Ouça a Rádio Coração Ao Vivo

Por uma ecologia humana

- Publicidade -

Por uma ecologia humana

A recente encíclica do papa Francisco gerou grande polêmica, porque trata de temas reais, especialmente do desenfreado desejo de acumular a qualquer custo, esta encíclica, intitulada Laudato Si (Louvado Seja) veio em hora oportuna. É a primeira vez que um pontífice se dedica especificamente ao tema, embora Paulo VI e Bento XVI, não em encíclicas, também trataram do assunto. O Papa o faz porque a problemática chegou a parâmetros alarmantes.

Numa leitura ainda superficial, foi possível vislumbrar que o documento é munido de interdisciplinaridade, usando argumentos científicos, teológicos e morais, tendo em vista as mudanças climáticas, as quais Francisco diz ser “urgentes e inadiáveis” uma reflexão séria.

Para tratar do tema, foram ouvidos cientistas que defendem que os problemas atuais são frutos de um processo natural e outros que acreditam que o homem tem influenciado decididamente para a destruição da natureza, que em última análise tem raiz na “crise ética, cultural e espiritual da modernidade”.
Não por acaso Francisco evoca uma “corajosa revolução cultural”, que vise especialmente à ecologia humana, já que é o ser humano, a criatura dotada de razão, quem pode interferir diretamente no processo natural.

Os principais pontos da encíclica se referem: a) Ao aquecimento global, para o qual também os cientistas chamam a atenção, valorizando o Papa o papel da ciência. Neste aspecto, se nada for feito, poderá faltar água doce e elevação do nível do mar, agricultura, plantas e animais serão extintos. b) Ele admite, baseando-se naqueles cientistas defensores de causas naturais, que uma parte do problema é fruto de um processo normal, mas a ação humana o intensifica decididamente, por causa do “consumismo imoral”, basta lembrar o uso dos combustíveis fósseis: carvão, petróleo e o gás. c) Constata a culpa dos países desenvolvidos e em desenvolvimento que, para crescer usam uma “estrutura perversa”: produzir a qualquer custo. d) Evoca o papel de um consenso global para frear o aquecimento global. e) Chama a atenção de todos, líderes políticos, instituições e pessoas simples para hábitos diários, de proteção às pessoas e às outras criaturas: transporte público, caronas, plantar árvores e desligar luzes desnecessárias.

O ponto de partida da Encíclica é o planeta como a nossa casa criada por Deus, onde o homem foi colocado para cultivar e preservar. A exemplo de São Francisco, seu onomástico, procura ouvir os gemidos da natureza e louvar o seu Criador.

O clima, diz a encíclica, “é um bem comum, de todos e para todos”. Só pode ter consciência desta premissa quem pode fazer uso da razão, portanto, o ser humano, chamado a preservar a si mesmo, o que só ocorrerá preservando os demais bem naturais, por isso, a necessidade de mudar o estilo de vida, de produção e de consumo, como meios de uma verdadeira ecologia humana.

As crises econômicas salientadas na lógica do mercado, serão mais frequentes porque a natureza, de onde tudo provém não terá no futuro o que oferecer, se a corrida da produção e consumo não mudar.
Observando o documento papal, evidencia-se uma posição decididamente corajosa do Papa e da Igreja (já que consultou as lideranças eclesiais), sobre os modelos econômicos. Não apontar um modelo já existente, mas convida os seres humanos a pensar sobre os meios de exploração e produção, que não poupa ninguém, nem o próprio “homem”. Assim, como tem ajudado a mediar conflitos políticos-diplomáticos internacionais, Francisco quer, entre outras coisas, colaborar com a conferência sobre o clima, que será realizada pelas Nações Unidas (ONU) em Paris, este ano.

Ainda na perspectiva da ecologia humana, abordando o tema das novas tecnologias, como oportunidades e desafios, já que a aceleração do mundo digital pode sufocar a sabedoria, construída ao longo dos séculos, sobre ser humano como um todo e não fragmentado. Sobre os transgênicos, que incidem primeiro no homem, chama a atenção para o cuidado de não deixar que seu uso seja fruto da ganância financeira.
Será o homem vilão e vítima ao mesmo tempo se algo não for feito.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

Por uma ecologia humana

Leia também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Fale com a Rádio Olá! Selecione um contato.