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Iniciativas promovem catequese voltada para pessoas com deficiência em várias partes do Brasil

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03/12/2018 07h37

Iniciativas promovem catequese voltada para pessoas com deficiência em várias partes do Brasil

As pistas de ação deste documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bem como as indicações do Documento 107, “Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários”, fundamentam iniciativas promovidas Brasil afora para uma catequese inclusiva.

CNBB

Nesta segunda-feira, é celebrado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. A Igreja tem sido presença marcante no trabalho voltado a estas pessoas que, no Brasil, são mais de 45 milhões com algum tipo de deficiência. No âmbito da catequese, há uma atenção especial com iniciativas de formação e integração com a comunidade, em vista da preparação para os sacramentos.

Os bispos do Brasil garantem, no Diretório Nacional de Catequese, que as pessoas com deficiência têm o mesmo direito à catequese, à vida comunitária e sacramental que o restante da comunidade. As pistas de ação deste documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bem como as indicações do Documento 107, “Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários”, fundamentam iniciativas promovidas Brasil afora para uma catequese inclusiva.

Em Cascavel (PR), uma equipe de cerca de 10 pessoas está envolvida em um projeto arquidiocesano de Catequese Inclusiva, entendida como “o direito de toda pessoa com deficiência na participação da vida da Igreja e o dever da comunidade eclesial de envolver estes irmãos como sujeitos no processo de transmissão da fé”, explica Angelita da Cunha, que faz parte desta equipe de catequese inclusiva arquidiocesana. Ela ressalta o compromisso coletivo com envolvimento do clero, de catequistas, catequizandos, familiares e comunidade.

“A partir de uma profunda vivência espiritual da Palavra de Deus, fruto de sua oração e reflexão pessoal diária, e acrescida de todo o conhecimento sistematizado, o catequista estará apto a levar a catequese inclusiva para aqueles que até o momento estiveram ou estão à margem da catequese. A formação continuada e permanente dará suporte ao catequista, fortalecendo-o diante dos muitos desafios inerentes ao seu trabalho na sua paróquia”, comenta Angelita, reforçando o trabalho de formação para os catequistas em vista da atuação inclusiva.

A ação em Cascavel está em sintonia com a preocupação do regional Sul 2 da CNBB com a formação dos catequistas que atuam junto à pessoa com deficiência. Desde 2015 realiza-se, anualmente, um encontro formativo que conta com a participação de catequistas das mais diversas áreas e também alguns com deficiência, em sua maioria com deficiência auditiva.

Na arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), há um serviço de “catequese especial” há cerca de 40 anos. Dentro do processo de iniciação cristã, é coordenado por Rosali Villa Real e Fátima Lopes Martins. Elas são responsáveis por 35 núcleos já instalados em paróquias da arquidiocese e pelo curso de capacitação, que acontece em dois períodos de três meses a cada ano. A Catequese Especial atende pessoas com deficiência cognitiva, com síndromes com comprometimento cognitivo e com transtornos mentais. Também está estruturada a Pastoral para Pessoas com Deficiência (PASPED) com outros trabalhos de evangelização neste campo. Há ainda uma colaboração da catequese especial com o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

“A catequese especial existe para preparar os catequizandos para acompanhar este movimento se for o caso de inclusão”, explica Rosali. Ela chama atenção para o fato de que há muita gente que acha que a catequese especial se prepara como um “gueto”, no qual se separa as crianças e adolescentes com deficiência dos demais, mas não é bem assim. Para a coordenadora, é possível uma inclusão realmente verdadeira.

Para isso, deve ter uma preparação tanto da comunidade paroquial – “para receber, enxergar, acreditar, aceitar” – quanto do catequizando. “Temos caso de pessoas que mudam de banco quando percebem que tem um ‘especial’ do lado”, lamenta Rosali.

Este é um entre os vários desafios. Rosali conta que para muitos não é possível acompanhar a metodologia da catequese regular; em turmas com muitas crianças, sendo duas com algum tipo de deficiência, o catequista pode ter dificuldades de desempenhar o trabalho de forma satisfatória. Outro ponto é o “tempo de concentração”, que para as pessoas com deficiência é muito menor que na catequese regular.

Um dos desafios pode ter se tornado potencialidade no trabalho de catequese especial no Rio de Janeiro. Neste ano, o grupo conseguiu incluir na formação dos padres uma intervenção em relação à catequese especial. “Agora, é feita uma demonstração da catequese especial nos seminários. Nós temos um grande desafio de mostrar aos nossos sacerdotes a importância da catequese especial, espaços físicos acessíveis, salas reservadas”, enumera Rosali.

Iniciativa interessante foi realizada pela irmã Lúcia Imaculada, das Irmãs de Belém: “Ela dividiu os seminaristas que ela acompanha em grupos de 10 e fez com que eles visitassem as pastorais e todos os grupos visitaram a catequese especial, foi muito interessante, muito proveitoso”, comemora Rosali Vila Real.

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