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Creio na vida eterna!

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Creio na vida eterna!

No dia 12 de outubro de 2010, Bento XVI criou o “Conselho para a Promoção da Nova Evangelização”. Formado por prelados, religiosos e leigos preocupados com o fenômeno da descristianização do Ocidente, seu objetivo é colocar-se «a serviço das Igrejas particulares, especialmente nos territórios de antiga tradição cristã, onde se manifesta mais claramente o fenômeno da secularização».

Como acontece com outros conceitos em voga, por secularização pode-se entender um fato positivo ou negativo. Positivo, quando o assunto é a autonomia das realidades terrenas, levando o cristão a «dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César» (Mt 22,21), sem instrumentalizar nem a religião nem o Estado. Negativo, quando se refere a comportamentos e preconceitos contrários à religião e à fé. Nesse caso, é preferível recorrer ao termo “secularismo”.

Fruto do orgulho humano, enfatuado pela ciência e pelo progresso, o secularismo se identifica com o materialismo e, de acordo com o momento e a situação, se camufla sob as vestes do laicismo, do relativismo moral e do pluralismo cultural. Uma de suas conseqüências práticas é a negação da vida após a morte, de acordo, aliás, com a doutrina de alguns de seus líderes, para quem o único paraíso é o que se constrói aqui e agora. Era o que afirmava Hegel (1770/1831), um dos pais do socialismo: «Os cristãos desperdiçam no céu a energia destinada à terra».

Mas não é apenas a sociedade manipulada pela esquerda ou pela direita que não se preocupa com a vida além-túmulo. Há padres e pastores que jamais tocam no assunto, pelo medo de alienarem seus fiéis e passarem por antiquados. Kierkegaard (1813/1855) – que além de filósofo era também teólogo – se escandalizava com o que via em sua Igreja: «A vida após a morte tornou-se uma piada, algo tão incerto que não só a ninguém preocupa, mas nem mesmo se admite existir. Há pessoas que se divertem lembrando que houve tempos em que essa ideia era capaz de transformar a existência».
Perdendo-se o horizonte da eternidade, porém, a vida humana, sobretudo em seus momentos dolorosos, acaba um absurdo. Não por nada a violência, a depressão e o suicídio são apanágios de sociedades que passam por desenvolvidas porque… materialistas! Se tudo termina com a morte, então, “quem pode mais, chora menos!” Era o que, com palavras mais escolhidas, afirmava São Paulo: «Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, pois amanhã morreremos!» (1Cor 15,32).

A quem se admirava que um escritor e filósofo de sua envergadura acreditasse na vida eterna, Miguel de Unamuno (1864/1936) – que não era nenhum apologista da fé! – respondia: «O que é passageiro não me satisfaz; tenho sede de eternidade! Sem ela, a alegria de viver nada significa. Mas não é que, por desejar a eternidade, eu despreze o mundo e a vida aqui na terra. Eu amo tanto a vida que, para mim, perdê-la, é o pior dos males. Não ama a vida quem vive o dia-a-dia, sem se preocupar por saber se vai perdê-la ou não».

Diferentemente do que pensavam Hegel e Marx, o ideal e a esperança do paraíso fortalecem também o compromisso e o empenho com a construção de um mundo melhor. É o que lembrava o Concílio Vaticano II, em 1965: «A esperança de novos céus e nova terra, longe de atenuar, deve impulsionar a solicitude pelo aperfeiçoamento dessa terra».

Como conclusão, uma estória para quantos – pela idade, pela doença ou pelo acaso (que não existe!) – se preparam para ingressar na vida eterna. Havia uma vez dois gêmeos, um menino e uma menina, tão inteligentes e precoces que, apesar de se encontrarem ainda no seio materno, conversavam entre si. Certo dia, estabeleceu-se o seguinte diálogo entre a menina e o irmão: «Para você, existe vida após o nascimento?». «Não seja ridícula! O que leva você a pensar que há algo fora desse espaço estreito e escuro onde estamos?». «Talvez haja uma mãe, alguém que nos colocou aqui e que vai cuidar de nós». «Mas, onde está essa mãe? Tudo o que existe é o que você vê aqui». «Mas você não sente uma pressão no peito, que aumenta dia a dia e nos empurra para a frente?». «Pensando bem, é verdade, sinto isso o tempo todo». «Veja, essa dor não pode ser para nada. Eu acho que ela está nos preparando para algo maior do que esse espaço tão pequeno!».

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo da Diocese de Dourados

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