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O Papa não é mais o mesmo

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O Papa não é mais o mesmo

Quando cardeal, Bergoglio, atual Francisco, disse que a Igreja defenderia o nascituro ainda que a perseguisse e a matasse. Teria ele mudado de opinião? O alarde que a nova entrevista do Papa causou foi impressinante, não só na imprensa, assim como de pessoas ligadas a Igreja e que logo “puxaram a brasa para sua sardinha”, mas acostumado com as interpretações parciais que a imprensa oferece acerca da realidade eclesial, não me impressionei, e pensei: o Papa não é um livre pensador, é livre, mas é também um homem da hierarquia, por isso, procurei imediatamente conhecer o conteúdo completo da entrevista para humildemente fazer uma interpretação, que ofereço aos leitores como possibilidade de aclarar os mal entendidos.

Certo jornalista disse que os assuntos que chegam ao povo são pautados pela grande imprensa, isto é, é ela que diz o que deve ser noticiado de acordo com seus interesses. De fato, este jornalista faz pensar, pois não somos nós que escolhemos o noticiário. O Papa parece ter percebido tal jogo, quem de fato vive perguntando ao Papa, aos bispos e padres sobre aborto, casamento homessexual são os jornalistas, a obsessão, segundo este profissional, vem daí, a Igreja muitas vezes acaba caindo na armadilha. Deste modo, Francisco parece ter o firme propósito de mudar o foco, ou seja, que a Igreja não se deixe pautar pela imprensa e seus interesses, a Igreja tem muitas feridas para curar, e assuntos muito importantes para se preocupar.

Quando uma mulher que fez um aborto ou um homossexual procura um padre para uma confissão ou uma conversa, não deve o sacerdote querer empurrar a doutrina a ferro e fogo, mas acolher e manifestar a misericórdia de Deus, é uma questão pastoral, contudo, em nenhum momento o Papa disse: “porque te acolho, aprovo tais práticas, continue a viver assim”, a questão é: essas pessoas estão buscando siceramente a Deus? É nisso, parece-me, que Francisco quer focar, comunicar o amor de Deus, e deixar que esse amor transforme as pessoas, ser uma Igreja propositiva e mãe, a prioridade é que a pessoa se sinta perdoada e amada, e não ficar remoendo o tamanho do erro que ela cometeu.

Por isso, o Papa disse: “Uma pastoral missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas, impondo-as insistentemente. O anúncio de carácter missionário concentra-se no essencial, no necessário, que é também aquilo que mais apaixona e atrai, aquilo que faz arder o coração, como aos discípulos de Emaús. Devemos, pois, encontrar um novo equilíbrio; de outro modo, mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas, de perder a frescura e o perfume do Evangelho. A proposta evangélica deve ser mais simples, profunda, irradiante. É desta proposta que vêm depois as consequências morais.”

Ele está preocupado com o anúncio do Evangelho às pessoas, a “plataforma moral” da Igreja, é consequência disso. Quem se deixar moldar pelo Evangelho, naturalmente vive as questões morais. Porém, isto tudo deve ter uma base sólida, que é a convicção de que Deus existe, ama o homem, quer sua felicidade e enviou seu Filho para nos salvar. Caso contrário, a Igreja vira um “castelo de cartas” e por isso, suas regras parcerão sempre impopulares.
Todos devem lembrar que no início de seu do pontificado, Francisco pontuou que a Igreja não é uma “ONG piedosa”, retirando Jesus do centro, e criticou aqueles que no lugar do Cristo colocam as ideologias. Tenho a impressão, com a leitura mais aprofundada do texto, que agora o Papa critica aqueles que pretendem reduzir a Igreja a um “grupo de pressão moral”, ao dizer: a Igreja é muito mais que ficar combatendo o aborto e o casamento gay, ela é canal de bênçãos de Deus ao mundo, deve-se focar no positivo, atrair pelas coisas boas, pelo amor, sem esquecer, é claro, a doutrina.

Francisco não a abandonou, como infelizmente, algumas pessoas até de dentro da Igreja já quiseram insinuar, ou que ele estaria afrouxando as regras para ganhar mais fiéis, sendo um Papa pautado pela mídia; ele ressalta a essência da Igreja, que é ser misericórdia de Deus no trato com as pessoas.
Isto vale também para aqules que menosprezam as questões morais e se fixam nas defesas políticas ideológicas, que trocam o Evangelho por filosofias e pensadores, também estes que criticam os chamados “moralistas” precisam descer do pedestal e proclamar uma Igreja misericordiosa, mãe de todos os doentes. Quem são os doentes da Igreja? Todos nós, os pecadores, como doentes devemos procurar o médico, Jesus Cristo.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

[email protected]

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