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Construir uma sociedade sadia

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Construir uma sociedade sadia

Ouvi um profissional de marketing dizer algo que me impressionou e me fez pensar sobre o meu “ser no mundo”. Ele disse “que infelizmente as desgraças vendem mais”, isto é, noticiar coisas ruins e escândalos sempre dão mais ibope.

Comecei a observar as poucas cenas de novelas que assisto e também os noticiários televisivos, os jornais e os portais da rede interativa. Infelizmente estou concordando com ele, exatamente nos programas de maior audiência, é que as grandes empresas anunciam. É precisamente nestes horários que as notícias divulgam desgraças, catástrofes e as novelas apresentam famílias arruinadas. De fato, há um investimento pesado para despejar na mente do público, situações angustiantes.

Não digo que os fatos noticiados não sejam reais, que os escândalos políticos não existam, é claro que eles existem também em outras esferas, inclusive a eclesial e devem ser revelados para que possam ser sanados. Todavia, convivo diariamente com pessoas sadias, que fazem o bem e no seu cotidiano realizam muitas obras em favor do próximo, boas ações que em muito superam as ruins.

As perguntas são: por que o bem não é noticiado? Por que tantas coisas bonitas que acontecem através de pessoas das mais variadas classes sociais, não são colocados como fonte de inspiração? Será que o bem não vende? Conheço um dito popular que diz: “É mais fácil ouvir o forte ruído de uma árvore que cai, que o som de uma multidão de árvores que crescem lentamente na floresta”.

Vi uma postagem, que não sei se é verdadeira, mas já fui tentado a fazer o mesmo. Numa paróquia brasileira, um padre escolheu cenas do Big Brother e de novelas, as mais desagregadoras e obscenas, coletou justamente dez minutos, o correspondente a sua homília, e depois da Proclamação do Evangelho, quando devia se dirigir aos fiéis, simplesmente pediu para que sentassem e colocou o “pequeno filme”. O povo não entendeu, muitas pessoas se retiraram da missa, as que permaneceram até o fim, dirigiram-se ao sacerdote e indignados diziam: “Que falta de respeito fazer isso numa missa”.
Na missa seguinte o padre observou: “vocês não podem ver tais cenas na Igreja, elas lhes escandalizam, mas em casa, pode tudo, não é?” Pois bem meus amigos, as pessoas que frequentam os nossos ambientes eclesiais procuram amor verdadeiro, querem palavras de aconchego, até de repreensão, porém edificantes, o problema é que ao sair destes recintos, dissociamos a prática religiosa da vida cotidiana. Fora da igreja pode-se ouvir e ver coisas perniciosas, sem fazer uma autocrítica, sem cortar o mal e exigir que o bem também seja propagado. Se as notícias ruins vendem mais, não é porque as boas não existam, mas porque estamos nos tornando escravos do mal.

Isto vale também para a permissividade que aflora no mundo da política, ela se alastra porque estamos nos acostumando com a corrupção. Segunda-feira, cinco de maio, o Jornal Financial Times, um dos maiores do mundo, disse que a corrupção entrou de vez na estrutura do Estado Brasileiro. Se é verdadeira esta notícia, é porque ela entrou na nossa casa, tal qual as cenas passadas sabiamente pelo sacerdote, são pequenos gestos permissivos que lentamente vão invadindo nossas mentes e aos poucos nos escravizam e surgem, inclusive, em forma de frases já popularizadas, por exemplo, “todo mundo faz”, “ah, ninguém percebe”, “o que é achado, não é roubado”.

Eu posso testemunhar outro mundo, onde muitas pessoas vivem de modo diferente, e embora não estejam isentas do pecado, procuram nadar contra a corrente neste processo desagregador, pessoas simples e das mais diversas classes, que querem que a vida celebrada religiosamente, seja igualmente celebrada no trabalho, na família, onde quer que estejam. Se o bem não vende tanto, é porque eu e você estamos pagando “muito caro”, para que o mal seja propagado, “o mal cresce porque os bons se omitem”!

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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