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É preferível morrer de vodka do que de tédio!

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É preferível morrer de vodka do que de tédio!

No dia 6 de março, em Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, uma adolescente de 17 anos se matou com a arma do padrasto, após a família se mostrar chateada pelo relacionamento amoroso que ela mantinha pelas redes sociais com um homem muito mais velho, residente na França.

Na manhã daquela sexta-feira, após ter sido advertida pela mãe, a jovem ficou nervosa e se deu um tiro coração. De acordo com o delegado de polícia, «os pais estavam preocupados com esse contato. Não sabiam da intenção da pessoa do exterior. Sendo ela mais velha, poderia estar havendo até mesmo um caso de aliciamento».

Se não fossemos cristãos, talvez nem nos preocupássemos com o fato, que seria visto apenas como um número a mais dentre as 883.000 pessoas que, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, todos os anos, se tiram a vida. Por incrível que possa parecer, os suicidas superam as vítimas das guerras, dos homicídios e dos desastres naturais – que, somadas, chegam a 669.000 por ano.

Quando, porém, o suicida leva consigo 150 pessoas inocentes, é natural que nos perguntemos sobre os rumos da humanidade. Na manhã do dia 24 de março, o Airbus 320, que fazia o voo entre Barcelona e Duesseldorf, espatifou-se entre as montanhas no sul da França. De acordo com os dados oferecidos pela caixa preta do avião – e pelas deduções a que chegaram os peritos e promotores que investigaram o caso –, o copiloto Andreas Lubitz cometeu suicídio ao se recusar a abrir a porta ao piloto que se afastara por uns momentos e ao apertar o botão para o avião descer.

Estudos recentes atestam que o ritmo dos suicídios está crescendo em toda a parte e a cada ano que passa. E, por mais que alguns políticos ou sociólogos digam o contrário, a motivação principal não é econômica. De fato, os países onde mais ele se verifica, tanto entre os jovens como entre os adultos, ocupam os primeiros lugares no ranking do desenvolvimento, como o Japão, a Suíça e a Suécia.

Dentre os motivos que se costuma apresentar para tentar explicar esse “não” à vida, estão a solidão e o isolamento, apesar de estarmos inseridos num mundo cada vez mais globalizado, em que as redes e a mídia estão na crista da onda. O que acontece, é que a verdadeira comunicação vai muito mais além, e se fundamenta no respeito, na escuta, na proximidade, na compreensão de e com quem está ao nosso lado. É esta a opinião do psiquiatra Humberto Corrêa, especializada em suicídios: «Quanto maiores os laços sociais em uma cultura, menores serão as taxas de suicídio!».

Poder-se-iam acrescentar vários outros motivos, como o vazio existencial, criado pela busca desenfreada de bens e de prazeres, gerando uma ansiedade que nada consegue saciar. Há pais que, por terem lutado demais em sua juventude para ganharem um lugar ao sol e não quererem que os filhos passem pelas mesmas dificuldades – ou para evitar maiores problemas em casa! –, não se sentem com forças suficientes para dizer um “não” a seus filhos. Assim, muitos jovens não estão mais habituados a enfrentar dificuldades ou pessoas que não concordem com suas vontades. Não será por isso que cresce assustadoramente a violência entre eles? Se tudo, na vida, se resume ao sucesso e ao prazer, ninguém pode se opor. Quem se atreve a fazê-lo, morre!

A esse respeito, é sintomático o que aconteceu com um estudante paulista de 23 anos, falecido no dia 28 de fevereiro, depois de ingerir 25 doses de vodca, numa das festinhas que muitos universitários costumam organizar nos finais de semana. Poucos dias antes, em seu Facebook, ele escrevera um pensamento do poeta russo Vladimir Maiakóvski: «É preferível morrer de vodca do que de tédio!».

De acordo com dados levantados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, a cada 36 horas, no Brasil, um jovem morre em decorrência de complicações decorrentes do consumo exagerado de bebida alcoólica. A busca desenfreada de bebida, comida, sexo, honras, prazeres, títulos acadêmicos, dinheiro, demonstra exatamente o que é o ser humano: alguém que não encontra em si mesmo a felicidade e, não poucas vezes, a busca onde ela não existe. Feliz de quem descobre o seu caminho! Que não pode ser outro senão o que foi apresentado por Jesus: «Há mais felicidade em doar-se do que em receber!» (At 20,35).
Mas, quando se promovem – ou se aceitam passivamente – como estilo de vida, a ganância, a corrupção, a malandragem e a mais completa inversão de valores, não estamos promovendo um suicídio coletivo da humanidade?!

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo da Diocese de Dourados

(Artigo publicado na Revista Diocesana “O ELO” de Maio/2015)

É preferível morrer de vodka do que de tédio!

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