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Cada hora de adoração…

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Cada hora de adoração…

No retiro anual do clero de Dourados de 2014, o bispo de Volta Redondo, que nos orientou, disse uma frase marcante: “para cada hora de adoração, uma hora de ação para os pobres…”.
A Igreja necessita deste princípio, de fato, não creio que ninguém permaneça católico sem que exerça a caridade, pois é o cerne desta religião: a “fé e as obras”. Muitos deixam o catolicismo porque viveram uma religião sem compromisso, quem experimentou a alegria de se inserir numa pastoral, de dar a vida por uma causa social movido pelo ensinamento do Mestre, não porque trabalha numa ONG, quem fez isso sabe do que falo. O trabalho proposto pelo Evangelho é aquele em que o executor da caridade percebe a presença de Deus no carente, onde existe um desprovido lá está Deus, com isso não estou afirmando que entre os não carentes, Deus não esteja também, mas o lugar privilegiado é no necessitado.

Existem muitas pessoas com o coração piedoso, perceptível nas comunidades, um exemplo é a nossa Catedral, quando propomos a inserção nas pastorais sociais recebemos como resposta a adesão de muitos fiéis, que depois manifestam o que sentem, e na maioria das vezes, agradecem por encontrar nas pessoas doentes, pobres, marginalizadas a oportunidade de dar significado a suas vidas, muitas vezes marcadas por um vazio existencial que quiseram preencher pelo consumismo ou outros vícios.
Contudo, sabemos que aqueles que abraçam verdadeiramente a opção de Jesus são poucos, muitos de nós oferecemos o que nos sobra: dinheiro, tempo, dons, etc., tudo isso já é alguma coisa, mas não o suficiente para proporcionar o encontro com Jesus Cristo, este acontece quando aderimos ao seu estilo de vida, quando o outro, com seus problemas, suas necessidades passa a ser parte da minha vida.
Com isso, penso que nós católicos, precisamos observar o que a própria Doutrina da Igreja nos ensina, formamos uma comunidade que tem no anúncio o seu núcleo: “ide pelo mundo…”, mas este anúncio consequentemente desencadeia um compromisso com meu irmão, por isso, quem não assume este fato está vulnerável, por um simples acontecimento, não fez a experiência completa do Evangelho, e o vazio que lhe vem ao coração não é culpa da Igreja, mas de si mesmo que não ouviu a voz que brota do Cristo.
Quanta coisa a Igreja poderia fazer, se bem que já faz em parte, porém, poderia multiplicar rapidamente seu serviço aos irmãos, se as pessoas se disponibilizassem a doar parte do seu tempo nas diversas pastorais, se dividissem um pouco dos recursos econômicos, que para muitos são abundantes, todavia, boa parte quer receber de Deus os benefícios: bênçãos, milagres, curas, riquezas, ótimo, são coisas boas, mas o próprio Jesus é quem diz: “dai e vos será dado”, o que estamos dispostos a dar? E não é dar para se livrar do outro, é oferecer com carinho, com generosidade e por Deus que se encontra no irmão, eis a diferença entre o serviço do Evangelho e do “terceiro setor”.

A cada hora de oração se faz necessário uma hora dedicada ao irmão, o serviço ao outro é um modo prático de adorar o Corpo de Cristo presente no corpo do irmão, se alguém quer encontrar verdadeiramente o sentido existencial não deve esquecer estas primícias, por isso, é possível afirmar que existem três tipos de católicos. O primeiro, formado por pessoas que receberam o batismo e não assumem a Igreja, aparecem só quando há celebração de um sacramento, é mais festa social que um ato religioso, exemplos evidentes são casamentos e batizados, quando as pessoas querem ser padrinhos, não podemos dizer que estes são fiéis; o segundo é composto por aquelas pessoas que participam somente das missas, mas que não assumem nenhum trabalho, estas duas “classes” são vulneráveis, pois, falta-lhes a percepção mais profunda, que só aquelas que assumem participar e praticar são capazes de perceber, estas formam o terceiro grupo, participantes dos sacramentos, praticantes dos mesmos, já que desempenham serviços de evangelização, que escolhem os últimos como meio para chegar a Deus. O terceiro grupo é uma minoria, a Igreja deve incansavelmente trabalhar para ampliá-lo.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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