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A Igreja no mundo plural

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A Igreja no mundo plural

No passado era comum as pessoas se moldarem por valores cristãos, boa parte, por valores católicos. No mundo globalizado, existem muitos “valores”, crenças e interpretações. A Igreja é uma Instituição dentro deste contexto mais amplo.

Olhando a diversidade de pensamento e atitudes, muitos católicos ficam angustiados no momento de se posicionar diante dos fatos que lhes são apresentados, pessoalmente, já fui chamado a tomar posição quando a realidade exigiu. Agir como cidadão – cristão e católico, é algo, às vezes, difícil, mas necessário.

Todas as instituições têm seus princípios, são instituições exatamente porque os princípios as moldam, assim, a Igreja não pode se furtar ao dever de anunciar o projeto do Cristo ao mundo, mesmo que o mundo não o compreenda, ao contrário, o conteste.

Não cabe mais a nenhuma instituição se posicionar como paladino da verdade, por isso mesmo, não cabe também às instituições não religiosas estabelecerem, no século XXI, uma ditadura, que tem como alvo a fé cristã, sobretudo, a católica.

Nestes dias, no Congresso Nacional estamos vendo uma perigosa luta pelo poder, de um lado os desejosos de levaram ao extremo a concepção laicista do Estado, do outro, uma ala religiosa que tenta se posicionar sobre a visão do que seriam os direitos humanos. O difícil não é saber quem tem razão, mas usar a razão, para, através do bom senso, estabelecer parâmetros civilizados, onde os direitos de uns não firam a liberdade de outros.

A Igreja Católica não foge ao debate, e não abre mão de discutir princípios, uma vez que o mundo ocidental foi forjado na doutrina cristã, e se há liberdade e instituição que a defenda na contemporaneidade, não é possível negar que ela encontrou no cristianismo sua principal base de sustentação, agora, acusar os cristãos de serem pessoas desqualificadas, e a Bíblia de preconceituosa, é demais. Aceitamos as diferenças, mas não somos obrigados a concordar com tudo.

Recentemente o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, enfrentou a intolerância de um grupo que exigiu democracia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC. Acontece que o Arcebispo é o Grão-Chanceler da mesma Universidade, cargo que lhe confere a responsabilidade de zelar pela mesma, inclusive escolhendo, para dirigi-la pessoas que não sejam contrárias à fé católica, por isso, sendo uma Instituição ligada a Igreja deve defender os princípios acadêmicos sim, mas não pode esquecer os princípios católicos. Ao escolher, da lista tríplice, aquela que mais se aproximava dos ideais católicos, o Cardeal, imediatamente, foi tachado de ditador por pequeno grupo de “democratas intolerantes”, que exigiam direitos, mas são incapazes de praticá-los.

A Igreja para dialogar não pode perder sua identidade, se a perder deixará de existir, é necessário, portanto, que aqueles que se intitulam modernos, defensores da liberdade, deem liberdade às pessoas e as instituições para se expressarem a partir de sua história e de suas crenças.

Gostaria de ver esses “corajosos” defensores do laicismo, acusar algumas religiões, como fazem com os cristãos, desejaria vê-los esbravejar contra o islamismo e dizer que o Alcorão é preconceituoso, queimá-lo, e que os muçulmanos são desqualificados.

O pluralismo é um bem, quando todos sabem respeitar o diferente, mas pode ser muito ameaçador à liberdade, quando alguns tentam, à força, fazer valer suas ideias sobre os direitos dos outros. Neste caso, é sempre bom recordar que a liberdade religiosa é garantida pela Constituição Federal.

Pe. Crispim GuimarãesPároco da Catedral de Dourados

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