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O papa que eu (não) esperava…

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«Anuncio-vos uma alegria: temos papa! É o cardeal Jorge Mário Bergoglio, que escolheu para si o nome de Francisco».

Foi assim que, às 20,14 horas do dia 13 de março de 2013, o prelado francês Jean-Louis Tauran deu a notícia tão esperada à multidão de fiéis que se apinhavam na Praça São Pedro, em Roma.

Nascido a 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes italianos que se radicaram na Argentina, Jorge Mário Bergoglio é o primeiro latino-americano a ser eleito sucessor de Pedro.

Era mais de mil anos, ou seja, desde a morte do sírio São Gregório III, em 741, que esse serviço vinha sendo exercido pelos europeus. É ainda o primeiro jesuíta a governar a Igreja.

O último papa membro de Instituto religioso foi o beneditino Gregório XVI (1831/1846). Por fim, é também o primeiro a adotar o nome de Francisco.

A escolha do arcebispo de Buenos Aires para ser o 266º papa demonstra… que a Igreja é dirigida pelo Espírito Santo! Penso que poucos dos 115 cardeais que iniciaram o conclave no dia 12, imaginavam que o elegeriam para o sólio pontifício.

Havia nomes mais conhecidos e muito poderosos. Foi o que reconheceu o cardeal Odilo Scherer logo após o conclave: «As cotações prévias foram todas para o espaço. A Igreja não é só feita de cálculos humanos: há também a ação do Espírito Santo!».

Para mim, o fato não representa novidade. Nasci em abril de 1939, um mês depois da eleição de Pio XII. Cinco dos seis papas que lhe seguiram, foram surpresa para todos. A única exceção é Paulo VI: sua escolha, em 1963, era esperada há anos.

Os demais – João XXIII, em 1958; João Paulo I e João Paulo II, em 1978; Bento XVI, em 2005 e Francisco, em 2013 – eram nomes que praticamente ninguém se lembrava de apontar.

Nos últimos dias antes do conclave, a revista italiana “Città Nuova” fez esta pergunta a seus leitores: «Como você desejaria fosse o novo papa?».

Ao saber da eleição do cardeal Bergoglio, tive certeza que Deus ouviu os pedidos formulados: «Um papa simples, humilde e próximo do povo, que ajude a Igreja a se despojar de formas, tradições e ritos supérfluos».

«A Igreja sente necessidade de um papa que chegue de outra parte do mundo: das favelas brasileiras, da fome africana ou do extremo oriente.

Numa palavra, um papa que tenha crescido em contato com a dor de cada dia». «Eu quisera uma Igreja que caminhe desarmada pelas estradas do mundo, anunciando a todos a boa nova com a alegria que caracteriza a quem participa do Reino de Deus».

«Um papa que transforme a Cúria Romana numa família». «Um papa sóbrio, que evite toda mania de grandeza, inclusive na liturgia; que ajude os cardeais, bispos, sacerdotes e leigos a fazer da Igreja uma casa e escola de comunhão».

Penso que seja justamente essa a mensagem que Deus quis oferecer à Igreja e ao mundo com a eleição de Francisco. Um papa solidário com os necessitados e excluídos; um papa que enfrenta desprezos e perseguições quando os valores que alicerçam a sociedade estão ameaçados; um papa que luta por uma Igreja – como escreveu outro leitor de “Città Nuova” – «que não se esconde atrás do sagrado pelo medo de enfrentar o profano, ou seja, o diálogo com o mundo, sobretudo com quem diverge de suas ideias e opções».

Para os antigos latinos, “nomen est omen”: “o nome é mensagem”. Não terá sido tudo isso que Jorge Mário Bergoglio quis revelar ao escolher o nome com que passa a ser conhecido? São inúmeros os “Franciscos” que atuaram pela renovação da Igreja. Sendo jesuíta, talvez tenha pensando em seu confrade Francisco Xavier, padroeiro das missões.

Mas, dada a experiência de vida que sempre demonstrou, nada impede que se pense também em Francisco de Assis, a quem Deus confiou uma missão que atravessa os séculos: «Vá e reconstrua a minha Igreja!».

De fato, entre os vários cardeais que visitaram Assis nos dias que precederam o conclave, estava Dom Geraldo Majella Agnelo, que assim comentou o resultado da eleição: «Fui rezar para que o papa pudesse ser um novo São Francisco. Ele é um homem que tem testemunho de vida. E isso faz a diferença!».

Magistral, portanto, é a conclusão do último leitor citado por “Città Nuova”: «Para merecer o papa que eu quisera ter, devo antes ser o cristão que Deus quer. À medida que me renovo e vivo o Evangelho, estarei colaborando para que tenhamos o papa que Deus quer e que a Igreja precisa».

O papa que eu (não) esperava...

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