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O antídoto para a corrupção

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O antídoto para a corrupção

Quero “apropriar-me” de parte da homília do Papa Francisco, proferida na Casa Santa Marta, segunda-feira, dia 16 de junho, quando ele tratou, à luz do Evangelho, sobre a corrupção, presente nas populações e corriqueira nas entranhas do nosso país. Já abordei este tema mais de uma vez, porém a partir de outros pontos de vista.

A corrupção pode ser tratada sob o olhar da sociologia, da filosofia, do direito…, mas aqui, sem esquecer estas ciências, a tratarei mais numa visão teológica, porque a degradação do homem não pode ser resolvida sem a busca incessante do transcendente, embora esta seja uma palavra que muitos pretendem expurgar do imaginário coletivo e individual, porque se quer construir um paraíso só com a força da pessoa humana.

Francisco salientou uma realidade que muitas vezes também recordei às nossas lideranças católicas, ao dizer que “o único caminho para vencer o pecado da corrupção é o serviço aos outros”, pois este purifica o coração. A corrupção é pecado, ela mata, desfigura, adoece. No campo teológico o antídoto seria a virtude, esta insere a pessoa no serviço segundo a concepção cristã: fazer sem interesses de retribuição.
O Papa analisou a passagem de 1 reis 21,1-16, no qual o rei queria ampliar seu domínio e encontra como empecilho a vinha de Nabot, que se recusa a vendê-la, provocando a ira do governante, que organiza armadilhas através de falsos testemunhos e difamação, até levar Nabot ao tribunal e condená-lo à morte. “Esta história – comentou o Papa – se repete continuamente” entre quem tem “poder material, poder político ou poder espiritual”.

O Pontífice salientou que este tipo de pecado acontece no campo político, jurídico e eclesiástico, sempre com o intuito de buscar, manter ou ampliar o poder, porque este pecado oferece a falsa impressão de ser o pecador o próprio Deus. A pessoa pensa que pode exigir, matar, roubar, com a ilusão de aí encontrar sua segurança baseada na vaidade e no orgulho.
O pior destas atitudes é que se alastram em todos os ambientes, quando todos vivem para “tirar proveito”, sem se aperceberem que são os mais pobres, sobretudo, que pagam por tais delitos, mesmo que também os pratiquem. Todavia, existe um caminho seguro para combater o pecado da corrupção, é através do serviço cristão, refiro-me ao serviço “cristão”, porque ele se caracteriza por ser realizado, seguindo o exemplo de Jesus, “dar-se” sem esperar recompensa. Neste aspecto recordo a frase de Madre Tereza de Calcutá, quando abordada por um banqueiro que foi visitar a casa onde ela cuidava dos enfermos, observando a dedicação, o cuidado e o carinho dela para com todos. Depois de algum tempo, aproximou-se de Madre Tereza, que fazia um curativo em um indivíduo muito doente, disse-lhe:- “Irmã, eu não faria isso por dinheiro nenhum do mundo”! Ela olhou para ele, sorriu em silêncio, e falou baixinho: – “Nem eu, meu filho, faço por Deus”.

Faço por Deus, é o modo transcendente de realizar o bem sem esperar que as pessoas paguem, retribuam. Por isso, insistimos tanto nas pastorais sociais – características da Igreja Católica, onde a escuta da Palavra de Deus transforma-se em vida a serviço dos irmãos. No doar-se livremente, a corrupção perde terreno, porque, diz o Papa: “a corrupção nasce do orgulho, da arrogância, e o serviço humilha você. É a caridade humilde para ajudar os outros”, que cura e não permite orgulho e vaidade, não permite mandão e donos, mas possibilita a convivência fraterna.

Por isso, desejamos que a missa participada por milhares de pessoas nos finais de semana, concretize-se em missão, onde todos se sintam corresponsáveis, de modo especial, servindo aos mais pobres, porque eles não podem retribuir, portanto não alimentam relações interesseiras. Mesmo que os pobres não sejam santos, que também que queiram algumas vezes tirar proveito, materialmente eles não podem oferecer muito, mas espiritualmente oferecem a possibilidade de um serviço livre e abnegativo.

O corrupto, disse Francisco, “se vende para fazer o mal, mas ele não sabe: ele acredita que se vende para ter mais dinheiro, mais poder”, o único caminho para ele é o arrependimento e o serviço.
Aproveitemos das nossas pastorais para tomar este antídoto contra a corrupção.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

O antídoto para a corrupção

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