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Um ano de Francisco

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Um ano de Francisco

Talvez alguém interprete que sou recorrente no tema Francisco, quem sabe por me faltar criatividade para outros assuntos, de fato, não sou muito criativo. Todavia, volto a este objeto porque o mundo fala, os meios modernos de comunicação o procuram insistentemente para ouvir sua opinião sobre praticamente tudo, também eu não me furtaria a falar sobre o seu primeiro ano de Pontificado, celebrado ontem, 13 de março.

A interpretação a seguir é de um cristão, que também é padre. Como cristão aprendi que o Espírito Santo conduz a Igreja, senti mais profundamente isto quando fui chamado ao sacerdócio, nunca me achei capaz, por isso, não é surpresa à Igreja ter um líder diferente, porque é Deus que a conduz, embora o faça através de seres humanos, sujeitos ao pecado. A história deste Papa e das mudanças que estão sendo implementadas na Igreja que se deixa interpelar pelas questões atuais, não começaram com Bergoglio, penso que o Espírito trabalhou antes, os cardeais que o elegeram, mais de 50% foram nomeados por Bento XVI, o Papa Emérito que não estava fisicamente presente no Conclave, mas sua figura permeava o imaginário dos cardeais eleitores.

Outro elemento significativo, fruto da ação do Espírito, Bento não precisava renunciar, papas muito mais frágeis, mais velhos e menos capazes intelectualmente governaram a Igreja, mas ele, um dos últimos participantes vivo do Concílio Vaticano II, ocorrido 50 anos atrás, sabia o que significava tal gesto, é um selo que chama a Igreja a não petrificar-se na mundanidade, por isso, foi natural a simplicidade de Francisco nos seus primeiros atos. A renúncia não poderia ser algo mais representativa da simplicidade, do despojamento e da obediência já expresso por Bentp ao novo chefe da Igreja Católica a ser eleito. Como disse Francisco, “Bento XVI não é estátua no Museu do Vaticano, ele é uma instituição”, é o bispo emérito de Roma.

Nesta linha da mudança, durante o Conclave, os cardeais manifestaram o que desejavam do próximo Papa, o “programa de governo”, portanto, não foi traçado por ele numa sala fechada, foi obra do desejo da Igreja através de seus representantes, vindo dos quatro cantos do mundo, o próprio Papa assim se expressou ao ser eleito, “Um Papa vindo do fim do mundo”.

Francisco já escreveu uma encíclica “Lumen Fidei” (A luz da Fé), a quatro mãos com Bento XVI, e uma exortação apostólica “Evangelii Gaudium” (A alegria do Evangelho) e convocou um Sínodo sobre a Família, que promete um avanço na inculturação da doutrina, não uma mudança da mesma.
O Pontífice começou a mudar a Igreja, mudando as estruturas do próprio papado, criou uma Secretaria para a Economia e um Conselho de Cardeais, para governar de modo mais participativo, e valorizando mais acentuadamente as Conferências Episcopais, reformando o Banco do Vaticano e dando continuidade a política de tolerância zero no caso de abusos de menores e escândalos financeiros. O papa que veio “do fim do mundo”, quer uma Igreja pobre para os pobres, não somente com palavras, mas com o seu próprio modo de ser, por isso, manteve o crucifixo de ferro que usava em Bueno Aires, e conservou o seu jeito simples de viver, sua cercania com o povo, através também da proximidade com a mídia, com a qual fala abertamente de tudo. Contudo, já deixou claro que não gosta da “franciscomania”, isto é, certa idolatria, chegou a dizer que é algo ofensivo.

A Igreja, segundo ele, precisa ser criativa – aproveitando-se da sua fé, para reencantar as pessoas e levá-las para Jesus Cristo, antes mesmo que para a própria Igreja.

Por isso, não gosto de falar do tempo de Francisco, prefiro me reportar ao tempo do Espírito. O Papa é fruto da ação do Espírito, é sempre Ele que nos conduz, por isso, devemos assumir a Sua causa. Faço o convite de se estender a comemoração do seu primeiro ano de pontificado rezando por ele, é claro, mas assumindo na vida pessoal e na comunidade as proposta do Evangelho. Teríamos melhor jeito de comemorar?

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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