confrontar-se sobre as perspectivas pastorais a serem empreendidas e principalmente, olhar a Cristo e ao seu Evangelho. Propõe ‘escolhas pastorais corajosas’ em relação a divorciados recasados e casais conviventes, fala das uniões homossexuais – embora destacando que não podem ser equiparadas ao matrimônio entre homem e mulher’ e sem negar as problemáticas morais”.

O fato é que devemos encontrar caminhos verdadeiros e misericordiosos para todos, olhando os valores positivos, mais que os limites e carências, pois é necessário acolher as pessoas com suas “existências concretas, saber ajudar na busca, encorajar os desejos de Deus e a vontade de se sentir plenamente parte da Igreja, inclusive de quem sofreu um fracasso ou se encontra em situações disparatadas”.
Pede para acolher a realidade positiva dos matrimônios civis, para depois acompanhar os casais na redescoberta do sacramento nupcial, retirando “o excessivo espaço dado à lógica de mercado”, quando o casamento é mais um ato social que cristão. Pede ainda esta etapa do Sínodo, para “tornar mais acessíveis e ágeis os procedimentos de reconhecimento da nulidade matrimonial”, de incrementar a responsabilidade dos bispos locais e instituir a figura de um sacerdote que, adequadamente preparado, possa oferecer ‘conselhos’.

O documento, recém-preparado, que voltará a ser discutido em 2015, fala da hipótese de acesso à comunhão aos recasados, “desde que precedido por um caminho penitencial sob a responsabilidade do bispo diocesano, e com um claro compromisso em favor dos filhos”. “Esta possibilidade não pode ser generalizada, mas fruto de um discernimento atuado caso por caso”. Mas é só hipótese, por hora, a Igreja sob o olhar e orientação do Espírito Santo saberá discernir o desejo de Deus no momento certo e se for oportuno.

A mídia, infelizmente, quis manipular muitas notícias, sobretudo, em relação ao homossexualismo, como se o Sínodo não tivesse tratado de outros assuntos, por isso mesmo, o relatório final não contemplo o tema, sem com isso esquecê-lo. O mais importante do Sínodo é perceber a identidade da família no plano de Deus e ajudá-la a se firmar no mundo contemporâneo.

Um fato bonito foi noticiado pela imprensa italiana, ao relatar que alguns membros do Sínodo procuraram Bento XVI, para que ele, sendo um grande teólogo e Papa emérito, se manifestasse sobre as discussões, sua resposta foi própria dos homens santos e sábios: “eu não sou o Papa, o Papa chama-se Francisco, dirijam-se a ele”. Logo depois, Bento XVI, escreveu a Francisco colocando o seu conhecimento teológico a disposição. Não por acaso, ao falar sobre a comunhão dos bispos com o Papa, no sábado, concluindo os trabalhos sinodais, Francisco fez longas citações de seu antecessor, reconhecendo seu e papel de pastor e grande teólogo.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

As discórdias do Sínodo dos bispos

Leia também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Fale com a Rádio Olá! Selecione um contato.