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Um balanço da Copa

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Um balanço da Copa

Nem espetáculo, nem desastre. Desastrosa foi a campanha da Seleção brasileira que apostou no talento individual, sobretudo de Neymar, quando encontrou um time que é equipe, demonstrou sua fragilidade, numa derrota nunca antes sofrida. Carlos Drumond de Andrade já dizia: “E agora, José? / a festa acabou, / a luz apagou, / o povo sumiu, / a noie esfriou, / e agora, José? / E agora, vovê? / Você que é sem nome, / que zomba dos outros, / você que faz versos, / que ama, protesta, / e agora, José?”

O Brasil não pode ser somente caracterizado como o país do futebol, mas a elite política fez questão de preparar a Copa, quase que usando esta expressão como slogan, é verdade que aos longo do tempo este esporte se tornou, talvez como em nenhum outro país, uma paixão, portanto, quem sabe, exagerando um pouco, a imagem da seleção tenha semelhanças com a do Brasil na atualidade.
Muito se fala da influência da derrota no próximo pleito eleitoral, acredito ser exagero colar uma coisa na outra, mas fazer uma reflexão sobre os legados da Copa, isso sim, é necessário, e muitos já estão refletindo. Não vimos o caos como foi anunciado, os aeroportos operaram com menos atrasos que o habitual e o policiamento foi ostensivo, melhor para o país. Porém, ambos os lados, situação e oposição, usaram o evento politicamente como trunfo para as próximas eleições.

O preocupante é saber que na Copa, os aeroportos dobraram o número de passageiros com menos atrasos que em dias normais, mais que no cotidiano, eles não têm o padrão FIFA, que a polícia usada para reprimir as manifestações na Copa, no dia a dia é demonizada, não podendo exercer o padrão Fifa, assim aproximadamente, 60 mil vidas são ceifadas anualmente.

Contudo, ainda resta perguntar sobre as obras de mobilidade humana, que deveriam estar prontas até o início do Mundial, e grande parte ainda está inacabada, ou mal feita, como foi o caso do viaduto de Belo Horizonte. Tornar-se-ão obras fantasmas, como muitas que conhecemos? Por exemplo, passada a euforia, o que acontecerá com as obras em Cuiabá e Natal, inclusive seus estádios? Será que estas obras serão concluídas? Quando? Custará o que foi orçado ou será como o São Frnacisco programado para gastar 4 bilhões e já consumidos mais de 8 bilhões de reais?

Os políticos foram vaiados, sempre que apareceram nos estádios, por isso os torcedores foram classificados como “elite branca”, ora, foi para a elite que os mesmos estádios foram construídos, devido a seus custos altíssimos, e também o preço dos ingressos, não poderia ser para as classes menos abastadas, os políticos conheciam muito bem a filosofia dinheirista da FIFA, portanto é demagogia reclamar daquilo que eles mesmos prepararam sabendo que quem desfrutaria seria as A e a B.
Vimos que ao país falta um planejamento público conjuntural que evite surpresa, não a surpresa da derrota em campo de 7 a 1, esta bastante dolorosa, mas a derrota maior é ver tanto dinheiro do contribuinte investido em estádios, propaganda e obras adjacentes que muito provavelmente serão abandonadas, dinheiro que poderia ser aplicado em sáude, e educação, pois ocupamos o 60o lugar mundial nesta área. Transporte é outro entrave nacional, na segurança somos responsáveis por 10% de todas as mortes violentas do planeta, estes são gargalos da nação, mas o principal não foi elencado, a corrupção, o amadorismo político é um disfarce desta forma nefasta de apoderamento dos bens público como patrimônio particular, esta sim, de uma elite sem cor, desbotada pelo vício de roubar.
Concordo com o articulista que disse: “Mesmo sabendo disso tudo, tendo reprovado sempre, a imprudente decisão de trazer a Copa (e ainda importamos os Jogos Olímpicos para o precário horizonte de 2016!), eu quis a vitória para o Brasil. Espero, agora, que a constrangedora derrota tenha proporcionado à nação, envolta em ficção, sob tanta fantasia publicitária, um sofrido, mas proveitoso encontro com a realidade”.

O futebol não pode ser, em si mesmo, um objetivo nacional. O Brasil tem muito mais a ganhar, por vias melhores. E tem muito a perder se continuar pelos caminhos em que tem andado. Teremos aprendido isso? Se aprendemos, não perdemos.

Fica a pergunta: será que marcaremos nosso gol em outubro, elegendo políticos mais comprometidos com a transparência e competência? Como está somente instituições como a FIFA ganham em detrimento de todo um país.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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