Ouça a Rádio Coração Ao Vivo

A alegria do Evangelho

- Publicidade -

A alegria do Evangelho

Era já esperada a Exortação Apostólica do Papa Francisco, intitulada “A alegria do Evangelho”. É sabido que o Papa, eleito personalidade do ano, tem despertado a atenção do mundo para este momento histórico da Igreja e da humanidade.

Sua abordagem é simples e muitos tentam vê-la sempre a partir de questões controvérsias, coisas que o Papa não se deu ao “luxo” de fazer. Depois de ler na íntegra o Documento Papal arrisco alguns comentários.

Uma consideração inicial para olhar melhor Francisco é saber que ele não se elegeu, mas foi eleito, isto é, no coração da Igreja já havia um anseio por uma inculturação da mesma no seio da humanidade, foi desta percepção dos cardeais que surgiu o novo Papa, que nesta Exortação afirma e confirma a fé e a moral cristã, e quando sugere adequá-las, o faz por entender que devam ser tratados em outros foros e outras instâncias, porém em nada propõe mudá-las.

Na minha “pobre” percepção, o Documento é uma síntese de tudo que ele tem falado nos seus discursos desde que foi eleito no conclave, tendo o Evangelho como ponto central: “é a alegria que deve acompanhar aqueles que pela Palavra de Jesus pautam suas vidas e vivem a missão de anunciá-lo”. O Pontífice é conhecido pelo trato otimista das realidades, mas nesta Exortação não nega os pontos negativos, inclusive do papado, que ele propõe descentralizar para que aconteça o mesmo com toda Igreja. É esclarecedor, o que disse o Pe. Vitor Feller: “o Papa não poupa os bispos e os sacerdotes na sua eclesiologia”, aos quais adverte sobre a luta pelo poder em detrimento da formação de comunidades evangelizadoras e missionárias, critica o carreirismo e a busca de cargos e chega a perguntar: como pensam evangelizar se não se amam verdadeiramente? Se vivem a partir do mundanismo? Para ele a Igreja precisa da alegria e da “frescura” original do Evangelho, atualizando formas e métodos de comunicá-lo, para tanto, insiste na necessidade de conversão pessoal e pastoral, porque nenhum método funcionará sem a conversão do discípulo, consiste aqui a proposta de reforma, até chegar à estrutura maior da colegialidade dos bispos, valorizando as conferências episcopais.

Há uma advertência veemente sobre os perigos mortais do pragmatismo que destrói a fé, do exagerado na liturgia, na doutrina e do prestígio da Igreja, do “clericalismo e o elitismo da hierarquia e dos sacerdotes, sinal evidente de uma preocupação narcísica com o poder e não com o anúncio da Boa Notícia”.

Aponta a mulher como alguém a ser mais valorizada dentro da Igreja, mesmo que não ocupe postos na hierarquia, porém, suas palavras mais duras se referem ao sistema econômico, a quem acusa de “injusto pela raiz”, pois mata porque prevalece a lei do mais forte. O dinheiro deve servir e não dominar, servir aos mais pobres, que não estão mais circunscritos aos que passam necessidades econômicas, mas também, às vítimas de todo tipo de violência.

O Documento Papal é simples, e acessível a todos, por isso, vale a pena desencadear nas paróquias um processo de estudo do mesmo, acredito que pode contribuir muito para que a comunidade dos fiéis, dos diversos segmentos paroquiais, descubram o que pensa o Papa, especialmente, no caso das paróquias, quando fala da relação dos carismas (movimentos) com a comunidade eclesial paroquial, que embora possa ter certa independência, nunca deve achar-se desconectada, mas caminhar juntos, o que requer amor e o acompanhamento dos pastores e dos fiéis.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados.

A alegria do Evangelho

Leia também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Fale com a Rádio Olá! Selecione um contato.