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“A política é a melhor forma de fazer caridade”

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16/09/2016 07h46

“A política é a melhor forma de fazer caridade”

Por : Pe. Crispim Guimarães

Eis a frase do Papa Francisco ao falar da ausência dos cristãos na vida política. De fato, a política definida pelos gregos como arte de bem comum, devia ser a maneira como se administra o bem de todos para todos, de modo mais igualitário possível.

Neste pleito de 2016, novas regras foram estabelecidas, o que levou a muitos convencionarem como uma mine-reforma eleitoral, tendo como finalidade a moralização do sistema. O problema é que há uma grande antipatia pela política, onde todos são olhados como corruptos, como parte do aparelho público que apodreceu no Brasil. Os candidatos são vistos como defensores de causas próprias, sem interesses pelo povo. É uma desconfiança prejudicial a todos.

Um fato triste demonstra esta premissa; na eleição de 2008, a Diocese de Dourados promoveu um debate com os candidatos (Dourados) daquele ano, no Salão Paroquial da Catedral. Foi pedido que as pessoas, a partir de suas paróquias, enviassem perguntas que seriam dirigidas aos pretendentes à prefeitura; surpreendentemente chegaram aproximadamente 200 perguntas. Além disso, mais de duas centenas de pessoas se fizeram presentes no recinto, no dia do debate.

Claro que as mudanças na legislação influenciam as eleições 2016, menos dinheiro de empresas, menos tempo nos meios de comunicação, período mais curto de propaganda, etc., mas a mudança mais significativa ocorreu do lado dos eleitores. Acredito que se o voto não fosse obrigatório, mais de 50% da população não iria às urnas em dois de outubro. Umas das razões para tal crença veio da proposta feita pelas Igrejas Evangélicas e Católica para um diálogo com os candidatos à prefeitura de Dourados, hoje, dia 16 de setembro, às 19h30 na Câmara de Vereadores.
Duas semanas atrás o Presidente do Conselho de Pastores, Eugenio Lins, propôs que fizéssemos, evangélicos e católicos, um momento com os concorrentes para ouvir suas propostas de governo. Seria duas horas de conversa, fruto das questões enviadas pelos cristãos. Desta vez a surpresa foi inversa, até dia 14 deste mês, nenhuma pergunta foi enviada, o que nos faz crer o desinteresse gritante dos eleitores pelo pleito do ano corrente.

Duas questões surgem a partir desta triste realidade: uma é que os políticos estão fragorosamente rejeitados pela população, outra é que a população está negligenciando o processo democrático. Não se interessar pelo processo eleitoral, só agrava a transformação almejada. Se a democracia exige a participação popular, não há pior maneira de se manifestar, do que se eximir do “confronto” de ideias, dos questionamentos de interesses comuns.

Talvez não sejam os candidatos neste imenso país, aqueles que melhor representam a renovação desejada, mas não se engajar nas discussões de ideias, só atrasa as mudanças. Não participar pode significar, que assim, como os políticos, que às vezes, são acusados de só pensar nos próprios interesses, também a população pensa pequeno, pois não pensa no outro, no todo.
Se a caridade é o cerne da vida cristã, não participar do processo político é negligenciar a própria religião.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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