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Os mistérios do manto sagrado

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Os mistérios do manto sagrado

Foi este o título que Augusto Pasquoto deu ao seu volume sobre “a Virgem Morena de Guadalupe”. Depois de narrar os fatos acontecidos no início de dezembro de 1531, na atual cidade do México, quando a Virgem Maria apareceu por várias vezes ao índio Juan Diego (canonizado por João Paulo II no dia 31 de julho de 2002), o autor enumera alguns enigmas apresentados pela figura gravada na “tilma” (uma espécie de poncho) usada pelo vidente e que até hoje não foram desvendados.

O primeiro deles é o material usado na confecção do manto do indígena. Trata-se de um tecido feito com fibras de agave, com uma duração prevista de, no máximo, 50 anos. Embora já tenham passado quase 500 anos, seu estado de conservação supera toda expectativa. Suas cores permanecem nítidas e luminosas, apesar de terem sofrido, durante vários séculos, todo tipo de condições adversas, como a fumaça das velas, os toques dos fiéis, a poeira da atmosfera e dos terremotos e, no dia 14 de dezembro de 1921, um atentado (com dinamite), que danificou grande parte da catedral, mas deixou intacta a imagem.

Mas esta é apenas uma das surpresas, não certamente a maior. A grande novidade é que a imagem de Nossa Senhora, que foi se desenhando à medida que Juan Diego abria a tilma para mostrar ao bispo Juan de Zumárraga as rosas que colhera na colina (o sinal que Maria dava ao prelado para que acreditasse na aparição)… não é pintura! Os cientistas que examinaram o tecido durante anos a fio, não descobriram nele nenhum vestígio de tinta e de pincel.

Richard Kuhn, por duas vezes Prêmio Nobel de Química (1938 e 1949), depois de estudá-lo detalhadamente, afirmou: «Em suas fibras não descobri corante de espécie alguma: nem vegetal, nem animal, nem mineral». Ninguém, até hoje, encontrou uma resposta plausível para a origem das cores ou a forma como uma imagem tão artística foi desenhada sobre uma superfície rústica, como é o agave. Foi o que reconheceram, em maio de 1979, os cientistas Jody Brand Smith e Phillip Callahan, após um extenuante trabalho de dois anos: «Não existe explicação possível para a imagem impressa na tilma quando examinada com raios infravermelhos».

As maiores maravilhas, porém, foram detectadas nos olhos de Nossa Senhora. As descobertas tiveram início em 1929, quando o fotógrafo Alfonso Marcué vislumbrou um homem de barba nas pupilas da Virgem Maria. Devido à perseguição religiosa que então atingia o México, o achado ficou em silêncio até o ano de 1951. A redescoberta se deve a José Carlos Salinas Chaves, que assim a descreveu: «Às 20,45 horas do dia 29 de maio de 1951, vi pela primeira vez a cabeça de Juan Diego refletida na pupila dos olhos da Santíssima Virgem de Guadalupe». Em 1957, o cirurgião oculista Rafael Torija Lavoignet chegou à mesma conclusão: «Para mim, não existe possibilidade de dúvida científica a respeito do fato. As imagens estão ali e eu não me sinto de explicar como elas se formaram nos olhos da Senhora».

Com o passar dos anos, os métodos de investigação foram aperfeiçoados. Em 1976, já eram mais de vinte os estudiosos que haviam examinado os olhos da Virgem Maria, neles encontrando um total de 13 pessoas – entre elas, o bispo Juan de Zumárraga, o vidente Juan Diego e uma escrava africana. A prova definitiva foi dada por José Aste Tonsmann, graças a experiências feitas no computador. Depois de 20 anos de estudo e ampliando 2500 vezes as pupilas dos olhos, ele escreveu em 2004: «As descobertas que fiz nos olhos da Virgem de Guadalupe mexeram comigo. Estou convencido de que existe algo no “outro lado”…».

“Existe algo no outro lado”: ou seja, uma mãe que guarda em suas pupilas não apenas as 13 figuras descobertas pelos cientistas, mas cada uma das oito bilhões de pessoas que formam hoje a humanidade. Como nas bodas de Caná, ela continua de vistas, braços e coração abertos às necessidades de seus filhos. Uma mãe que, acolhendo nos olhos uma escrava negra e mesclando as feições indígenas com as europeias, nos lembra que «não há mais diferença entre judeu e grego, entre escravo e livre, entre homem e mulher, mas somos todos um só em Cristo Jesus» (Gl 3,28).

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados

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