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Álcool já matou 10 na aldeia em 2012: vício é o protagonista dos crimes

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Álcool já matou 10 na aldeia em 2012: vício é o protagonista dos crimes

Valéria Araújo do Dourados Agora

O álcool vem sendo o protagonista das mortes na Reserva Indígena de Dourados. Em apenas um bimestre, 10 indígenas morreram no município. Em todos os casos os crimes estão associados ao álcool. O alto índice de dois meses já representa 1/3 das mortes de todo o ano passado. Em 2011 foram 30 mortes.

De acordo com dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), dos crimes deste ano, quatro homicídios foram causados por ferimentos com armas brancas como facas e facões.

Houve um acidente de trânsito, que matou um indígena, um afogamento e dois casos de enforcamentos e um suicídio via ingestão de veneno. O caso que mais chamou a atenção é a da indígena Pedrina Bogarin, de 69 anos. Ela foi esquartejada. O crime aconteceu em janeiro deste ano. Braços e cabeça, separados, foram encontrados enterrados, em baixo do corpo. Já as pernas estavam atiradas bem distante do corpo.

Em fevereiro foi velório do indígena Josivaldo Rodrigues Brites, de 19 anos. Ele foi encontrado morto a paulada e facadas, na Aldeia Bororó. Foi atingido várias vezes na cabeça, pescoço, queixo e peito, além de um golpe que rachou o crânio. Uma das tias da vítima, disse na ocasião disse que a violência predomina na Reserva.

“À noite muitos jovens andam com facão em punho e amarram camisetas nos rostos para dificultar a identificação. Estes grupos, chegam, batem, e ameaçam. Ninguém faz nada. Alguns utilizam arame de cerca para derrubar motos e para espantar quem passa. Estamos revoltados porque aqui a criminalidade prevalece”, desabafa. Recentemente a Polícia Civil informou que todos os casos foram resolvidos na Reserva.

De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Fernando da Silva Souza, os altos índices de violência têm preocupado as entidades ligadas ao índio.

A maioria são jovens. Na opinião de Fernando ainda falta um controle para a entrada e consumo do produto na Reserva. Fernando acredita que o combate deve começar desde cedo com as crianças. “É preciso a criação urgente de políticas públicas que levem atividades extracurriculares aos alunos. Isto minimiza o contato com álcool e drogas”, destaca.

EVASÃO ESCOLAR JÁ ATINGE 25% ENTRE ALUNOS A PARTIR DOS 11 ANOS
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EVASÃO

O contato com o álcool e com as drogas é preocupante para lideranças indígenas. O vice capitão do Conselho Indígena da aldeia Jaguapiru, Silvio de Leão Machado, acredita que das crianças com idade a partir dos 11 anos estejam em contado com as drogas. De acordo com coordenador da Escola Tengatui Marangatu, Maximino Rodrigues, por causa do contato precoce com as drogas, há uma evasão escolar em torno de 25%.

De acordo com ele, estas crianças acabam abandonando as aulas para manter o vício. Em outros casos a escola perde o aluno para o trabalho no tráfico. “Muitos jovens fazem o trabalho formiguinha de venda de drogas para os traficantes instalados nas reservas”, destaca.

Segundo ele, muitos materiais como armas brancas e drogas estão sendo apreendidos na Escola. Tudo vai para a Polícia Federal. A maconha, segundo ele, seria a droga mais utilizada por adolescentes. “Aqui eles chamam o entorpecente de nóia. Infelizmente quando entram neste vício perdem o controle e saem da escola.

Em outros casos querem agredir supostos inimigos. Infelizmente não podemos controlar o que acontece fora da escola, porém aqui dentro estamos trabalhando incansavelmente para conter estes abusos. Neste sentido estamos recebendo apoio da Força Nacional que vem realizando abordagens frequentes na porta da escola”, destaca.

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