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O sujo falando do mal lavado

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O sujo falando do mal lavado

Esta frase foi usada pela Candidata à Presidente pelo PSOL, Luciana Genro, no debate promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, dia 16 de setembro, ao se reportar à corrupção dos governos do PSDB e PT, aos quais acusou de serem saqueadores da Nação.

O referido debate não proporcionou duelo direto entre os três primeiros colocados nas pesquisas, Dilma, Marina e Aécio, mesmo porque o intuito da CNBB era fazer conhecer as ideias e projetos para o país e não proporcionar momentos de denuncismo e digladiação, mesmo assim, alguns candidatos preferiram não responder as perguntas, mas atacar a vida do outro.

De fato, olhando a conjuntura política nacional, perpassando as várias esferas, somos tentados a pensar que é mesmo “o sujo falando do mal lavado”, pois muitos são arrastados para o mar de lama da corrupção, a cada dia acordamos atônicos com uma nova denúncia de mazelas dos governos, parece até um claro desejo de fazer a população desacreditar da política.

Todavia, a população não pode perder o interesse por este elemento primordial no aprimoramento das instituições democráticas, que é o voto. Esta é uma das maneiras singulares de manifestação e de mudança cidadã, mas requer perspicácia, para que os candidatos sejam avaliados minuciosamente, pelo que prometeram e realizaram, pela ética na prática da vida pública, pelos programas de governo, pelo favorecimento de mecanismos que proporcionem maior liberdade e fortalecimento das instituições que cuidam da democracia, como de uma imprensa livre, ministério público com maior autonomia, polícia não ideológica e participação popular.

No contexto da participação popular, já é possível verificar uma conscientização progressiva do papel da população, que através de instrumentos previstos na Constituição de 1988, pode influenciar na construção de leis que empeçam elementos que não valorizam a democracia, e que ao contrário, utilizam-se da vida pública para tirar proveito em causa própria. Um dos elementos eficazes que a população fez valer foi a aprovação da Lei da Ficha Limpa, que neste ano de 2014, já barrou aproximadamente 500 candidatos que não usaram da prerrogativa ética para exercer os mandatos outorgados pelo povo. É um ganho imenso para o país, pois sem este recurso estas 500 pessoas poderiam voltar novamente a onerar os cofres públicos, e com o aval dado por meio do voto.
Portanto, a população começa a descobrir que além de votar diretamente em pessoas para representá-la é possível utilizar outras maneiras de coibir aqueles que não honram a confiança recebida. Assim, projetos de iniciativa popular como a “Coalizão para reforma política e eleições limpas”, estão proporcionando que o Brasil seja repensado a partir das bases, pelo interesse da população e não manipulado pelos partidos. Falta muito ainda para a implementação da democracia de fato, e isto só se constrói aos poucos e com projetos bem elaborados que não estejam à mercê de grupos e oligarquias que queiram ludibriar o povo para se perpetuarem no poder.

Falta uma imprensa livre e ministério público “autônomo”. Imprensa livre do medo de perder patrocínios dos governos com suas gordas fatias publicitárias, de não receberem de empresas com seus interesses escusos, que denunciassem (não fazer denuncismo) com prudência e lisura figurões da política e do mundo do capital, como fazem com os pobres que no primeiro erro são colocados nas páginas policiais. Falta um ministério público cada vez mais “autônomo”, que ao sofrer pressão de poderosos não se cale, falta uma Polícia Federal que não precise dizer amém aos políticos e suas ideologias, falta uma população mais ativa e esperançosa na democracia, que não se venda aos “benefícios” passageiros no período dos pleitos eleitorais.

Para não colocar o fardo só nas costas dos outros, falta uma Igreja profética, que não abandone o Evangelho para abraçar ideologias partidárias.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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