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No amor não há disputas

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01/07/2016 07h21

No amor não há disputas

Dia 28 de julho, a Igreja acompanhou um dos mais belos capítulos de sua história de 20 séculos, um Papa homenageando outro Papa, por ocasião dos seus 65 anos de sacerdócio.

Para muitas pessoas este acontecimento possa parecer sem importância. Se o fato for interpretado a partir do mundo das celebridades, diria que sim, mas o que se viu foi uma forte presença de Deus, apesar de uma celebração litúrgica muito singela.

As palavras dos Papas foram carregadas de simbolismos, simplicidade e espiritualidade. O Papa Francisco, quis pessoalmente expressar sua admiração e carinho pelo Papa emérito, Bento XVI. Suas palavras revelaram a dimensão da admiração do bispo de Roma pelo seu predecessor. Ao recordar a longa trajetória do Padre Joseph Ratzinger, hoje Bento, Francisco buscou nas Palavras de Jesus dirigidas a Pedro “Tu me amas?”, motivos para salientar que este homem se fez sacerdote por amor, e por isso lhe foi confiado o pastoreio da Igreja em tantas ocasiões.

Reconheceu a grande contribuição acadêmica do Padre Ratzinger, que fez da teologia a “busca do amado”. Por isso, disse Francisco: “E assim, precisamente vivendo e testemunhando hoje em modo tão intenso e luminoso esta única coisa realmente decisiva – tendo o olhar e o coração voltados a Deus – o senhor, Santidade, continua servindo a Igreja, não deixa de contribuir realmente com o vigor e a sabedoria para o crescimento dela”.

O pontífice salientou que o pequeno Mosteiro Mater Ecclesiae, dentro do Vaticano, lugar simples e despojado, onde vive o emérito, revela o coração de Bento, tornando-se inspiração também para Francisco que tomou este nome em homenagem ao santo da simplicidade. O Convento onde vive Bento, segundo Francisco, é um lugar que “emana uma tranquilidade, uma paz, uma força, uma confiança, uma maturidade, uma fé, uma dedicação e uma fidelidade que me fazem tão bem e dão força para mim e para toda a Igreja”. Não é o convento em si que transmite paz e tranquilidade, mas quem nele vive.

Surpreendentemente Bento XVI, de improviso, apesar dos seus quase 90 anos de idade, dirigiu aos presentes algumas palavras, mostrando uma imensa lucidez e paz interior. Ao agradecer ao Papa atual, o emérito disse: “obrigado especialmente ao senhor, Santo Padre! A sua bondade, desde o primeiro momento da sua eleição, em cada momento da minha vida aqui, me toca, realmente e me eleva interiormente. Mais do que nos Jardins do Vaticano, com a sua beleza, a Sua bondade, é o lugar onde eu moro: Sinto-me protegido”.

A força interior e a espiritualidade deste homem impressionam, não é o lugar físico que lhe faz bem, não são os muros do Vaticano que o protegem, mas a presença de Pedro, outrora representado nele mesmo e agora em Francisco, que se tornou o lugar de alegria do homem que na Igreja provocou uma revolução, não porque criou grandes estruturas, mas pelo amor a Deus, especialmente revelado ao deixar o cargo que para muitos representa poder, para ele, no entanto, é somente serviço. Visível e claro: não são as falsas seguranças que o instigam a viver.

A demonstração da maturidade de fé foi palpável nas comemorações deste evento de grande expressão espiritual, e ao mesmo tempo, socialmente tão singelo. O ocorrido revela uma faceta maravilhosa da Igreja de Cristo, que faz brotar a face do serviço, do amor ao SENHOR. No coração destes dois homens não existe lugar para a disputa de poder, Deus é a única causa que os movem.

Roma, porém, não está distante de nós, lá convivem dois bispos, o emérito e o titular, aqui vemos também a convivência fraterna e harmoniosa dos nossos dois bispos, Dom Redovino, nosso emérito e Dom Henrique, no exercício do governo da diocese, que acolhe e cuida daquele que ofereceu sua vida em oblação nos últimos 15 anos à frente da Igreja Católica de Dourados.

Que estes modelos sejam para todos, exemplos de que o poder só realiza quando exercido com amor e espírito de desprendimento. Como Bento, sejamos disponíveis para receber a novidade da vida (Deus) e ajudar para a transubstanciação do mundo: “um mundo não de morte, mas de vida; um mundo em que o amor venceu a morte”.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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