Na carne do sofredor está a carne de Cristo
Celebramos dia quatro de junho, a festa de Corpus Christi, para reverenciar o grande dom da Eucaristia.
A fé cristã se caracteriza pela contemplação dos mistérios da Salvação revelada por Jesus, especialmente na sua encarnação, quando trouxe consigo – o paraíso à terra. Ele não despreza a humanidade, ao contrário, a assume para redimi-la, como diz Santo Agostinho, “o que era trevas, agora, torna-se luz do Senhor”.
A Igreja Católica sempre foi fiel à sua dimensão caritativa, como expressão da sua fidelidade a Jesus. Houve falhas em alguns momentos e lugares, mas o Espírito a faz recordar constantemente deste preceito. Ontem e hoje a Igreja Católica é impelida a viver e ser caridade.
As paróquias são a mais genuína expressão deste corpo da Igreja, que deve evangelizar e, consequentemente, nelas as pessoas encontram Jesus na Palavra, nos Sacramento e nas obras de beneficência.
Na próxima semana, sábado, 13 de junho, reinauguraremos a Matriz da Paróquia Imaculada Conceição, onde está a Catedral de Dourados.
A cidade terá uma Igreja belíssima, nela a Boa Nova do Evangelho continuará a ser anunciada. A Palavra anunciada é o itinerário de Jesus, que passou pelo mundo fazendo o bem, e também o nosso trajeto, sobretudo, acolhendo os mais necessitados. Pregar a Palavra numa Igreja bonita, falar de Deus e de seu amor pelos últimos, e não viver o que se prega, seria uma incoerência.
Por isso, os fiéis desta Paróquia, além de reformarem o seu Templo, foram ao encontro dos irmãos das “periferias existenciais”. São várias as obras que a Catedral colabora, e especialmente, uma ela construiu e sustenta, a Casa Irmã Dulce I, que em seis meses de funcionamento já atendeu centenas de pessoas. Dia 12 de junho de 2015, será inaugurada a Casa Irmã Dulce II, esta com maior capacidade de acolhida.
É claro que o próprio Jesus salienta que a caridade deve ser silenciosa, isto é, não deve ser para promoção pessoal. Mas, também fala do dever de proclamar o Evangelho sobre os telhados. Ora, estas Casas nada mais são que a expressão genuína da vivência da Palavra, são frutos não de uma pessoa, mas da comunidade.
Portanto, as Casas Irmã Dulce, que acolhem pessoas pobres vindas de outras cidades com seus doentes para os hospitais de Dourados, e não tendo parentes e nem recursos para hospedagem, encontram nelas um ambiente simples, mas aconchegante, para pernoitar e fazer as refeições da noite e da manhã.
Contudo, as Casas têm também outra finalidade, permitir que muitos cristãos que proclamam amar a Deus, possam viver na prática aquilo que anunciam. As pessoas necessitadas não são um peso, mas uma bênção, porque oportunizam a muitos corações fechados, não praticantes da caridade, que o façam, libertando-se assim de tantos apegos, permitindo que a vida, às vezes, presa em pequenos problemas tome outra direção.
Agradecemos a Deus pelos fiéis da Paróquia Imaculada Conceição, sempre solícitos as necessidades do Corpo de Jesus, presente na carne dos sofredores. Que a “Santa” dos pobres, Irmã Dulce, padroeira desta Instituição, interceda por todos nós.
Pe. Crispim Guimarães
Pároco da Catedral de Dourados.
