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Um dia histórico

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Um dia histórico

Dia 14 de novembro foi marcado pelo trabalho “cívico” e destemido da Polícia Federal e do Ministério Público, que prenderam muitos envolvidos no “petrolão”, dentre eles empresários importantes, sinalizando que ainda vivemos num país em que a lei pode funcionar para todos.

Infelizmente, a mesma disposição não acontece no Congresso Nacional, onde a CPI da Petrobras não avança. É ainda mais preocupante o congelamento moral da consciência popular, que parece não se escandalizar mais com tanta corrupção, abrindo assim um leque perigosíssimo para que malfeitores “percam de vez a vergonha” e roubem sem medo.

Dois dos principais medos das pessoas que vivem em sociedades avançadas são a cadeia e a reprovação social. Poucos são os ricos que chegam à cadeia, aliás, são poucos os que entram nela. E os que lá chegam, dificilmente permanecem muito tempo. Alguém lembra dos mensaleios? Quantos ainda estão na cadeia? Neste caso específico, algo é extremamente perigoso, alguns deles defendem, além de não permanecer na cadeia, também não devolver o dinheiro roubado.

O segundo medo, é a reprovação social; mas se o povo se acostuma com a corrupção, o indivíduo pode até ter seu nome colocado nas páginas policiais, depois de solto, simplesmente é esquecido e/ou seus atos considerados não tão graves, sobretudo se tem dinheiro para bancar bons profissionais do direito. Então por que não roubar, já que logo poderá voltar ao convívio social, como se nada tivesse acontecido?
A gravidade da situação é de escandalizar qualquer um em sã consciência, não é possível tamanho congelamento da consciência do povo brasileiro, já que da parte de algumas autoridades existe o desejo de cercear tais operações policiais, assim aconteceu quando o Ministro da Justiça tentou “calar a boca” de órgãos da imprensa e da própria polícia, através de intimidações a delegados e demais agentes que se manifestaram sobre a corrupção.

A corrupção que levou aos atos democráticos dos chamados “caras pintadas”, desencadeando a saída de Fernando Collor de Melo da presidência, nem de longe se compara a corrupção descoberta agora. Não está provado que a mandatária esteja envolvida. Mas vale ressaltar que a Polícia e o Ministério Público nos orgulham como brasileiros ao cobrar lisura, inclusive aos grandes da nação: políticos e empresários, embora pareça que a população ainda não tenha se dado conta do montante financeiro que envolve a tramoia.

Um dos delatores, Barusco, comprometeu-se a devolver US$ 97 milhões, o equivalente a R$ 252 milhões, desviados da Petrobras. Ele é um intermediário, e sozinho se comprometeu a devolver uma fortuna, o que pensar dos cabeças?

As autoridades da justiça fazem o trabalho que lhes compete, mas a classe política e os demais envolvidos tentam de todas as maneiras coibir o esclarecimento desse imbróglio, negando fatos que, quando vêm a público, somente assim, são obrigados a concordar.

Por isso, as delações premiadas podem devolver aos cofres da nação mais de 500 milhões de reais. E os desvios que não fazem parte da delação premiada, quantos bilhões envolvem?

É esta pressão que a população não tem feito. Devia haver claras manifestações de apoio à justiça que age contra estes delitos, para encorajá-la e fazer ver àqueles que não querem esclarecimentos, que a população está atenta e cobra punições aos culpados.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral

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