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Bebida pode!

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Pe. Crispim Guimarães

No dia 16 de maio, juntamente com uma família amiga e mais dois colegas padres, fui à Expoagro de Dourados. Além das coisas, das pessoas bonitas e do show, fiquei observando alguns comportamentos, no mínimo curiosos, para não dizer assustadores.

Era difícil olhar nas quatro direções e não ver adolescentes com latinhas de cerveja, quando não, com garrafas de bebidas mais fortes. O que me impressionou foi perceber que aquelas bebidas eram vendidas dentro de um ambiente fechado, exatamente numa época em que se fala tanto em proteção à criança e ao adolescente. Fiquei receoso, por isso não usei logo os Meios de Comunicação para manifestar minha indignação, pois achei que poderia, em vez de despertar consciências, ser interpretado como moralista. No entanto, um grupo de educadores me veio falar sobre casos muito mais graves acontecidos no dia do show do Luan Santana, quando adolescentes chegaram a ter surtos provocados pela ingestão de álcool em demasia.

Tempos atrás, não no Mato Grosso do Sul, acompanhando um sobrinho menor numa festa para adolescentes, num clube, vi algo muito semelhante: jovens caídos por causa do excesso de álcool, o que caracteriza que o problema é nacional. Ali, fiquei a imaginar que os discursos de proteção a estes “pequenos cidadãos”, nem por parte dos pais e nem pelos estabelecimentos, que poderiam ser mais rigorosos, estão sendo cumpridos. É um caso de saúde pública e da derrocada de valores, pois é sabido por quem conhece um pouco de psicologia que, nesta fase, os jovens são muito vulneráveis e comportamentos viciosos podem ser desenvolvidos no futuro.

Que tipo de políticos estas “vítimas” serão daqui a dez ou quinze anos? Que tipo de pais, de padres, de pastores? Como se comportarão no mundo quando estiverem na idade adulta? Sem desejar manifestar moralismo, mas simplesmente alertar, os pais, os educadores, os estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas, a justiça, todos precisam olhar com carinho para este problema que toma proporções devastadoras. Diziam-me as professoras de um colégio douradense, que os alunos falam destes fatos como algo “muito natural” e como se pais e autoridades não existissem.

Mas este não é o único problema que precisamos olhar com carinho, e olhar com carinho significa mais que olhar, significa ajudar. Recentemente, com matérias muito reduzidas, foi noticiado que na cidade de Dourados, a cada dois dias uma criança é violentada. Confesso que não imaginava tamanha proporção. Isto causa indignação!

Dizem que estes casos já existiam antes, mas somente agora as vítimas estão aparecendo, pois elas mesmas denunciam ou outras pessoas tomam a iniciativa. Pode até ser, mas assim como o consumo de bebida entre adolescentes não era tão frequente, a violência contra menores acredito que também não fosse. Penso que há um problema de destruição de valores morais confundidos com situações conservadoras. Tudo que evoca a moral logo é qualificado como preconceituoso e arcaico.

Diante da calamidade que se anuvia, não é mais possível fechar os olhos e fazer de conta que tudo é fruto do modernismo, ou que é assim mesmo, pois estamos em outras épocas. De fato, os tempos são outros, porém, valores éticos não mudam ao sabor do vento, são eles, pelo contrário, que garantem a durabilidade da sadia convivência entre todos. Pais, educadores, poderes públicos (judiciário), devemos nos ajudar mutuamente nesta “guerra”.

Coordenador de Pastoral da Diocese de Dourados

Pe. Crispim Guimarães

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