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Todos somos filhos de Adão e Eva

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19/08/2016 10h29

Todos somos filhos de Adão e Eva

Pe. Crispim Guimarães

Já manifestei minha decepção com os jogos olímpicos, não pela competição em si, mas por se realizar num país que tem problemas sobrando, que poderia ter disponibilizado os mesmos recursos para resolvê-los. Como a Copa do Mundo, este grande evento esportivo exigiu do Brasil uma soma exorbitante de investimentos que não deixará o legado prometido. Ele representa a mania de grandeza de alguns políticos que vivem dizendo que a nação é a sétima economia do mundo. Pensar em grandeza enquanto a população amarga índices miseráveis de saúde, saneamento, segurança e educação de péssima qualidade é um verdadeiro contrassenso.

Porém, apesar de criticar sua realização aqui, não significa que não reconheça o papel socializador dos jogos. Para além da revelação das incoerências de certas autoridades políticas, estes podem proporcionar um viés de fraternidade entre os povos, despertando nos jovens interesses singulares, especialmente, quando se assiste a era da indiferença, das doenças psíquicas provocadas pelo mau uso das novas tecnologias. Contudo, os jogos revelam pecados dos países chamados de primeiro mundo.

Se por um lado, vemos brasileiros vaiando competidores estrangeiros, sem aparentes motivos, também é observável o preconceito expresso da mídia internacional e de alguns atletas. Os nadadores americanos Ryan Lochte e Gunnar Bentze não falaram a verdade sobre um assalto sofrido numa das noites no Rio de Janeiro, na verdade mentira para esconder o mau exemplo dado na naquela noite. O jornal Los Angeles Times, apressou-se em destila preconceitos contra o país, confundindo a má administração com o povo brasileiro. O Le Monde, maior jornal francês, dentre tantos preconceitos, chegou a dizer que o Lavillenie, aquele que perdeu o ouro para Thiago Braz, sofreu a derrota por causa do Candomblé, o que é de admirar tal afirmação, pois na França o ateísmo é a filosofia mais divulgada desde a Revolução Francesa. Como misturar esporte com a religião? Esqueceram de dizer que Braz é evangélico! O técnico francês chegou a chamar o “Brasil de país bizarro”. O próprio Lavillenie já havia destilado impressões preconceituosas sobre o Brasil, confirmadas em suas palavras depois da derrota para Thiago, ao chamar-nos de “país de m***”.

Como se pode ver, brasileiros e estrangeiros filhos de Adão e Eva, temos muitos problemas sociais a serem resolvidos, mas o povo brasileiro não pode ser colocado na mesma escala de seus dirigentes, embora tenha certa parcela de culpa, que poderá melhorar já a partir das eleições municipais deste ano, falharam também aqueles que vaiaram os atletas nas suas respectivas competições quando disputavam medalhas com os brasileiros. No entanto, é inegável que pessoas e especialmente, a imprensa internacional, deturpam a verdade sobre nosso povo.

Terceiro mundo não é sinal de má educação, de povo corrupto e de m***, assim como, primeiro mundo, não é sinal de solidariedade, de valorização da pessoa. Para além dos campeões esportivos, o que está sendo revelado nesta Olimpíada, são histórias de superação sim, mas também, histórias de povos e pessoas que, por terem bem estar social, pensam ser melhores que os menos abastados. Apesar disso, não se deve apagar a chama da competição saudável!

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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