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Pastoral é serviço, não “status”

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Pastoral é serviço, não “status”

Sei que o assunto que abordarei parece de fórum interno da Igreja, mas pode ser que muitas pessoas possam ser ajudadas pela singela reflexão. A palavra pastoral é usada na Igreja Católica para caracterizar os serviços que a mesma presta ao povo, exemplos: pastoral do Idoso, do Enfermo, da Esperança, Catequese, Coroinhas, Carcerária, Criança, Liturgia, uma infinidade de outras pastorais. A palavra em si, vem de “PASTOR”, numa inequívoca referência a Jesus Cristo, aquele que serve com um só desejo: fazer o bem e não esperar nada em troca, se Jesus, servindo-nos até a morte na cruz esperasse algo em troca, seu projeto de amor seria frustrante.

Como trazemos o germe do pecado, herdado de “Adão e Eva”, também carregamos na carne e na alma muitos comportamentos que não condizem com a vida cristã, não por acaso, o Papa Francisco na Exortação Alegria do Evangelho, pergunta-nos a quem desejamos evangelizar, quando usando o nome de cristãos, mas nos comportamos como pagãos. Desejo, no entanto, refletir sobre coisas simples, não adentrarei em problemas maiores, como corrupção, violência, acredito que estes são frutos dos pequenos delitos que cotidianamente praticamos, através dos pecados de estimação, aqueles que insistimos em não abandonar.

Quem procura fazer parte de uma pastoral na Igreja Católica, sem excluir os ministros ordenados: bispos, padres, diáconos, não deveria fazê-lo se não for para proporcionar o bem aos irmãos. Ninguém deveria entrar numa pastoral procurando status ou reconhecimento, seria falsear o serviço cristão. “Eu não vim para ser servido, mas para servir”, são palavras cabais de Jesus. Numa época em que somos conclamados diariamente à “conversão pastoral”, não tenho dúvidas que o começo incide por entender bem o que significa “servir” ou “ser servido”.
Penso que seria bom que todo padre fizesse a experiência de servir numa paróquia pequena e pobre como regra de vida, assim como, cada pessoa que serve numa pastoral se revezasse da Liturgia para a Pessoa Idosa, dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística para a Cáritas ou Enfermos e vice-versa, por exemplo. Desta forma, todos poderiam experimentar a “fama” e o “anonimato”.

Não raras vezes tenho notado pessoas cobrando lugar de destaque nas celebrações, nos eventos, querendo inclusive deixar esta ou aquela pastoral quando não pode aparecer ou porque não foi escalada para esta ou aquela data. Tudo na vida é realizado por motivações. O cristão serve porque ama Jesus Cristo, é Ele que diz: “quem quiser ser o primeiro, seja o último”. São cristãos estes comportamentos? Pessoalmente quando vejo tais atitudes, penso logo na minha humanidade decaída, porque sou muito pecador, mas também penso que certas pessoas estão no lugar errado. Mesmo que tenhamos tendências egoístas, Cristo é nosso parâmetro e não podemos entrar nestas picuinhas.
Outras precisam de aplausos, aplauso é para gente infantil, carente, mesmo assim, o aplauso não supre a carência, ele mascara, estas coisas desaparecem quando fazemos um processo de adesão a Jesus. Apesar das nossas misérias, suportando-nos mutuamente, passamos do suportar ao amor verdadeiro, que exige correção fraterna e não amaciar o ego.

Trabalhamos na Igreja por amor. “O amor não é uma troca de favores, muito menos uma obrigação. O amor é recíproco, é uma resposta de amor ao amor. O amor puro, sem interesses, gera amor à sua volta. E quando ele retorna é também puro. Quem age motivado pelo desejo de retribuir o amor recebido, age por obrigação e isto não é amor puro. O amor recíproco é realidade quando amamos ao ponto de dar a própria vida um pelo outro, sem motivação sentimental. Não é só a vida física, sobretudo, são os talentos, ideias, atenção, perdão, reconhecimento, cuidados. O amor recíproco é uma ponte que une duas ou mais pessoas, onde a vida é partilhada”.

Na Igreja e no mundo sejamos somente amor, não a busca de poder, de aparecer, de alimentar vaidades.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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