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Um Oscar para Glória Pires

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04/03/2016 09h30

Um Oscar para Glória Pires

As igrejas antigas, construídas antes dos sistemas de sons, eram projetadas para que os sacerdotes fossem ouvidos sem o uso do microfone. Com o advento das tecnologias e seus equipamentos sonoros, foi possível se fazer ouvir mesmo em distâncias consideráveis.

Sou de um “período distante”, quando a fofoca corria de boca em boca por meio dos vizinhos, contudo de maneira moderada, até mesmo pelas revistas e jornais, além do rádio. Com a chegada da televisão, especialmente, apareceram novos “fofoqueiros” que tratam da vida alheia sem pensar nas consequências. Dai o surgimento de revistas e programas televisivos especializadas em fofocas. As redes sociais levaram a exacerbação tais comportamentos.

Cair na rede é quase a morte para muitos. Aquilo que levaria dias para chegar a poucas casas, alastrado-se através das conversas de comadres, transformando-se em fósforo na pólvora, espalha-se imediatamente. Caiu no facebook então, virou notícia.

Mas, qual o limite para tais comportamentos? Não existe uma resposta simples para tal pergunta, porque a sociedade pós-moderna é complexa e traz comportamentos antigos, revestidos de roupagens novas, ainda não assimilados. É o caso do uso das redes sociais e a falta de compromisso ético.

Um fato recente denota que a “fofoca” dos finais de tarde, das conversas de comadre, passando pelos programas televisivos se “democratizou”, não é mais um órgão da imprensa que discorre sobre a vida de outrem, no facebook, por exemplo, a vida de todos ficou exposta e pessoas dos mais variados lugares, credos, raças opinam sobre indivíduos e assuntos que nem sempre têm conhecimento de causa.

Glória Pires foi “alvo” desta nova maneira de fofocar. Sua atuação como comentarista da mais famosa premiação cinematográfica do mundo, o Oscar, rendeu milhões de comentários. Alguns diziam que a atriz estava doente, desinteressada, apática, não teria assistido os filmes, etc. No doutorado que participo o assunto também foi objeto de discussão.

Talvez, exatamente pela “performance” crítica, ela mereceria um prêmio. Glória Pires não é uma atriz desqualificada, ao contrário, quem já teve oportunidade de acompanhar suas entrevistas sabe que é uma mulher inteligente e muito competente na arte de representar. Por isso, embora tenha revelado posteriormente que não assistiu a todos os filmes, mas o fez como a maioria, ela sabia muito bem do que estava falando. As perguntas são: os internautas assistiram aos filmes concorrentes à premiação? Se tivessem assistido teriam competência para julgá-los? Conhecem a arte da interpretação? Os macetes de uma produção? Os jogos de poder implicados, por exemplo, nos patrocínios?

A atriz revelou nas expressões, que tantas vezes usou nos filmes e novelas, aquilo que talvez desejasse verbalizar, e, quem sabe por motivos outros, não pode! Assim, o que parecia ser falta de conhecimento de causa ou doença, pode, na realidade ter sido uma maneira de contestar. Um exemplo clássico foi citar como melhor filme um que não estava concorrendo, era um “longa-metragem” laureado numa premiação paralela, e que alguns críticos disseram não ter entrado na lista do Oscar por discriminação racial.

Teria a atriz, com anos de “representação” só que dizer amém ao politicamente correto dos comentaristas e imposição de suas poderosas empresas de comunicação? Não seria ela uma “heroína” ao quebrar conceitos e manifestar, ainda que não de maneira verbal, o que realmente pensa?

Por isso, trazendo o elemento do contraditório, daria um Oscar a Glória Pires e seria prudente aos internautas ficar mais atento às fofocas de comadres e suas proporções infinitas transformadas pelas redes sociais.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de dourados

Um Oscar para Glória Pires

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