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Dom Alberto, um homem de Deus

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Dom Alberto, um homem de Deus

Conheci Dom Alberto, o bispo emérito de Dourados, em 2003, muito simples e maneiras aparentemente duras, na realidade era uma pessoa que viva com singeleza, deixando aparecer seu jeito alemão de ser. Os padres que aqui já residiam o consideravam um pai na fé.

Contemporâneo do Papa Bento XVI, nas muitas vezes, quando ia chamá-lo para o almoço na casa episcopal, onde residiu e depois Dom Redovino, prática que ele repetiu toda sexta-feira, falava-me sobre o Papa emérito Bento XVI como um homem de Deus, que segundo ele era incompreendido, falava igualmente da Igreja com muito carinho e apreço.

Discreto, gostava de trabalhar nas causas sociais, por isso, fundou algumas obras que continuam oferecendo abrigo, formação e recuperação para muitos irmãos que vivem à margem, nas periferias existenciais, como as crianças que são acolhidas no CEIA, os dependentes químicos na Casa da Esperança, além disso, deu continuidade às inúmeras iniciativas pastorais do seu antecessor, Dom Teodardo Leitz, que foi um grande visionário das pastorais sociais e das causas dos menos favorecidos.
Era um missionário, assim deixou sua terra natal ainda jovem e em terras brasileiras fixou sua moradia e seu coração. Nutria grande amor pelo nosso povo, para o qual dedicou toda a sua vida ministerial. Por isso, voltar para a Alemanha não foi uma decisão fácil, resistiu até quando pode, mas vendo suas forças diminuíram e sabendo dos muitos recursos para cuidar da saúde – existentes na sua pátria, voltou, como dizia ele: “para não mais retornar ao Brasil, seria uma viagem só de ida”. De fato, quando o câncer atingiu sua saúde lhe valeu a medicina alemã e a presença de seus familiares.

Mesmo distante e com a saúde já fragilizada, não se esquecia do povo e das obras que fundou aqui, como parte desta sua preocupação, enviou sua sobrinha Cristina, há poucos dias atrás para visitar estas obras.

Poderia relatar inúmeros feitos na sua longa vida, mas certamente outras pessoas que o conheceram bem, o fariam melhor do que eu. No entanto, uma pergunta fica no ar: quais são os exemplos deixados por Dom Alberto?

O primeiro grande exemplo foi o amor pela vocação, todos somos vocacionados, isto é, somos chamados por Deus para servir, pois Ele nos dotou de talentos. Descobrir, amar e exercer a vocação é uma arte, a arte do saber viver, buscar felicidade. Dom Alberto soube ser missionário, amou sua vocação, por isso, viveu bem seu sacerdócio e episcopado.

Deixa-nos o exemplo de procurar a glória de Deus e não a glória dos homens, assim, sua vida foi dedicada – na simplicidade – aos “caídos” e desvalidos, acolhendo e promovendo aqueles que a sociedade rejeitou. Neste contexto, soube despertar outros corações para a causa dos pobres, fazendo-os atores do mesmo processo de promoção humana.

Embora, aparentemente duro, era uma pessoa dócil à voz do Espírito, deixando-se conduzir pelas estradas do Reino de Deus. Sua memória não será esquecida, seu legado terá continuidade, porque não plantou semente humana, plantou sim, sementes do Reino de Deus nos corações humanos. Em tempos de incertezas, sua vida ajudará a muitos cristãos a se apegarem no essencial: Deus. Não foi fruto do acaso: Dom Alberto saiu da Alemanha com duas malas, 50 anos depois, voltou para sua terra também com duas malas, revelando qual foi o tesouro da sua vida – guardado no coração.
Ao nosso bispo emérito nossa gratidão e o nosso muito abrigado!

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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