09/05/2016 15h
Dom Henrique: Igreja em Saída!
Artigo de nosso bispo diocesano, publicado originalmente na Revista ‘O Elo’ do mês de maio/2016
O grande desafio da Igreja hoje é a de ser missionária. Porém, extremamente necessária para a sua vitalidade e crescimento. “Como gostaria de encontrar as palavras para encorajar uma estação missionária mais ardorosa, alegre, generosa, ousada, cheia de amor, até o fim, e feita de vida contagiante,” diz Papa Francisco. Ele lembra que o anúncio do evangelho é a primeira e constante preocupação da Igreja, é o seu compromisso essencial, o seu maior desafio e fonte de renovação. Essa missão será sempre desafiadora. No dia em que ela deixar essa dimensão de lado, nada mais lhe resta fazer nesta terra. Hoje, o problema maior não é a falta de dinheiro, distância geográfica, recursos humanos etc. e sim falta de missão mesmo. Isto é, vontade de fazê-la. Vivemos num mundo bem mais acomodado, mais isolado do outro, mais individualista. A cultura do eu. O outro é apenas mais um. Muitas vezes não é visto como meu irmão, minha irmã. Isso faz parte da cultura contemporânea, exclusivista. Como Igreja, precisamos estar atentos.
O grande desafio é cuidar da missão. Gerar cultura missionária. Transformar estruturas paroquiais em algo decididamente missionário. Não é difícil celebrar sacramentos: eucaristia, batismo, matrimônio, penitência e unção dos enfermos. Há uma expressão interessante diante desse desafio da Igreja em saída: O desafio imperioso de transformar essa prática milenar em missão capaz de gerar vida nova na vida das pessoas (cf. DAp 370).
Como na maioria das vezes ficamos presos em práticas devocionais. Que é bom, mas não vai adiante dentro do desafio missionário. É mais fácil ficar na igreja do que sair nas ruas. Visitar pessoas que estão distantes da vida da Igreja. Estão nas periferias da vida, da sociedade, da política etc. Como chegar nelas, fazer grupo de rua com elas e despertar o valor da vida delas em Deus, na sociedade. Trazê-las pra dentro do meio. Sair da periferia da “vida”. A missão tem essa força. A Palavra de Deus pode suscitar anseios, desejos, aspirações para viver melhor o valor da vida em todos os sentidos. Porém, é desafiante. Os Agentes (os discípulos missionário) precisam sair; deslocar da vida da igreja (edifício) e se lançar para fora. Precisa-se de coragem, aprendizado, discernimento, fé e despojamento.
Ao olharmos os evangelhos, Jesus está sempre em movimento. Se deslocando de um lugar para outro. Em algum momento ele diz que precisa ir a outros lugares porque lá também são ovelhas que precisam entrar no seu redil.
Desde o lançamento do Documento de Aparecida em 2007, com o Papa Bento XVI, a Igreja Católica do Brasil vem debruçando em esforços para colocar isso em prática contínua. Muitos lugares já estão avançados essa nova maneira de evangelizar com experiências muito fortes e aprofundada em se tratando de missionariedade. Não podemos perder de vista esse projeto maravilhoso da Igreja do Brasil.
Na nossa Diocese inclusive mais uma vez entrou nas prioridades diocesanas essa temática. E vamos aprofundá-la cada vez mais. Algumas paróquias têm experiências bem positivas que inclusive pode orientar outras que por ventura ainda não entrou nessa dinâmica ainda. Outras até já fizeram, mas ficou no modelo de missionariedade temporária. O que a Igreja pede hoje que esse modelo seja contínuo, perene, permanente. Nesse trabalho é muito importante destacar o protagonismo dos Leigos na Igreja. O padre sozinho não vai conseguir muita coisa. É preciso que todo o corpo da Igreja se envolva para que tenha bons resultados e perseverança!
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo: Para sempre seja Louvado!
Dom Henrique Aparecido de Lima, C.Ss.R.
Bispo Diocesano de Dourados
| Artigo publicado originalmente na Revista ‘O Elo’ do mês de maio/2016
