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A Reforma de Bento XVI

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Diversas vozes alardearam que a maior reforma realizada por Bento XVI no seu pontificado foi a sua própria renúncia. Para um “mundo” cada vez mais materialista é difícil compreender gestos espirituais que têm implicações não só no momento, mas que deixam legados para a posteridade.

Diferente da visão simplista, daqueles que se alimentam apenas do noticiário da grande mídia, apresento-lhes alguns pontos que caracterizaram o período do Papa alemão, para tanto é preciso lançar um olhar sobre o Concílio Vaticano II, do qual Joseph Ratzinger foi um dos grandes peritos, ele mesmo alertou a todos da necessidade de reformas. Mas quais reformas a Igreja necessitaria fazer?

Na sua primeira fala na Praça de São Pedro, usou as seguintes palavras: “o Senhor, escolheu a mim, um simples operário da sua vinha”, demonstrando, que apesar da grande cultura, não esqueceu sua simplicidade; na Conferência de Aparecida, em 2007, ao abrir os seus trabalhos, disse: “É necessário que os cristãos sintam que não seguem um personagem da história passada, mas Cristo vivo, presente no hoje e no agora de suas vidas”, deixando claro que é a conversão realizada no encontro com Jesus Cristo, que transforma o mundo, porque o homem por si só não é capaz de transformar as estruturas.
Chamou a Igreja como um todo a aprofundar sua fé, saindo daquela fé superficial que não suporta fazer sacrifícios e renúncias.

No mesmo espírito do Concílio – que conclama a um retorno às fontes, enfrentou com coragem os casos de pedofilia na estrutura eclesial, escreveu três Encíclicas apresentando um Deus que é amor, que não é marxista ou capitalista, ideologias que adentraram em todas as esferas sociais, não escapando a própria Igreja, assim indicou quem deve conduzi-la.

Todavia, para muitos, seguir o espírito do Concílio seria fazer tudo o que a pós-modernidade propõe liberar tudo…, derrubar estruturas físicas e psicológicas para construir outras, mas essa reforma, longe de manter o catolicismo de pé, provocaria sua destruição. Como disse certa vez Madre Tereza de Calcutá, ao ser interrogado como mudar a Igreja, respondeu: “comecemos mudando eu e você”. Bento XVI, no verdadeiro espírito do Concílio, prevê cair tudo que não é de Deus: poder, materialismo, clericalismo, liberalismo, para ficarmos somente com Ele.

Sua renúncia foi mais um gesto consciente de quem participou do Concílio e o entendeu verdadeiramente. A Igreja desejada por Bento XVI, “o grande”, é mais simples, menor, terá menos influência política, mas será mais consciente, mais espiritual, por isso, mais social, fruto do amor a Cristo e não das ideologias mescladas de cristianismo.

De igual maneira, as especulações sobre sua renúncia e o próximo Conclave soam como invasão de sua vida, como se alguém se sentisse no direito de entrar em sua casa e determinar onde e como deveriam ser guardadas seus pertences, suas roupas, cartas, etc.

Agora, na eminência da eleição do próximo Pontífice aparecem especialistas em vaticano, com ares de entendidos e com “fontes seguras” que não podem citar, porque não existem, no máximo são frutos de suas próprias elucubrações como se fossem oriundas de fontes internas do Vaticano e/ou entrevistas com cardeais e outras pessoas confiáveis, para se mostrarem melhor informados do que a média dos seus leitores. Assim se comportam porque se acertarem nas notícias, por chute, esperam se tornar eminentes formadores de opinião, caso contrário, ninguém lembrará mesmo de suas insinuações maldosas.

A liberdade de imprensa é fundamental, ninguém dúvida (só alguns partidos desejam exterminá-la), mas é exatamente esta que invoco para mostrar a idiotice, senão a má intenção, dos comentários da mídia sobre Bento XVI.
Da minha parte, só posso dizer, obrigado santidade. Neste ano da fé, 50 anos do Concílio, posso compreender melhor – como sacerdote, o que significa mudar as estruturas, o que significa abrir as janelas da Igreja e deixar entrar o sopro do Espírito Santo. Mudaremos a Igreja se eu começar a mudança dentro de mim, quem não tiver coragem de dar tal passo, não suportará ser católico e vai encontrar todos os defeitos fora de si, nas estruturas eclesiais, para justificar sua saída.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Dourados – MS

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