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Hoje a Igreja celebra: Santos Cornélio e Cipriano

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Santos Cornélio e Cipriano

Sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Unidos pela fé e sangue, encontramos como exemplo de amizade e santidade estas testemunhas de Cristo, que foram martirizados no mesmo dia, porém, com diferença de cinco anos.

São Cornélio

Cornélio tinha sido eleito Papa em 251, após um grande período de ausência do pastor por causa da terrível perseguição de Décio. Sua eleição foi contestada por Novaciano, que acusava o Papa de ser muito indulgente para com os que haviam renegado a fé (lapsos) e separaram-se da Igreja.

Por causa dos êxitos obtidos com sua pregação, foi processado e exilado para o lugar hoje chamado Civitavecchici, onde Cornélio morreu. Foi sepultado nas catacumbas de Calisto.

São Cipriano

Uma das grandes figuras do século III, Cipriano, de família rica de Cartago, capital romana na África do Norte. Quando pagão era um ótimo advogado e mestre de retórica, até que provocado pela constância e serenidade dos mártires cristãos, converteu-se entre 35 e 40 anos de idade.

Por causa de sua radical conversão muitos ficaram espantados já que era bem popular. Com pouco tempo foi ordenado sacerdote e depois sagrado Bispo num período difícil da Igreja africana.

Duas perseguições contra os cristãos ocorreram: a de Décio e Valeriano. Estas perseguições marcaram o começo e o fim de seu episcopado, além de uma terrível peste que assolou o norte da África, semeando mortes. Problemas doutrinários, por outro lado, agitavam a Igreja daquela região.

Diante da perseguição do imperador Décio em 249, Cipriano escolheu esconder-se para continuar prestando serviços à Igreja. No ano 258, o santo Bispo foi denunciado, preso e processado. Existem as atas do seu processo de martírio que relatam suas últimas palavras do saber da sua sentença à morte: “Graças a Deus!”

Santos Cornélio e Cipriano, rogai por nós!


Hoje: Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio


Leituras

Primeira Leitura (1 Timóteo 6,2-12)
Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo.

Caríssimo, e os que têm patrões que abraçaram a fé, nem por isto os menosprezem, sob pretexto de serem irmãos. Ao contrário, deverão servi-los ainda melhor, pelo fato de que eles são fiéis amados de Deus e participantes de seus benefícios. Tal deve ser o tema de teus ensinamentos e de tuas exortações.

Quem ensina de outra forma e discorda das salutares palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, bem como da doutrina conforme à piedade,
é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, doentio por questões ociosas e contendas de palavras. Daí se originam a inveja, a discórdia, os insultos, as suspeitas injustas, os vãos conflitos entre homens de coração corrompido e privados da verdade, que só vêem na piedade uma fonte de lucro.
Sem dúvida, grande fonte de lucro é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de desprendimento.

Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar.
Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto.
Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do demônio e em muitos desejos insensatos e nocivos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição.

Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições.
Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão.
Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas.


Salmo 48/49

Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.

Por que temer os dias maus e infelizes,
quando a malícia dos perversos me circunda?
Por que temer os que confiam nas riquezas
e se gloriam na abundância de seus bens?

Ninguém se livra de sua morte por dinheiro
nem a Deus pode pagar o seu resgate.
A isenção da própria morte não tem preço;
não há riqueza que a possa adquirir,
nem dar ao homem uma vida sem limites
e garantir-lhe uma existência imortal.

Não te inquietes quando um homem fica rico
e aumenta a opulência de sua casa;
pois, ao morrer, não levará nada consigo,
nem seu prestígio poderá acompanhá-lo.

Felicitava-se a si mesmo enquanto vivo:
“Todos te aplaudem, tudo bem, isto que é vida!”
Mas vais-se ele para junto de seus pais,
que nunca mais e nunca mais verão a luz!


Evangelho (Lucas 8,1-3)

Depois disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de Deus.

Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios;
Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Maria Madalena explica…

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz – Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Maria Madalena, a Senhora é citada nesse evangelho de Lucas 8, 1-3, junto com mais duas mulheres, Joana e Susana, e o Lucas está falando aqui, que só da Senhora saiu sete demônios, é verdade?

Maria Madalena: Ah é verdade sim, mas eu queria lembrar que evangelho escrito não é reportagem jornalística, ele tem um significado especial, trata-se de uma experiência de vida das primeiras comunidades, algo vivido antes de ser escrito no período pós pascal, mais ou menos 70 a 90 anos depois de Jesus.

Minha nossa Senhora, tudo isso? Mas então Lucas andou inventando essas coisas?

Maria Madalena – Claro que não! Acontece que o conservadorismo de algumas comunidades que Lucas conhecia bem, deixava as mulheres meio marginalizadas, como era no judaísmo, o nosso Mestre Jesus rompeu com essa linha machista, e no seu Reino de justiça e igualdade, nós mulheres também fomos chamadas, o escritor Lucas só está lembrando as comunidades que entre os discípulos de Jesus havia também mulheres, que sempre ajudavam de alguma forma, minhas duas irmãs de comunidade, a Joana e a Susana, por exemplo, eram abastadas e davam ajuda econômica ao grupo, sendo fiéis seguidoras. Quando aos sete demônios, só posso dizer que a experiência com Jesus mudou a minha vida totalmente, não eram demônios no sentido de possessão demoníaca, mas sim em atitudes e modos de pensar, que não eram ditados pelos valores do evangelho, mas sim pelas forças do mal que me dominavam antes de conhecer Jesus. Minha vida era totalmente desregrada e como sete é o número da plenitude, os escritores do NT quiseram dizer que eu estava “cheia” do Mal.

Mas Maria Madalena, esse evangelho tem uma reflexão atual também, ou é algo lá do passado, em um contexto que nada tem a ver com o nosso mundo de hoje?

Maria Madalena – Puxa Vida, claro que tem! No antigo judaísmo, no tempo de Jesus, e também nas comunidades Lucanas, havia preconceito contra as mulheres até nas comunidades, e muitas eram bastante exploradas… E hoje com certeza há certas situações onde as mulheres são marginalizadas e exploradas pelo sistema, não é mesmo? Ao acolher mulheres no grupo dos seus seguidores, o Mestre Jesus denuncia o sistema que oprime, marginaliza e explora, seja ele político-econômico ou mesmo religioso. Quanto a experiência que eu fiz, vocês cristãos do terceiro milênio com certeza já fizeram nas comunidades.

2. Um grupo de discípulos formado por homens e mulheres

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva – e disponibilizado no Portal Paulinas)

Lucas, no prólogo de seu evangelho, propõe-se a fazer um relato de modo ordenado dos acontecimentos relativos a Jesus. A ordem proposta não é no sentido de linearidade histórica, mas em uma perspectiva teológica da compreensão da Boa Nova de Jesus.

A introdução “depois disso” não significa uma sucessão temporal, mas uma sucessão lógica das suas narrativas. Esta é a única vez que, nos evangelhos, ao longo do ministério de Jesus, se menciona um grupo de discípulos formado por homens e mulheres, sendo estas identificadas nominalmente. Na narrativa da paixão elas aparecerão, particularmente estas que acompanhavam Jesus desde a Galiléia (Lc 23,55).

Sobre as mulheres é dito que tinham sido curadas. Isto é, tinham sofrido as conseqüências da exclusão social e de gênero, mas sentiam-se libertadas por Jesus. Seguiam Jesus e serviam o grupo.

Elas já entenderam e praticavam o serviço, que é a característica fundamental do Reino. Sobre os doze não se diz nada. Mas mais adiante estarão discutindo sobre quem seria o maior. Estes estão ainda possuídos da ideologia davídica em vista de um messias poderoso.

Em torno de Jesus, sob o seu fascínio, reúnem-se discípulos e discípulas que vão amadurecendo. Surgem relações novas entre homens e mulheres, caracterizadas pela liberdade, solidariedade e serviço.

3. A SERVIÇO DO REINO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Para aceitar as mulheres como servidoras do Reino foi preciso que Jesus superasse a mentalidade judaica a qual as considerava espiritual e moralmente inferiores aos homens. Por isso, indignas de receberem instrução religiosa semelhante aos homens e, muito menos, tornar-se discípulas de um mestre que se prezasse.

O gesto de Jesus, que aceitou a colaboração das mulheres ao lado dos Doze, era uma prova evidente de que reconhecia a dignidade das mulheres, colocando-as no mesmo nível espiritual e moral dos homens.

As seguidoras do Mestre eram movidas por um profundo senso de gratidão. Todas tinham feito a experiência da misericórdia de Jesus, uma vez que “foram curadas de espíritos malignos e de enfermidades”. Pôr-se a serviço de Jesus e, por extensão, a serviço dos mais necessitados, era a forma melhor de se mostrarem agradecidas. De Maria Madalena afirma-se terem sido expulsos sete demônios, isto é, fora curada de uma doença extremamente grave. Tendo sido salva da morte, colocou-se a serviço da vida.

Estas mulheres demonstraram a Jesus uma fidelidade a toda prova. Estiveram junto dele até a cruz, quando os discípulos, abandonando o Mestre, puseram-se em fuga. E, assim como foram testemunhas da crucifixão, serão também as primeiras testemunhas da ressurreição. Quem manifestou maior amor por Jesus, teve o privilégio de experimentar, antes dos discípulos, a alegria de sabê-lo ressuscitado.

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